sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Meu presente de Natal


Estou longe da cozinha, mas isso não quer dizer que não possa me inspirar, não é? Meu presente de Natal para mim mesma chegou hoje: três DVDs do programa que a musa JC apresentou nos anos 1960/1970. Bon appetit!

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Saudades da cozinha

Minha cozinha real está quase tão abandonada quanto esta aqui - quase porque sim, há uma pessoa cozinhando nela, mas não sou eu. Como Marcel é chegado num colinho e eu quero dar todo o colo e atenção do mundo a ele, fui obrigada a contratar uma ajudante para cuidar da casa e da comida, o que tem me colocado na difícil situação de ver alguém mexendo nas minhas panelas, executando minhas receitas e eu, morrendo de ciúmes por dentro... (enlouquecendo, eu? imagina)

De maneira que temos comido bem, obrigada, mas sem novidades dignas de blog - o que tem me dado outro sentimento estranho, o de saudades daqui, de escrever, fotografar e planejar os pratos, de comprar ingredientes, enfim... muita saudade (a maternidade mexe mesmo com a pessoa). Mas gostaria de assegurar aos eventuais e fiéis leitores que o blog não foi abandonado, e que pretendo voltar com força total assim que o pequeno crescer um pouco mais. Papinhas gourmet, me aguardem!

Se não dá para cozinhar com o rebento no colo, pelo menos dá para comer (e viva o sling!)

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Viva os congelados, ou a vida com um bebê

Este não chega a ser um post, já que não há receitas nem pratos novos - meu fogão não me reconhece mais desde a chegada do bebê(*) - mas apenas uma observação, a meu ver, curiosa. Interessante como justo no momento em que você precisa se alimentar melhor isso parece uma tarefa impossível - afinal, amamentar um recém-nascido é um trabalho de responsa e em tempo integral, e comer bem termina ficando atrás de dormir e tomar banho nos poucos minutos livres com uma frequência assustadora. Outra coisa: amamentar dá uma fome do cão, mas cadê a comida? Cadê a disposição para fazer alguma coisa saudável? A tentação de recorrer a uma comida pronta (industrializada) para repor as energias é grande. Fazer o que?

Descobri que existe uma razão de ser para o marasmo das últimas semanas de gravidez (além, é claro, de poupar energias para o furacãozinho que virá a seguir), quando não se pode mais dirigir, o peso da barriga não permite mais ficar andando por aí e todas as coisas do bebê já estão arrumadas. Cozinhe! Faça muitos pratos saudáveis e ricos em energia que podem ser congelados e torne-se a melhor amiga do seu freezer e microondas, pois eles serão sua salvação nas semanas pós nascimento.

Eu fiz e congelei muita lasanha, sopa de lentilha, sopa de tomate, frango a parmegiana, massa com couve-flor e queijo, feijão. Já estamos chegando ao final do estoque. Gostaria de ter feito uns biscoitos e coisas para lanche, mas não me preparei o suficiente. Ah, além disso, vale também contar com a ajuda de amigos e familiares para fazer as compras, trazer umas quentinhas e preparar um lanche gostoso. Ter sempre um bolinho caseiro e frutas cortadas à mão ajuda a resistir à tentação das comidas prontas.

(*)Para aqueles que pediram notícias, Marcel nasceu no dia 14 de setembro, muito saudável e pequenino como a mãe. Está mamando tanto que daqui a pouco não será mais tão pequeno!

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Risoto de limão siciliano

Risoto, para mim, sempre foi uma comida reconfortante, quente, rica, macia, daquelas que caem como um abraço apertado numa noite fria. Qual não foi minha surpresa ao experimentar uma receita de risoto à base de limão siciliano! Igualmente delicioso, embora completamente diferente, este risoto é leve, suave, refrescante, marcante devido à acidez do limão. Perfeito para um almoço de verão acompanhando um peixinho à meunière (do jeito que aprendi com Julia Child).

Risoto de limão siciliano (receita adaptada de várias fontes, entre elas a receita da Faby do Rainhas do Lar

- Uma xícara de arroz arbóreo ou carnaroli
- Um litro de caldo de galinha (de preferência caseiro)
- Meia cebola ralada ou picada bem picadinha
- Uma xícara de vinho branco seco
- Meia xícara de suco de limão siciliano (aprox. três limões grandes)
- Raspas destes mesmos limões
- Parmesão e manteiga à gosto

O preparo é como o de praticamente todo risoto: comece suando a cebola em um pouco de manteiga e/ou azeite de oliva até ficar transparente, depois junte o arroz e deixe tostar um pouquinho. Junte o vinho branco e, quando este tiver evaporado por completo, junte o suco do limão. Esta é uma boa hora para temperar com sal e pimenta do reino. Depois vá acrescentando o caldo aos poucos e mexendo sempre, até o arroz ficar cozido e cremoso, o que pode levar uns trinta a quarenta minutos.

