domingo, 29 de junho de 2008

Rapini ou brocoli rabe


Um dos pontos positivos da cesta orgânica, para mim, é a oportunidade de conhecer verduras diferentes que eu não encontraria ou compraria na feira. Na cesta não tem desculpa nem deixa-pra-lá, a verdura está lá e você tem que provar, aproveitar e cozinhá-la antes que estrague. Já na primeira cesta eu conheci duas figuras novas: a fleur d'ail (flor de alho, parece uma cebolinha verde mas é da família do alho) e o rapini ou brocoli rabe (foto), primo italiano do brocoli.

O rapini tem folhas espetudas e pequenos ramos que parecem mini-brocolis, e tudo é comível, do talo às folhas e flores, quando estas existem. Dei uma leve pesquisada na internet e cozinhei como cozinho brocoli na maioria das vezes: dei uma leve aferventada e depois passei no alho e óleo. As folhas murcham bastante, como as do espinafre, e por isso rendeu bem menos do que eu esperava. Mas para uma primeira vez, até que ficou bom, vai...

More news from the porch

Meu pé de coentro cresceu tanto que já criou seu próprio ecosistema :-)

sexta-feira, 27 de junho de 2008

Minha primeira cesta orgânica





Quinta-feira, às quatro da tarde, eu tinha um encontro marcado com meus fazendeiros de família. Finalmente a primeira cesta orgânica da estação, a minha primeira cesta orgânica ever, estava no ponto de entrega para ser buscada. Eu já falei muito aqui sobre a minha descoberta da agricultura orgânica e sustentável, sobre a importância de escolher um alimento criado perto de onde você mora, sem agrotóxicos, da dignidade de comer a carne de um animal abatido humanamente. A cesta orgânica é, para os que podem ter acesso, um passo natural de quem embarca neste caminho.

Meus fazendeiros de família são um casal bem jovem, e estavam esperando a gente lá com um sorriso no rosto. Orgulhosos do que estavam entregando, eles foram me explicando o que tinha na cesta: um pé de alface roxo (lindo) e um saco com vários tipos de baby alfaces, um bok choy, um ramo de orégano e muitas cebolinhas, dois alhos-poró absolutamente gigantescos e uma cestinha de morangos deliciosos. Eu já estava satisfeitíssima com tudo aquilo, mas eles fizeram questão de explicar que ainda era o começo da colheita e por isso tinha pouca coisa, que no auge da estação a cesta (que ainda por cima é super estilosa) vinha abarrotada de coisas deliciosas.

Eu voltei do meu encontro feliz da vida...

Rosbife grelhado com molho de pimenta


A idéia para este rosbife veio da revista Gourmet de junho, que sugeria grelhar na churrasqueira um roast beef, peça de carne que geralmente é assada no forno durante horas. Com essa idéia na cabeça passamos no mercado Atwater, onde existem açougues orgânicos maravilhosos e açougueiros muito prestativos. Expliquei para a moça o que eu queria e ela sugeriu uma peça chamada Boston, que não entendi muito bem se era filé mas segui fielmente seu conselho e trouxe um pedação do Boston pra casa.

A receita da revista era para ser feita numa churrasqueira a carvão, pois a carne é coberta numa crosta de pimenta do reino e defumada por uma hora e meia. Como a nossa churrasqueira é à gás, simplificamos e fizemos apenas a crosta de pimenta do reino moída na hora. Enquanto a carne grelhava lentamente em fogo baixo, fiz um molho com grãos de pimenta verde, mais uma vez simplificando a receita da revista.

Peguei uma latinha de grãos de pimenta verde, escorri e coloquei numa panela com meia xícara de vinho branco. Reduzi até o líquido quase evaporar, coloquei meia xícara de caldo de carne e reduzi de novo. Depois coloquei umas duas colheres de manteiga, mexendo até ela derreter e se incorporar ao molho, temperei com sal e terminei com um pouco de creme de leite, que eu acho que até nem precisava pois já estava muito bom.

Quase uma hora depois, a carne estava no ponto - medium rare, do jeito que eu gosto. Deixamos a carne descansar um pouco e servimos com o molho, a couve-flor gratinada e os aspargos já mencionados. Jantamos em meio a hums e ohs dos nossos convidados. Devo confessar que já fizemos muitos stakes e picanhas na nossa churrasqueira, mas nenhum ficou tão bom quanto esse rosbife. Simplesmente estupendo - e eu cada dia gosto mais dessa revista...

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Aspargos enrolados com prosciutto


Os aspargos estão tão bonitos (e baratos) na feira que é praticamente impossível não levar um ou dois punhados para casa, especialmente sabendo que daqui a algumas semanas eles não estarão mais lá. Por isso temos comido muitos aspargos ultimamente - sem reclamar, é claro. Embora eu já tenha dito aqui que assá-los com parmesão é sem dúvida o melhor jeito de comê-los, este método de grelhá-los com prosciutto fica num respeitabilíssimo segundo lugar.