Por fim, junte as raspas do limão (o melhor é provar o risoto e ver o quanto precisa, para não ficar muito forte já que o sabor do limão é bem marcante), parmesão ralado na hora e um pouco de manteiga bem fria cortada em cubinhos. Mexa delicadamente para incorporar tudo e derreter a manteiga e o queijo e sirva imediatamente.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

40 anos do Chez Panisse

Neste fim de semana o Chez Panisse, restaurante da divina Alice Waters, completou 40 anos com muitas celebrações. Pelo que li, houve desde jantares carésimos para levantar dinheiro para o projeto social Edible Schoolyard (que incentiva o plantio de hortas em escolas americanas e uma experiência mais próxima e saudável das crianças com a comida) até projeções dos filmes do cineasta francês Marcel Pagnol, cuja trilogia dos anos 1930 inspirou o nome do restaurante. Sou uma grande fã da história pessoal e profissional da Alice Waters, e em 2008 realizei o sonho de jantar no restaurante, uma experiência que jamais esquecerei (e que está registrada aqui). O chef confeiteiro e blogueiro David Lebovitz, que trabalhou lá, esteve presente para a celebração dos 40 anos e registrou tudo em lindas fotos e textos. Deve ter sido uma festa e tanto!

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Filé de porco recheado com espinafre e ricota, ou três vivas para Jacques Pepin

Sinto muita falta do canal de gastronomia que costumava acompanhar na televisão canadense, porque foi assistindo aos seus programas que aprendi boa parte do que eu sei fazer hoje na cozinha. Não sei porque os canais que têm programas culinários na TV brasileira insistem em repetir as mesmas celebridades e seus programas não são, na minha opinião, nem educativos nem criativos.

Felizmente, é possível ver muita coisa online e até descobrir joias raras, como o programa do Jacques Pepin - chef fofíssimo e amigo do peito de Julia Child - chamado Fast Food My Way e veiculado em 2004 após a publicação do livro de mesmo nome. Diversos episódios do programa e de sua continuação, More Fast Food My Way, estão disponíveis na íntegra no Youtube. Em quase todos os que vejo aprendo alguma coisa nova e/ou fico morrendo de vontade de fazer a receita, como foi com este filé de porco recheado.


No programa, Pepin ensina a técnica de abrir o filé de porco e dá as coordenadas do recheio, salteando folhas de espinafre fresco com um pouco de cebola e queijo ralado (mozzarela ou cheddar). Para o meu, usei um punhado de espinafre congelado e ricota defumada. De resto, segui suas instruções à risca, mas como não tinha tomatinhos cereja em casa não fiz o molho para acompanhar. Como ele mesmo diz, trata-se de um prato muito simples de fazer e que impressiona tanto no visual quanto no sabor, o que faz dele ideal para receber amigos.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Brunch de bebê


Faltando agora poucas semanas para o nascimento do bebê, convidei alguns amigos para comemorar com um brunch cujo cardápio foi todo planejado em torno das comidas que mais comi e/ou desejei durante a gravidez. Adoraria dizer que a ideia foi minha, mas na verdade li em algum lugar na internet que já não me recordo mais (eu pensava que essa história de grávidas que ficavam esquecidas e atrapalhadas era lenda, mas é a mais pura verdade).

Que sorte dos meus amigos que eu não desejei comer picles com sorvete, hein! Na verdade, eu mudei muito pouco do meu cardápio cotidiano, assim como mudei pouco dos meus hábitos de comprar e cozinhar. Não tive nenhuma ojeriza inexplicável a nenhum alimento que me impedisse de fazer o que sempre fiz, felizmente. Tive, sim, muita vontade de comer frutas, tomates e coisas geladas, especialmente sorvete. Juntei o tema da festa à ideia do cardápio e servi os seguintes pratos:


Palitinhos de frutas - uvas, mangas, morangos e melões cortados em pedacinhos e empilhados num palitinho de bambu. Comi muitas destas frutas nos últimos meses, especialmente os morangos que estavam na época e bem suculentos e saborosos. A concepção dos palitinhos foi do meu marido, que ajudou também na montagem. Meu sobrinho de doze anos resumiu bem: "é como uma salada de frutas numa mordida!". Era exatamente essa a ideia.