A receita foi adaptada da revista Gourmet de Junho, que enrolou os aspargos em pancetta mas eu substituí por prosciutto porque era o que eu tinha na geladeira. Eu sei que muita gente acha que cozinhar prosciutto é um crime, mas eu particularmente gosto, porque acho que o salgadinho se intensifica e ele fica bem crocante. Mas sinta-se livre para usar pancetta ou bacon normal mesmo, acho que deve ficar igualmente bom.


Pegue um punhado de aspargos e retire as pontas duras. Tempere-os com azeite, pimenta e pouquíssimo sal. Separe as fatias finas de prosciutto e enrole-as nos aspargos. Como os meus eram bem fininhos, eu usei uma fatia de prosciutto para três aspargos, e acho que ficou bem equilibrado. Depois pegue espetinhos de madeira e espete os aspargos na altura do prosciutto, colocando quantos "pacotinhos" de aspargos você puder em cada espeto. Dessa maneira, além de segurar o prosciutto no lugar, fica muito mais fácil de grelhar pois você só tem que manipular um ou dois espetinhos ao invés de vinte pacotinhos individuais de aspargos.

Pronto, depois é só grelhar os aspargos até que fiquem macios, os meus demoraram menos de seis minutos, três de cada lado. Servi com couve-flor gratinada e um rosbife feito na churrasqueira que ficou delicioso, mas depois eu conto sobre ele.

terça-feira, 24 de junho de 2008

Tudo orgânico

A blusa era uma gracinha e estava na promoção, mas o que me convenceu mesmo foi a etiqueta. "O algodão usado para fabricar esta roupa foi criado através de métodos certificados orgânicos. Comprar uma peça de roupa orgânica ajuda a proteger o meio ambiente, uma boa forma de combinar moda e consciência ecológica". Essa era a desculpa que eu precisava para comprar sem culpa (tisc)!

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Gelato de chocolate


Tenho uma confissão a fazer: eu não sabia a diferença entre gelato e sorvete comum(*) até estar na Itália. E mesmo assim quase voltei de lá sem saber - um pecado mortal, eu sei, eu sei... Foi o calor acachapante de Roma que me salvou. Só mesmo aquele sol inclemente refletindo naquele mármore branco para me fazer esquecer o orçamento de estudante e pagar o triplo do preço por um gelato numa área de caça-ao-turista. Foi como nascer de novo - em termos sorvetescos, pelo menos. Eu posso não lembrar mais qual fora o sabor escolhido, mas da cremosidade, da densidade daquele sorvete eu jamais esquecerei.

Daquele dia em diante, tomamos um, quiçá dois gelatti por dia todos os dias de nossa estada italiana, como que para recuperar o tempo perdido. Até hoje a palavra "gelato" num cartaz me enche de esperanças e me obriga a provar o produto de qualquer sorveteria, mesmo as mais suspeitas e menos autênticas. É verdade que gelato igual ao de Roma eu nunca mais provei, mas cheguei bem perto. Tendo em mãos uma máquina de fazer sorvete (e frozen yogurt e gelatos, diz a caixa!), obviamente que eu TINHA que ver se era possível fazer um gelato decente.

Minha primeira opção, claro, foi por chocolate. Fazendo as pesquisas costumeiras pelos blogs amigos, me deparei com alguém ainda mais obcecada com essa história de gelato do que eu. Ela não só já havia ponderado as mesmas questões, como já tinha tido o trabalho de testar três receitas diferentes, cada uma com seu comentário e notas. Me joguei na segunda receita, declarada vencedora do teste, mesmo percebendo que ela levava cacau em pó e eu desconfiava que isso não ia se traduzir muito bem em sorvete.

E meus instintos estavam certos. A receita funcionou, a textura do gelato ficou superba e todas as cobaias daqui de casa (incluindo sobrinha adolescente em visita) aprovaram e repetiram, mas eu podia sempre sentir a textura do pó do cacau lá no fundo. Mesmo levando em conta que o meu cacau em pó pode não ser uma maravilha, acho que até com um cacau-maravilha esse problema deve persistir, de modos que a próxima receita que eu testarei não será à base de cacau em pó mas sim de chocolate derretido. E tenho dito.

Gelato de chocolate
(Receita traduzida e ligeiramente adaptada do blog The Traveler's Lunchbox)

- aprox. 60 gramas (2 ounces) de chocolate meio-amargo
- 1 xícara e meia de leite integral
- 1 xícara de leite evaporado
- 3/4 de xícara mais 2 colheres de sopa de açúcar
- 1 xícara de cacau em pó
- 4 gemas
- uma pitada de sal
- uma colher de chá de canela em pó (adição minha)

Pique o chocolate em pedaços e reserve. Numa panela média, coloque o leite e o leite evaporado e metade do açúcar para esquentar. Retire do fogo antes de ferver. Passe o cacau em pó e a canela ppor uma peneira e adicione ao leite quente, junto com o chocolate picado, mexendo bem até incorporar tudo. Na batedeira ou com um batedor de arame, bata as gemas com o restante do açúcar até ficar pálido e engrossar. Com cuidado, coloque a mistura de leite e chocolate aos poucos e continue mexendo. Volte tudo para a panela e cozinhe em fogo moderado até engrossar e atingir o famoso ponto da colher (quando o líquido cobrir a colher sem escorrer). Passe essa calda por uma peneira numa vasilha e leve à geladeira para esfriar, de preferência de um dia para o outro. Coloque na sorveteira seguindo as instruções do fabricante e depois leve ao congelador para terminar de gelar.