Salada cobb - incidentalmente, terminei comendo muitos abacates recentemente. Minha irmã me trouxe alguns da Chapada Diamantina que estavam ótimos, assim como os que comprei na barraca de orgânicos da Ceasa. Preparei esta salada cobb com vinagrete de bacon exatamente como na receita publicada no post anterior.


Mini quiches de aspargos com brie - Sim, eu sei que os aspargos não são produzidos localmente, não estão na época e são caríssimos, mas quem vai contrariar os desejos de uma grávida? Lembro-me de ter acordado no meio da noite pensando em comer aspargos, tamanha foi a vontade. Então chutei o balde e comprei aspargos peruanos, fora de época e caríssimos e, para falar a verdade, deliciosos. Receita da minha massa de quiche aqui.


Bruschettas de tomate - outro desejo muito forte foi o de comer tomates, de qualquer jeito, a qualquer hora, em molho para macarrão, em salada, no sanduíche. Mantive as coisas simples com esta bruschetta: apenas tomates cortados em cubinhos e temperados com bastante sal, pimenta do reino, manjericão, azeite de oliva honesto e umas gotas de vinagre de vinho tinto. O segredo está em deixar os tomates pegarem o gosto por algumas horas antes de colocar sobre o pão tostado e servir.

Além disso, fiz alguns pratos coringas que já apareceram por aqui antes: torta de palmito e biscottis de parmesão e pimenta. Além, é claro, de algumas coisas compradas prontas, porque ninguém é de ferro: pães, frios e geleias. De sobremesa, também fui tradicional: fiz um cheesecake com calda de morango e um pudim de café, apenas trocando o café comum pelo descafeinado. Uma das poucas coisas de que abri mão totalmente durante a gravidez, além das bebidas alcoólicas, é claro, foi a cafeina. Ainda bem que os cafés descafeinados estão cada vez melhores e sem processos ou aditivos químicos.


Para as lembrancinhas, fiz uma pequena brincadeira em homenagem àquele que inspirou o nome do meu filho: madeleines de [Marcel] Proust. A receita também já passou por aqui.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Salada cobb com vinagrete de bacon


Eu adoro a combinação de abacate, tomate e bacon que faz a base da famosa salada Cobb. Para dar uma amplificada no sabor, uso a gordura do próprio bacon no lugar do azeite de oliva para fazer o molho - é só separar a gordura que sai do bacon ao fritá-lo (se sair demais, descarte um pouco até ficar com aproximadamente 1/4 de xícara), juntar uma colher de sopa de vinagre (uso xerez), suco de meio limão, uma colher de chá de mostarda Dijon, sal e pimenta e mexer bastante até homogeneizar.

Depois monte a salada com folhas de alface, pedaços de tomate bem maduros, fatias de abacate (não maduros demais, senão ele desmancha), lascas de frango grelhado (pode ser a sobra daquele frangote assado que fica uma delícia), pedaços de queijo gorgonzola (opcional, pode ser outro queijo de sabor forte também) e o bacon crocante picado em pedaços, tempere com o vinagrete e aproveite!

Cafés gelados


Quem é adepto do tradicional cafezinho após as refeições vive um dilema toda vez que chega o verão baiano: como manter o hábito quando só a ideia de tomar algo quente neste calor já provoca ondas de suor? Pois saiba que não é preciso sofrer, muito menos abandonar a tradição. Basta trocar o expresso fumegante por um café gelado.

Para ler a matéria na íntegra, clique aqui.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Massa caseira








Nem sei dizer o quanto eu adoro fazer massa caseira. A simplicidade dos ingredientes, farinha e ovos combinados e sovados até virarem uma massa macia e maleável. O ritual de abrir a massa, espalhando farinha pela cozinha inteira, com a indispensável ajuda da pessoa amada. O cuidado materno com cada pedaço de massa translúcida de tão fina. E, por fim, o resultado final leve e ao mesmo tempo acolhedor. É um ato de amor. Um ritual que me invade de sentimentos de carinho e cuidado, os quais certamente pode-se sentir no prato final, e que espero praticar com a família que em breve irá aumentar.

Obs: A receita lasanha bolognesa tradicional com massa caseira já foi publicada neste blog (clique aqui para ver)

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Salgadinhos



Coxinha, empada, saltenha, quibe, boliviano... Eles podem não ser considerados integrantes da mais alta gastronomia, mas existem certos momentos – no meio da tarde, por exemplo – em que não há melhor pedida que um salgado, de preferência acompanhado por uma bebida bem gelada. Aliás, quando bem feita, até mesmo uma simples coxinha pode ser sublime. Duvida? A Muito foi atrás de alguns dos melhores lugares da cidade para saborear salgados.

Para ler a matéria na íntegra, clique aqui.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Molho de tomate com berinjela da Marcella Hazan


Recentemente adquiri o livro Fundamentos da Cozinha Italiana Clássica, de Marcella Hazan, e esta receita de molho de tomate com berinjelas foi a primeira que me saltou aos olhos, por vários motivos. Primeiro, porque adoro berinjelas, e não me canso de aprender novos meios de prepara-las. Segundo, porque já tinha provado um molho semelhante num restaurante de São Paulo que me deixou com saudades desde então. Terceiro, porque a receita é incrivelmente simples e deliciosa.


Molho de tomate com berinjelas
(*Receita adaptada do livro Fundamentos da Cozinha Italiana Clássica, de Marcella Hazan)

Rende quatro porções
500g de massa (usei penne)
500g de berinjela
Alguns dentes de alho
Uma lata de tomate pelado
Sal e pimenta à gosto

Muitas receitas com berinjela pedem que se salgue o legume durante uma boa meia hora para retirar o excesso de líquido e amargor - esta é a parte que dá mais trabalho da receita, mas vale a pena. No livro, Marcella descreve muito bem este processo: corte a berinjela em fatias de mais ou menos um centímetro de grossura, espalhe-as sobre papel toalha ou um escorredor e espalhe um pouco de sal sobre elas. Deixe por pelo menos meia hora. Depois, seque as fatias com papel toalha para retirar o líquido e o excesso de sal.

Agora vem a única alteração que fiz na receita: no livro, Hazan recomenda que se frite as fatias de berinjela submersas em azeite, mas eu preferi grelhar porque sei como elas tendem a absorver muita gordura. Usei apenas um pouco de azeite pincelado em cada fatia, e não acho que tenha afetado em sabor ou textura o resultado final. Depois de dourar as fatias na grelha, deixe esfriar e corte cada fatia em pedaços. Reserve. (*Esta etapa é a mesma para fazer berinjela parmegiana, e pode ser feita com bastante antecedência)


Depois, é só fazer um molho de tomate bem simples: dourar alguns dentes de alho picados no azeite, juntar uma lata de tomates pelados com o líquido (*acrescentei também um tomate fresco cortado em pedaços), acrescentar sal e pimenta (pode-se usar pimenta calabresa) e deixar cozinhar por vinte minutos. Por fim, junte os pedaços de berinjela e mexa durante uns dois a três minutos. Sirva com a massa de sua preferência e bastante parmesão ralado.

O resultado final é exatamente o que eu esperava: o sabor da berinjela fica extremamente sutil e dá uma consistência boa ao molho, substituindo perfeitamente qualquer carne. Mal posso esperar para testar outras receitas do livro, que compila em português receitas de dois outros volumes de Marcella Hazan lançados na década de 70.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Chocolate quente


Quem vive nos trópicos precisa agarrar com unhas e dentes as brevíssimas oportunidades que aparecem de tomar bebidas quentes - no meu caso, que estou evitando café, o desejo da vez foi o chocolate quente. Nada melhor para estes dias chuvosos e preguiçosos, nos quais tudo o que se deseja é uma poltrona bem confortável, um livro ou filme na tevê e, para os que apreciam, a companhia silenciosa de um felino admirando a janela. Se a vontade for muita, dá até para calçar uma meia.

Para este chocolate quente não segui nenhuma receita, apenas esquentei duas xícaras (para duas pessoas) de leite integral com quatro ou cinco colheres de café de chocolate em pó (o dos frades, ou qualquer outro com pouco ou nenhum açúcar), batendo bem com um fouet até dissolver e quase levantar fervura.


Para engrossar um pouco o líquido e - porque não - aumentar o volume do chocolate, juntei 50g de chocolate meio amargo picado, mexendo até derreter. Há quem precisará de um pouco de açúcar, mas eu gostei do jeito que ficou. Pena que não sobrou nenhuma madeleine da última fornada...

terça-feira, 24 de maio de 2011

Molhos para salada



Azeite, vinagre, mel, sal e pimenta. Ingredientes tão mundanos que raramente pensamos neles como especiais. No entanto, eles são tudo o que você precisa para transformar aquela salada básica do dia-a-dia no centro das atenções. O vinagrete, molho para salada mais importante da culinária moderna, mostra que, na cozinha, muitas vezes o resultado é maior que a simples soma das partes.