*Se você também não sabe a diferença entre gelato e sorvete, não se preocupe: o debate ainda é bem aberto. Alguns dizem que o gelato é simplesmente um sorvete feito de ingredientes de melhor qualidade, outros dizem que ele tem mais gemas de ovo e menos creme de leite que o sorvete tradicional, mas a explicação mais aceita é que o gelato tem menos ar incorporado à mistura de sorvete, resultando num produto que, apesar de muitas vezes menos gordo, é mais denso e cremoso do que o sorvete comum. Por isso também ele é mais duro e difícil de servir do que o sorvete comum, e demora mais a derreter. Explicações à parte, depois que você prova um verdadeiro gelato você sabe a diferença, e é isso o que importa.

domingo, 22 de junho de 2008

Frango com molho de estragão


Essa receita foi criada especialmente para usar um pouco do estragão que cresce na minha varanda. Peguei dois peitos de frango, com pele e osso, e cortei em quatro pedaços. Temperei com sal e pimenta. Dourei os frangotes numa panela funda com azeite de oliva e manteiga e depois joguei meia xícara de caldo de galinha na panela. Cobri e deixei o frango cozinhar por completo, cerca de vinte minutos. Depois tirei os pedaços de frango da panela e deixei o caldo reduzir quase por completo. Joquei duas colheres de vinho branco, uma chalota picadinha e um punhado de estragão picado também. Deixei reduzir de novo e, quando estava com cara de molho, coloquei um fio de creme de leite. Fica muito bom, porém não exagere no estragão porque ele tem um sabor bem forte.

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Alcachofra recheada com gorgonzola


Desde que comi deliciosas alcachofras preparadas com muito carinho pelo maridoco da Fabrícia, fiquei me coçando para reproduzir aqui em casa, e experimentar as mil e uma possibilidades de saborear essa iguaria dos deuses. Eu me lembro de ter visto uma receita de alcachofra recheada com gorgonzola na televisão, mas como não sabia mais os detalhes segui minha própria intuição.

Detalhe do queijo derretido no coração da alcachofra

Peguei duas alcachofras grandes e cortei as bases e os topos com a ajuda de uma tesoura de cozinha. Esfreguei limão nas partes cortadas para evitar escurecimento (como se faz com um abacate), e coloquei num panelão de água fervente por 30 minutos, ou até as pétalas se soltarem facilmente.

Retirei da água, esperei esfriar um pouco e, com cuidado para não despedaçar tudo, abri as pétalas só o suficiente para expor o centro. Com uma colher de sobremesa, retirei a parte cabeluda que cobre o coração e coloquei uma mistura de queijo gorgonzola de boa qualidade com um pouco de creme de leite (o creme de leite só para afinar o queijo e ajudar no derretimento).

Coloquei num refratário e levei ao forno por mais vinte minutinhos, até o queijo estar bem derretido ali no meio. Para comer, é só tirar as pétalas e mergulhá-las no queijo derretido. Ficou delicioso, mas não se enganem: esta receita é mais sobre o gorgonzola do que sobre a alcachofra, que no caso vira apenas um veículo para saborear o queijo, mas um senhor veículo!

terça-feira, 17 de junho de 2008

Sorbet de manga

Acho que me converti. Antes eu não era muito chegada aos sorbets e sempre, sempre preferi sorvetes mais cremosos e, hum, ricos (para não dizer gordurosos), mas agora vejo quão genial é a simplicidade de um sorbet: fruta, açúcar ou outro adoçante natural, e água. Só. Isso.

Todo mundo que provou esse sorbet de manga me perguntou quais eram os ingredientes, e todos ficaram de queixo caído com tão simples e diminuta receita. O sabor da fruta não fica mascarado como aconteceu com o sorvete de amoras que eu fiz antes, pelo contrário: a fruta é o centro das atenções. A mistura não leva leite nem creme de leite nem nada gorduroso, e no entanto o sorbet é extremamente cremoso. Uma opção de sobremesa doce e refrescante, um ótimo jeito de aproveitar as frutas da estação e o melhor, você pode comer dois potes sem culpa.

Essa receita foi retirada do livro The Perfect Scoop, do David Lebovitz. O segredo, dizem as más línguas, está na adição de rum, pois o álcool ajuda na cremosidade do sorbet evitando que se formem cristais de gelo. Para essa receita eu usei duas mangas maduras, mas como não eram muito grandes completei com pedaços de manga congelada. Ficou delicioso.