Para ler a matéria na íntegra, clique aqui.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Quando tudo der errado, não peça desculpas

Histórias de fracasso na cozinha não costumam render bons posts com fotos lindas, mas nem por isso devem ser privadas de existência. Afinal, os fracassos costumam nos ensinar muitas coisas, na cozinha e fora dela. Aconteceu comigo numa receita que vinha maquinando há dias, de um prato indiano de frango cozido com especiarias e um molho cremoso à base de tomate e manteiga clarificada (butter chicken), muito popular nos restaurantes indianos do ocidente.

Não temos restaurantes de comida indiana em Salvador, portanto me surpreendi com o fato de ter achado todos os ingredientes no mercado, até especiarias como o garam masala e sementes de cardamomo (caríssimas, por sinal). Interpretei isso como um sinal a meu favor. A única coisa relativamente complicada foi o iogurte grosso pedido pela receita, mas dei um jeito. Comprei um coador de café e coloquei um pote de iogurte natural dentro. Coloquei então o coador suspenso sobre um copo dentro da geladeira. No dia seguinte, o líquido estava todo no copo e o iogurte dentro do coador estava na textura certa. Mais um bom sinal.

No dia programado, segui o passo a passo da receita ao pé da letra, com uma obediência exemplar. Comecei então a perceber que a receita não era muito precisa, especialmente no momento do cozimento. A minha grande dificuldade com culinárias exóticas (para mim) está no fato de eu não poder confiar nos meus instintos, não poder corrigir a receita ali, na hora. Logo vi que não ia dar certo, mas não sabia o que fazer. O molho não estava numa consistência boa e em nada lembrava a linda foto do livro, muito menos o sabor da minha memória.

Continuei, resignada, a esta altura já certa do fracasso. Comemos - ou melhor, o marido o fez com muita educação, porque eu não consegui. Mas também não fiquei triste. Uma das muitas coisas que aprendi com os livros e vídeos de Julia Child é que, na cozinha, não se deve pedir desculpas jamais. Errar é muito normal, até os melhores chefs erram eventualmente. Mas pedir desculpas só chama atenção para o erro, e isso não ajuda em nada. O importante é seguir adiante, jogar tudo fora e começar de novo.

Em tempo: a receita veio de um livro sobre comida indiana com fotografias belíssimas, mas agora desconfio seriamente se não se trata de um daqueles livros mais válidos pelo aspecto decorativo do que pelas receitas. Não tenho mais interesse em testar outra receita dele, mas certamente procurarei em outras fontes.

terça-feira, 3 de maio de 2011

Salada com croutons de queijo grelhado


Sem que eu percebesse, surgiu mais uma postagem na qual estrela um queijo local. Veio parar aqui em casa um pedaço de queijo vindo do interior do Estado, por aqui chamado de requeijão, embora seja consistente como um queijo de Minas e não como o cremoso comprado pronto. Pode ser comido in natura, mas fica excelente grelhado, pois não derrete tão fácil e tem um sabor leve e fresco.

Imediatamente me lembrei de uma salada que leva um queijo grego (halloumi) grelhado. O sabor é bem diferente (o halloumi é feito de leite de cabra e ovelha, bem mais salgado), mas a textura haveria de funcionar. Grelhei os pedacinhos de requeijão na frigideira sem nenhum óleo, até ficarem dourados. Depois foi só misturar com uma saladinha de folhas verdes, tomate, milho e azeitonas picadas. O queijo fez as vezes de proteína e croutons ao mesmo tempo, ficou excelente.

terça-feira, 26 de abril de 2011

Tortinha de tomate com queijo de cabra daqui


Sou a primeira a admitir que às vezes me deixo abater por uma nostalgia muito grande das coisas do Canadá (afinal, foi lá que eu descobri de fato a comida, por isso a ligação afetiva é e sempre será muito forte). Sinto falta dos ingredientes de primeira qualidade, da fazenda orgânica a que tinha acesso, da feirinha 24h do lado de casa, dos restaurantes ótimos e baratos, etc.

Também admito que não é nada legal ficar reclamando e chorando por águas passadas. Assim a gente corre sério risco de não perceber as coisas boas que estão bem debaixo dos nossos narizes. Como um pedaço de queijo de cabra produzido aqui mesmo, na Bahia, que encontrei outro dia na Ceasa do Rio Vermelho. Não é o queijo de cabra que conheci em Montreal, de sabor muito forte e consistência macia. Este parece mais um queijo frescal, tem sabor sutil, embora marcante, e derrete que é uma maravilha.

Usei este queijo para coroar umas tortinhas de tomate que ficam muito bem como entrada ou jantar leve, acompanhadas por uma saladinha verde. Peguei um pedaço de massa folhada congelada, cortei uma rodela que regulasse mais ou menos com o tamanho do meu tomate, e pré-assei por alguns minutinhos (só o suficiente para começar a dourar).

Depois pincelei a massa com um tantinho de nada de mostarda Dijon, coloquei a fatia de tomate (temperado com sal e pimenta do reino) e o pedaço de queijo de cabra por cima. De volta ao forno por mais alguns minutinhos para terminar de assar, amolecer o tomate e derreter o queijo. Servi com um fio de vinagre balsâmico reduzido (receita aqui).

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Cozinhando com vinhos



Além do seu lugar cativo na mesa, o vinho também tem um importante papel na cozinha. Versátil, ele pode ser utilizado da entrada à sobremesa, seja para marinar carnes, encorpar molhos ou dar aquele toque especial ao risoto.

Para ler a matéria na íntegra, clique aqui.

terça-feira, 19 de abril de 2011

Comida afetiva

Desde que comecei a cozinhar com frequência (desde o nascimento deste blog, na verdade), a comida tem se tornado um elemento cada vez mais presente e importante na minha vida. Sim, é bom ver o resultado de uma receita nova, é ótimo receber elogios por um prato bem executado e melhor ainda comer aquilo que se produz e o que se tem vontade sem depender de ninguém. Mas o que tem me dado cada vez mais satisfação é o lado afetivo (e menos egocentrado) da cozinha. Nada se compara ao ato de agregar pessoas em volta da mesa, oferecer carinho em forma de comida a quem se ama.

A comida serve tanto para agregar como também para comunicar coisas que talvez a gente nem soubesse dizer em palavras. Pensava nisso enquanto preparava o cardápio de um jantar familiar muito importante. Que prato fazer para contar à família que em breve teremos mais um integrante? Não existe receita para essas situações, claro. De repente, percebi que não se tratava mais de impressionar os convidados, nem de ter certeza de que sairia tudo certinho como o planejado. Na verdade importava muito pouco o que eu fizesse, pois o sentimento estaria ali, posto à mesa, de qualquer maneira.

Talvez eu esteja apenas ficando mais velha. Talvez sejam os famosos hormônios. Mas talvez essa mudança de percepção tenha me feito perceber que agora me sinto finalmente preparada para encarar uma fase de imensa doação, mas sem sacrifícios, de coração aberto. A comida me fez perceber isso. Não é à toa que a expressão popular diz que estamos com uma coisinha no forno, não é? É a mais pura verdade.


Ah, ficou curioso para saber o menu do famoso jantar? Fui de comfort food italiana: conchigliones recheados com ricota temperada, molho de tomate e bechamel, incrementados com uma ricota defumada maravilhosa que trouxe de São Paulo. Receitinha antiga mas que sempre agrada. Clique aqui para ver.

quarta-feira, 9 de março de 2011

Terreiro Bahia


Durante o feriado conseguimos escapar da loucura do Carnaval e dar um pulinho na Praia do Forte, onde descansamos e finalmente conhecemos o restaurante Terreiro Bahia, da chef Tereza Paim. Já conhecia a boa reputação do trabalho da chef, e sabia que ela tinha uma afinidade muito grande com o Beto Pimentel, chef do Paraíso Tropical, tanto na concepção criativa de pratos regionais da cozinha baiana quanto na preocupação com produtos locais e técnicas sustentáveis.

O restaurante estava lotado por conta do feriado, com muitos turistas curiosos, mas conseguimos nos sentar e apreciar a decoração que me fez logo sentir como se estivesse em casa - pratos que não combinavam, panelas de barro, muitos retratos de família nas paredes abertas e ventiladas, móveis antigos. Ainda tivemos a sorte de contar com a presença da própria Tereza que, sempre simpática, fazia o circuito das mesas conversando com os clientes.

E a comida estava maravilhosa. Provamos um prato do mar e outro da terra:


O peixe em crosta de limão estava levíssimo e refrescante, acompanhado por minilegumes (não sei se cozidos ou assados, mas tinham um aroma de tomilho fresco irresistível) arrumados no prato como uma pintura com um molho à base de mel e cajá.