Sorbet de manga
(Receita copiada do livro "The Perfect Scoop", de David Lebovitz)

- 1 quilo de mangas (fresca, se tiver madura, ou congelada)
- 2/3 de xícara (130g) de açúcar
- 2/3 de xícara (160ml) de água
- suco de meio limão (do verde)
- uma colher de chá de rum (ele recomendou o escuro, eu usei o claro)

Se estiver usando mangas frescas, descasque e corte a carne em pedaços. Coloque no liquidificador. Esprema os caroços para tirar o máximo do suco das mangas. Coloque o açúcar, água, suco de limão, rum e bata tudo até virar um suco. Deixe esfriar bastante na geladeira, de preferência de um dia para o outro, e coloque na sorveteira seguindo as instruções do fabricante. Depois coloque num recipiente e leve ao congelador para terminar de gelar. O sorvete pode ser guardado por até duas semanas, mas eu duvido que você consiga fazê-lo durar todo esse tempo.

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Pizza no churrasco


Montréal possui um mistério que assombra os amantes de comida: com tantos imigrantes italianos, porque é tão difícil achar uma boa pizzaria nessa cidade? Enquanto os foodies debatem a fundo a questão e apresentam mil e uma teorias (não acredita? veja aqui), eu vou mesmo é me aprimorando na idéia de fazer minha própria pizza usando massa(*) e molho(**) caseiros.

Como domingo é o dia oficial de pizza aqui em casa, e como anda fazendo um calorzão brabo ultimamente, resolvi inovar e fazer a pizza na churrasqueira. O resultado, meus amigos, abalou Paris em chamas. A massa cresce mais do que no forno e no entanto continua super leve e crocante. Os queijos derretem em questão de segundos sob o calor direto do grill. E ainda tem aquele sabor característico do churrasco (mesmo na churrasqueira a gás), ou seja, é perfeito. O método é bastante fácil também, basta tomar cuidado com algumas coisas.

Primeiro, prepare tudo de antemão. Abra os discos de massa não muito finos, e de preferência faça pizzas individuais porque isso facilita o manuseio. Corte os ingredientes e deixe tudo separadinho. Aqueça a churrasqueira e pincele o grill com um pouco de azeite para a massa não grudar.

Depois, coloque os discos de massa puros sobre o grill e deixe tostar por uns cinco minutos. Se a massa inflar por dentro, faça furinhos com uma faca ou garfo. Quando ela estiver já meio douradinha de um lado, retire com o auxílio de uma espátula e coloque numa tábua ou assadeira com o lado tostado PARA CIMA.

Agora você espalha o molho de tomate, o queijo e os ingredientes de sua preferência por cima do lado tostado. Só não exagere na quantidade de ingredientes senão pode ficar impossível de colocar a pizza de volta na churrasqueira. Volte as pizzas para o grill usando a espátula, feche a tampa e deixe terminar de cozinhar, uns cinco minutinhos ou menos. Fique de olho para não queimar.

Para as pizzas de ontem à noite usei mozarella, gorgonzola, tomates cereja, orégano e umas fatias de prosciutto que só chegaram por último, quando a pizza já estava pronta. O resultado da pizza grelhada foi tão satisfatório que já está ameaçando deixar a nossa pizza stone na caixa durante todo o verão.

*A receita da minha massa caseira está aqui, com a ressalva de que hoje em dia uso duas xícaras de farinha de trigo branca e duas de farinha integral.

**O molho que faço para pizza não podia ser mais simples. Douro uma cebola e três dentes de alho num fio de azeite, junto uma lata de tomates pelados e deixo cozinhar por uns dez minutos. Às vezes coloco manjericão fresco, outras vezes coloco orégano seco, ou os dois. Quem gosta de molho apimentado pode colocar também uns flocos de pimenta seca. Depois bato tudo no processador et voilà. Você pode fazer este molho em grande quantidade e congelar o excesso.

domingo, 15 de junho de 2008

Saint Sauveur









Saint Sauveur é uma estação de ski que fica numa montanha a apenas 40 minutos de Montréal. No verão a estação de ski vira grama e a vila mais parece uma cidade de praia, com bares, restaurantes e lojinhas em cada casinha. Fomos passar o dia lá e comemos muito bem. Tudo muito simples, mas com aquele clima caseiro e artesanal.

Sorvete de amoras


Outro dia estava passando pela feira e vi uma caixa de amoras absurdamente maduras e vistosas. Imediatamente a idéia de um sorvete me veio à cabeça, junto com a idéia "como eu vivi todo este tempo sem uma máquina de sorvete?". Realmente não sei.

Voltei para casa com as amoras e catei algumas receitas no food blog search. Após uma rápida combinação de idéias que me agradaram, fiz o sorvete que ficou com uma cor simplesmente esfuziante. O sabor também me agradou, embora tenha achado que o creme de leite preponderou um pouco demais sobre as delicadas amoras. Da próxima vez tentarei um sorbet.

Sorvete de amoras


- Uma caixa grande de amoras, aprox. 400g
- Duas gemas
- Uma xícara de creme de leite
- Uma xícara de leite integral
- 1/3 de xícara de açúcar
- Suco de meio limão (usei do amarelo)

Numa panela, coloque as amoras, o suco de limão e o açúcar para esquentar até as amoras derreterem num caldo cor de magenta. Dependendo da madureza das amoras, isso pode levar de cinco a vinte minutos. Eu ajudei a quebras as amoras com uma espátula. Prove e ajuste a quantidade de açúcar se julgar necessário. Quando a mistura estiver com consistência de suco, passe tudo por uma peneira para se livrar das sementinhas. Reserve.

Numa vasilha separada, bata as gemas. Numa outra panela, esquente o creme de leite e o leite até quase ferver. Com a ajuda de um batedor de arame, lentamente incorpore o líquido quente às gemas, mexendo freneticamente o batedor para não cozinhar as gemas. Volte toda a mistura para a panela e cozinhe em fogo baixo, mexendo constantemente, até a mistura engrossar e virar um creme. Para saber o ponto certo, retire a espátula do creme e faça uma linha com o dedo: se a mistura não pingar de um lado a outro da linha, está no ponto.

Incorpore o suco das amoras ao creme e coloque na geladeira para esfriar, de preferência de um dia para outro. Depois coloque na sorveteira e deixe ela fazer o resto do trabalho.

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Como comer menos carne

Seja por razões econômicas, éticas, de saúde, ecológicas, nutricionais ou kármicas, hoje em dia a idéia de comer menos carne é largamente aceita e divulgada, mas fazer isso não é tão fácil quanto parece. Quase todas as nossas refeições são organizadas em torno da carne, de modo que às vezes pode ser mais difícil cortar a quantidade de carne do cardápio do que eliminá-la de uma vez.

Esta semana o Mark Bittman, colunista do New York Times, dá algumas dicas práticas de como comer menos carne sem atrapalhar a vida das pessoas ao seu redor e sem mudar completamente seus hábitos alimentares. Como eu estou surfando essa onda ultimamente, achei as dicas muito interessantes. Segue um resumo do que ele diz:

1. Esqueça o mito da proteína. Se você comer carne, digamos, dia sim dia não, isso não vai te deixar com déficit de proteínas. Sem falar que alimentos variados, como legumes e ovos, também contém proteínas que nosso corpo precisa.

2. Compre menos carne. Segundo regulações americanas, uma porção de carne equivale a 120 gramas (4 ounces), mas nós tendemos a comer o dobro disso facilmente. Os norte-americanos comem uma média de meio quilo de carne por dia, o que é muito (em algumas regiões do Brasil imagino que essa quantidade deva ser ainda maior).

3. Use carne como condimento, não como foco do prato. Muitos métodos tradicionais de cozinhar usam carne como condimento, misturada a vegetais ou molhos (pense em curry, arroz con pollo, couscous marroquino, macarrão bolognese). Dessa maneira, a carne é vista como um "treat", um presente que só se tem de vez em quando, e não algo dado como garantido.

4. Tire a carne do centro do prato. Concentre suas atenções nos acompanhamentos, e sirva porções menores de carne. Pense "vegetais grelhados com carne" ao invés de "carne grelhada com vegetais": simplesmente invertendo essa proporção você já está a caminho de uma alimentação mais balanceada, e não precisa se aventurar no mundo dos tofus e carnes de soja, se essa não é a sua praia.

5. Compre mais vegetais e aprenda a cozinhá-los. Muita gente se volta para a carne como um ponto de apoio na hora que bate aquela dúvida: o que vamos comer no jantar? Se a sua cozinha estiver sempre cheia de vegetais e você souber maneiras de deixá-los tão deliciosos quanto um filézão (sim, isso é possível), essa dúvida ocorrerá mais raramente até desaparecer. Também é uma boa idéia planejar suas refeições com antecedência levando isso em consideração - por exemplo, se você comeu carne (branca ou vermelha) no almoço, planeje um jantar vegetariano. Vale até criar regras, como "sextas-feiras vegetarianas" ou coisa do tipo.

6. Torne alimentos vegetarianos mais práticos. Aproveite o forno e asse vários vegetais que se comportam bem na geladeira por alguns dias, e você terá opções variadas para uma salada a qualquer hora. Feijões e lentilhas cozidos também ficam bem na geladeira para uma refeição rápida. Estoque sua despensa com couscous, arroz integral e macarrões.