A costelinha de porco desmanchava na boca, mas foi o molho de laranja e a abóbora assada com flor de sal e alecrim que me conquistaram.

Pena que não sobrou espaço para a sobremesa - coisa da qual me arrependi profundamente quando bati o olho nas outras mesas e vi uma variedade de doces lindos. Bem, vai ter que ficar para a próxima.

Terreiro Bahia
Endereço: Rua do Linguado, s/n, Praia do Forte
Telefone: (71) 3676-1754

sábado, 5 de março de 2011

Madeleines


Estava passando pelo shopping Barra outro dia quando me deparei com um livro fofíssimo de mini madeleines na vitrine da Saraiva. O livro é de autoria de Sandra Mahut e traz dezenas de receitas incríveis, doces e salgadas. Mas o que me conquistou mesmo foi o fato dele vir acompanhado de duas forminhas de silicone naquele formato inconfundível de concha. Uma fofura só!

Imediatamente me lembrei (*) das incríveis madeleines que comi junto com o cafezinho no Café Boulud, um dos restaurantes do chef Daniel Boulud em Nova Iorque. Não resisti ao impulso e comprei, e desde então tenho feito fornada atrás de fornada de madeleines. Tecnicamente falando, a madeleine é um bolo que comemos como se fosse um biscoito, devido ao seu tamanho e formato. Elas são tão pequenas, fofinhas e fáceis de fazer que é praticamente impossível resistir.

Já testei duas receitas, de chocolate e de baunilha com recheio de doce de leite. Reproduzo a seguir a base para a receita doce, enfatizando que é necessário ter a forminha apropriada para se fazer as madeleines.

Mini madeleines doces
(Receita reproduzida do livro Mini Madeleines, da editora Cook Lovers)


- 2 ovos
- 150g de açúcar
- 150g de farinha de trigo peneirada
- 1 colher de chá de fermento químico
- 125g de manteiga sem sal em temperatura ambiente
- 2 colheres de sopa de leite integral

(houve uma certa discrepância com relação ao rendimento: a receita diz que rende 28 mini madeleines, mas para mim rendeu bem mais - tive que fazer duas fornadas com as duas forminhas de vinte cada, ou seja, nada menos que 80 madeleines com a receita acima)

Bata os ovos com o açúcar até obter um creme bem pálido. Acrescente a farinha e o fermento aos poucos, e depois junte a manteiga e o leite.

Para fazer a madeleine de baunilha, acrescente uma a duas colheres de chá de essência. Para as de chocolate, junte 50g de chocolate amargo derretido (*eu dividi a massa e fiz metade de cada). Deixe descansar na geladeira por 30 minutos.

Depois, basta colocar uma colher de chá da massa nas forminhas e assar em forno pré-aquecido a 220 graus por cinco minutos. Depois, abaixe a temperatura para 180 graus e asse até ficar dourado (outra discrepância: a receita original diz que fica pronto em cinco a seis minutos, mas as minhas levaram cerca de vinte, portanto fique de olho). Desenforme em seguida e deixe esfriar antes de servir.


O pulo do gato: para fazer as madeleines recheadas de doce de leite, coloque metade da massa, uma colherzinha de café de doce de leite e complete com mais massa.

(*) Estou fazendo uma brincadeira - um tanto óbvia, porém irresistível - com o famoso episódio das madeleines de Proust, que no romance "Em Busca do Tempo Perdido" se sente invadido de memórias quando come uma madeleine servida por sua mãe. Proust, além de neurocientista (é daí que vem a teoria da memória involuntária), sabia muito bem que a comida é uma daquelas coisas capazes de disparar memórias afetivas, de evocar com precisão determinadas situações, sensações e sentimentos.

"Essas várias impressões que me proporcionaram bem-estar e que, entre elas, tinham em comum a faculdade de serem sentidas, ao mesmo tempo, no momento atual e num momento passado – o ruído da colher no prato, a desigualdade das lajes, o gosto do biscoito madeleine — até fazerem o passado permear o presente a ponto de me tornar hesitante, sem saber em qual dos dois me encontrava" - Proust, Em Busca do Tempo Perdido

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Bolo de fubá


Passei a semana inteira pensando em comer um pedaço de bolo de fubá no café da manhã - sabe aquela vontade sinestésica que faz a gente sentir o gostinho da comida desejada só de pensar? Pois bem.