7. Olhe para os menus nos restaurantes de uma maneira diferente. Tudo bem que se você vai a uma steakhouse é porque você quer comer um belo steak, mas deixe isso para ocasiões especiais. Em outros casos, não tenha medo de pedir uma salada ou dois pratos de vegetais como refeição. Não pense que isso vai diminuir sua experiência de comer fora, porque não vai.

terça-feira, 10 de junho de 2008

Panzanella com legumes grelhados


De repente começou a fazer um calor descomunal pelas bandas de cá, de modo que estou tendo que trocar rapidamente as sopinhas do jantar por saladas ou qualquer coisa feita na churrasqueira, onde pelo menos bate um vento. Montréal é uma cidade de clima extremo, estamos passando perto dos 40 graus com o fator umidade, e quando eu penso que no inverno chegamos aos -30, dá vontade de rir.

Para esta panzanella, que nada mais é do que uma salada de pão dormido, eu acrescentei um pimentão laranja e uns corações de alcachofra grelhados. Eu faço a vinagrete no fundo de uma vasilha bem funda, misturando azeite bom, vinagre de vinho tinto, sal, pimenta, um dente de alho ralado e uma chalota fatiada bem fininha. Depois coloquei dois tomates cortados em pedaços médios, algumas azeitonas sem caroço, e o pimentão e as alcachofras grelhadas.

Por fim, dei uma grelhada no pão para ele ficar bem sequinho, cortei em pedaços do tamanho dos vegetais e juntei à salada. O ideal para uma panzanella é usar pão dormido, porque o pão fresco pode virar uma papa ao absorver a vinagrete, mas descobri que grelhando ou assando o pão antes isso não acontece. Misturei tudo bem misturado e finalizei com um punhado de manjericão fresco.

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Sorvete de nutella

Atenção chocólatras possuidores de máquina de sorvete: essa receita é para vocês!



Eu e minhas irmãs sempre fomos as maiores chocólatras do universo: quando éramos crianças/adolescentes e a preocupação com alimentação sequer existia, inventávamos mil e uma maneiras de saciar nosso vício. Mal havia saído das fraldas (exagero literário, viu gente!?!), eu já dominava a técnica de fazer brigadeiro na panela e no microondas, com destaque para o último porque era ainda mais rápido. Havia dias, porém, quando míseros dez minutos pareciam uma eternidade e o jeito era comer a mistura de brigadeiro crua mesmo, ou seja, leite condensado misturado com Nescau. E era uma delícia para tardes vendo sessão da tarde na TV ou fofocando com uma amiga.

Pois foi xeretando no blog Chocolate & Zucchini que encontrei essa receita de sorvete de nutella que muito me lembrou dessas épocas de começão de chocolate desesperada, típica receita de chocólatra necessitada de um quick fix. Trata-se, afinal de contas, de uma mera desculpa para comer nutella, apenas um passo acima de comê-lo de colher direto do pote. Para quem tem uma máquina de sorvete e anda passando uns dias de calor tropical, é uma boa pedida.

A receita, meus caros, é como aquela do brigadeiro cru, coisa de dois ingredientes: quantidades iguais de nutella e de leite evaporado, que é a versão não-doce do leite condensado (não recomendo usar o leite condensado porque o nutella já é doce demais e a mistura pode ficar intragável). Depois de misturar bem os dois ingredientes (o que pode ser feito na mão com um fouet ou no liquidificador), coloque a mistura na geladeira por algumas horas e depois na máquina de sorvete seguindo as instruções do fabricante.

Depois de algumas horas no congelador o seu "sorvete" deverá estar pronto. Entre aspas mesmo porque ele não fica com uma textura muito própria de sorvete (mas também, o que você queria? isso é apenas nutella com leite evaporado, portanto não reclame), fica parecendo mais uma mousse bem densa e gelada, e derrete com uma rapidez dez vezes maior do que sua máquina fotográfica é capaz de registrar (de novo, não reclame), mas o gosto é tudo aquilo que um chocólatra precisa em forma de sorvete.

Tarte Tatin


Essa é a versão francesa da tradicional apple pie americana, uma versão invertida pois nela as maçãs caramelizadas ficam sobre a massa e não dentro. Diz a lenda que essa torta foi inventada por acaso por duas irmãs francesas de sobrenome Tatin, que colocaram as maçãs e o caramelo na forma de torta e esqueceram da massa, que teve que ser colocada por último. Ao desenformar, elas viram que a torta tinha ficado ótima, com as maçãs caramelizadas arrumadas lindamente sobre a massa amanteigada.

Essa é uma torta bem simples, basicamente composta de três fatores: massa + maçãs + caramelo, mas confesso que a parte do caramelo me intimidou um pouco. Escolhi uma receita que usava açúcar mascavo pois prefiro o seu sabor, mas fiquei com medo de derretê-lo na panela e usei um pouco d'água para dissolver, o que terminou deixando o caramelo pálido e um pouco aguado, mas ainda assim muito gostoso. A massa é uma receita vencedora, doce na medida certa e com aquela consistência que derrete na boca.

Tarte Tatin
(Receita adaptada do blog Chocolate & Zucchini de Clotilde Dusoulier)

Para a massa:
- 170 g ou 1 1/3 xícaras de farinha
- 85 g ou 1/3 de xícara de açúcar
- 85 g ou 3/4 do tablete de manteiga em temperatura ambiente
- um pouco de leite

Na batedeira ou numa vasilha grande, combine o açúcar e a manteiga até virar uma pasta uniforme. Adicione a farinha e continue mexendo até a mistura virar uma espécie de areia. Diferentemente da pâte brisée, você não quer que tenha pedaços muito grandes de manteiga, o ideal é uma consistência uniforme. Acescente um pouquinho do leite (uma colher de sopa ou menos) e mexa com as mãos até virar uma massa. Se depois de trabalhar a mistura com as mãos ela não virar uma massa, acrescente mais um pouco de leite e mexa mais até obter a consistência ideal. Faça uma bola, enrole em papel plástico e coloque na geladeira por 30 minutos.

Para o recheio:
- Três ou quatro maçãs (usei Golden Delicious)
- 70 g ou 1/4 de xícara de açúcar mascavo
- 35 g ou 1/3 do tablete de manteiga* em temperatura ambiente, cortada em pedaços

Numa panela pequena, de preferência anti-aderente, coloque o açúcar mascavo e leve ao fogo brando para derreter (eu fiquei com medo e coloquei um pouco de água nessa hora). Quando ele estiver derretendo, desligue o fogo, coloque a manteiga e mexa bem até virar uma pasta. A idéia é que a caramelização termine de ocorrer no forno quando a torta estiver assando, então não se apavore se a mistura não estiver já com consistência de caramelo.

Espalhe esse caramelo no fundo de uma forma de tortas amanteigada. Descasque as maçãs, corte-as em meia-lua e arranje as fatias sobre o caramelo da melhor maneira que puder (lembre-se que essa será a parte de cima da torta). Reserve. Tire a massa da geladeira e abra com a ajuda de um rolo até que ela fique ligeiramente maior que a forma. Coloque a massa diretamente sobre as maçãs e faça furinhos com um garfo para o vapor escapar.

Leve ao forno médio por 35-45 minutos ou até a massa ficar ligeiramente dourada e o caramelo se espalhar pelas maçãs. Tire do forno, deixe esfriar um pouco e desenforme. Se algum pedaço de maçã ficar preso no fundo da forma, é só tirá-lo com cuidado e encaixá-lo novamente no seu lugar de origem. Essa torta fica deliciosa servida morna ou em temperatura ambiente, com chantilly ou sorvete de creme acompanhando.

*A receita da Clotilde usava manteiga com sal (ou demi-sal), mas como eu só tinha manteiga sem sal em casa usei ela mesmo. Mas com a manteiga salgada deve resultar num caramelo deveras interessante...

domingo, 8 de junho de 2008

Alcachofra




Comemos esta delícia na casa da Fabrícia e do Mohamed, regada a muito azeite de oliva tunisiano. Eu nunca tinha comido alcachofra assim, de verdade, e devo dizer que achei a experiência quase transcendental. Como crianças em busca de um tesouro escondido, a gente vai comendo a carninha escondida nas pétalas, uma a uma, até chegar no meio e - surpresa! - encontrar o tesouro, um coração macio como manteiga e simplesmente delicioso. Fiquei convencida de que não existe entrada mais festiva, elegante e saborosa do que esta.

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Quiche de aspargos e palmito


Com a segunda metade daquela pâte brisée que eu tinha no congelador, resolvi fazer uma quiche. Geralmente quando eu faço quiche termino esquecendo da receita e coloco o que tiver na geladeira, e o resultado quase sempre é comível, mas raramente é divino como uma boa quiche pode ser. Então dessa vez eu investi, comparei receitas, comprei os ingredientes especialmente para a ocasião e o resultado ficou bem melhor do que minhas desajeitadas tentativas anteriores.

Quiche é uma espécie de torta salgada cuja base é feita a partir de de ovos, leite e creme de leite. A esta base extremamente versátil pode-se acrescentar de um tudo: queijo, legumes, cogumelos, presunto, bacon, alho-poró, o que quiser. É uma boa receita para limpar a geladeira, mas também comporta variações mais elaboradas. Eu usei como guia uma receita da Elise Bauer de quiche de aspargos e presunto, mas troquei o presunto por palmitos que eu estava querendo usar. Ficou perfectly delicious!

Quiche de aspargos e palmito
(Receita adaptada do blog Simply Recipes)

- uma massa de torta/ pâte brisée (receita aqui)
- uma chalota ou meia cebola
- um punhado de aspargos (uns dez), cortados na diagonal em pedaços pequenos
- três palmitos cortados em rodelas
- uma fatia de bacon picado
- meia xícara de queijo parmesão ou gruyère ralado
- meia xícara de leite
- meia xícara de creme de leite fresco
- três ovos

A massa segue aquele velho esquema das tortas abertas: abrir a massa na forma, fazer furinhos com o garfo, cobrir com papel alumínio e colocar feijõezinhos para pesar, pré-assar com o papel alumínio, depois sem o papel alumínio, deixar esfriar, colocar o recheio e assar de novo.