Segui a receita do bolo de fubá mimoso da Katita (que, por sinal, está de endereço novo e lindo), trocando apenas o óleo por manteiga, porque era o que eu tinha em casa, e não me arrependi. O bolo fofinho, amarelinho, tinha o aroma e o sabor da minha imaginação. Perfeito para o café da manhã ou da tarde.

Bolo de fubá mimoso da Katita
(Receita original aqui)

- 1 xícara de leite integral
- 3 ovos
- 1 xícara de fubá de milho
- 1/2 xícara de óleo (*usei a mesma quantidade de manteiga sem sal derretida)
- 1 xícara de farinha de trigo
- 2 xícaras de açúcar (*misturei açúcar branco orgânico e demerara)
- 1 colher de sopa de fermento
- 1 colher de sopa de sementes de erva doce (*não usei)

Bata todos os ingredientes menos o fermento e a erva doce no liquidificador. Quando estiver homogênero, some a colher de sopa de fermento e bata mais um pouquinho. Se for usar a erva doce, incorpore com uma espátula à massa antes de colocá-la numa forma para bolo untada e açucarada. Leve ao forno médio pré-aquecido por 30 a 40 minutos.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Pão com abacate (orgânicos)


Demorou, mas finalmente achei uma boa fonte de produtos orgânicos aqui em Salvador. A pequena barraca (que tem o singelo nome de "Sítio da Vovó") fica em plena Ceasa do Rio Vermelho e, se é verdade que ela não consegue fazer concorrência com os produtos importados e cuidadosamente dispostos das barracas com maior infra-estrutura, ganha fácil fácil em matéria de simpatia e disponibilidade por parte dos donos, uma dupla de pai e filho que traz diariamente os produtos da fazenda que fica nos arredores de Salvador.

Como se trata de um negócio pequeno, familiar mesmo, nem sempre ele tem uma variedade enorme de coisas, mas eu já estava acostumada com isso quando participei da cesta orgânica lá em Montreal - faz parte do negócio, e se me perguntarem digo que é um preço pequeno a se pagar pelas coisas boas que você consegue. Esta semana, por exemplo, enchi minha sacola com tomates-cereja recém colhidos e dois abacates lindos de morrer.

Já faz tempo que estava com vontade de comer alguma coisa com abacate, então foi só esperar alguns dias para que eles estivessem maduros e fazer essa saladinha simples para comer com pão. Grelhei os abacates e os cortei em pedaços, juntei os tomatinhos partidos ao meio, meia cebola roxa fatiada no mandoline, muitas folhas de manjericão (também da fazenda) e umas colheres de milho. Temperei com suco de limão, sal, pimenta e muito azeite. Depois foi só equilibrar tudo em cima de fatias de pão torrado e nhac!

domingo, 9 de janeiro de 2011

Redução de vinagre balsâmico

Fazendo uma matéria sobre vinagretes e molhos para salada, me animei a tentar uma redução de vinagre balsâmico para acompanhar o jantar de ano novo: peito de pato e risoto de cogumelos selvagens.


O nome parece complicado mas a técnica é bem simples: a redução nada mais é do que um processo no qual líquidos (molhos, caldos etc.) são fervidos em temperatura média até reduzirem em volume e concentrarem em sabor.

No caso do balsâmico, tudo o que fiz foi derramar uma garrafa de vinagre balsâmico (não precisa ser do mais caro para fazer isso, ok, já que você vai terminar com um terço do líquido que começou) numa panelinha e deixar ferver até obter a consistência desejada, o que levou bem uns quarenta minutos. Há quem acrescente uma colher de açúcar no início do cozimento ou tempere com sal e pimenta, mas eu preferi não interferir no sabor original e gostei bastante do resultado.


E que resultado: um molho de textura aveludada, aparência de caramelo e sabor levemente adocicado (já que boa parte da acidez do vinagre foi evaporada), perfeito para finalizar saladas mas igualmente bom para servir com carnes. Foi bem fácil de fazer e, sinceramente, bem melhor do que comprar molhos industrializados (quem sabe o que eles usam para engrossar esses molhos...). Se sobrar, você pode guardar num potinho e conservar junto com seus vinagres e azeites.



PS: Um conselho de amiga, hein! Aconteça o que acontecer, nunca, jamais, em hipótese alguma coloque seu rosto diretamente em cima de uma panela cheia de vinagre balsâmico reduzindo. Caso contrário, você pode ser atingida diretamente nos olhos e narinas pela acidez evaporada do vinagre e, acreditem em mim, não é uma sensação agradável. Bem, pelo menos eu não vou precisar fazer um peeling químico tão cedo...