Para o recheio, eu apenas coloquei os pedacinhos de bacon numa frigideira com as chalotas até dourar, depois acrescentei os aspargos já cortadinhos, temperei com sal e pimenta e deixei cozinhar até que os aspargos estivessem al dente, uns cinco minutos, e deixei esfriar.

Numa vasilha eu quebrei os ovos e bati com o leite e o creme de leite. Na massa de torta pré-cozida, espalhei uma camada do queijo ralado e coloquei os aspargos por cima. Somente nessa hora eu juntei as delicadas rodelinhas de palmito. Cobri todo o recheio com a mistura de ovos e leite e coloquei mais um pouco de queijo ralado por cima de tudo. Assei por 30-35 minutos, até dourar, e servi com uma saladinha verde.

domingo, 1 de junho de 2008

Sorvete de baunilha

Por mais que eu me empolgasse com idéias mirabolantes de sorvetes e gelatos usando mil e um ingredientes, quando comprei a sorveteira eu já sabia que o primeiro sorvete a sair dali teria que ser também o mais divinamente simples: sorvete de baunilha. Porque acredito que o sorvete de baunilha talvez seja o mais injustiçado pelos processos de fabricação industriais, que usam tudo menos baunilha de verdade. E porque, como eu nunca havia tido um tête-à-tête com uma fava de baunilha de verdade antes, julguei que essa seria a oportunidade perfeita. E assim foi.

Baunilha, Ludmila. Ludmila, essa é a baunilha.

É engraçado como alguns ingredientes possuem toda uma aura mística em torno deles. Uma cebola eu conheço intimamente, sei que posso pegar de qualquer jeito, descasco e corto de olhos fechados, mas uma fava de baunilha, um punhado de açafrão, um pote de fleur de sel, não, esses são ingredientes... delicados. Por serem raros e na maioria das vezes caros, a gente faz toda uma cerimônia em torno deles, fica sem graça, não sabe direito onde põe as mãos, usa assim quase pedindo licença, sabe?

Mas não precisa ficar intimidado. Todo ingrediente tem um jeito certo de ser tratado, e para quebrar o gelo basta aprender que jeito é esse e coloca-lo em prática. Com a baunilha foi assim: eu fiquei uns bons minutos olhando para aquela vagem escura, grudenta e extremamente aromática. Se eu não tivesse lido de antemão como é que se usa, eu jamais adivinharia por mim mesma. Basta deitar a fava numa tábua, pegar uma faca bem afiada e de ponta fina e fazer uma incisão quase cirúrgica no meio, abrindo a fava em duas. Com a ponta da faca você raspa o interior da fava, coletando as semetinhas grudentas.


Et voilà: essa quantidade ínfima de sementinhas é tudo o que você precisa para fazer um sorvete com sabor de baunilha de verdade. A fava pode ser usada ainda para fazer uma infusão no líquido do sorvete enquanto ele esfria, pois ainda há muito sabor ali. Ou então pode ser colocada dentro de um pote de açúcar para fazer um açúcar aromatizado.


A receita do sorvete foi copiada do David Lebovitz e seguida passo a passo sem grandes dificuldades. A Fabrícia estava me dizendo que algumas sorveteiras se dão melhor com a receita do manual do que com receitas de livros ou inventadas, mas a minha comportou-se brilhantemente na sua primeira rodada, funcionando como estava previsto e no tempo indicado no manual de instruções. Depois de ficar sorvetando na máquina por meia hora, o sorvete foi colocado num pote e levado ao freezer para endurecer mais um pouco. Algumas horas depois ele estava com uma textura perfeita e uma cor linda, com aqueles pontinhos pretos que indicam que a coisa foi feita com baunilha de verdade. O sorvete poderia ter sido devorado assim mesmo, mas eu ainda tinha mais uma idéia mirabolante para servi-lo.


Como estávamos fazendo churrasco, resolvi grelhar uns pêssegos e ameixas comprados na feira. As frutas estavam um pouco maduras demais e desmantelaram-se mais do que eu gostaria no calor da churrasqueira, mas ficaram deliciosas. Sobre as frutas ainda fumegantes e com atraentes marquinhas de grelha, eu coloquei uma bola do sorvete de baunilha e a combinação não poderia ter sido melhor.

Adoro quando um plano dá certo...

Está aberta a temporada de sorvete!

Como quase toda blogueira de comida dessa blogosfera, eu também fui mordida pelo bichinho do sorvete caseiro. Tudo começou quando eu descobri que existia um acessório da Kitchen Aid que transformava a batedeira numa máquina de sorvete, mas pesquisas pela internet revelaram que o preço andava bastante salgado aqui por terras canadenses, enquanto que nos EUA era muito mais barato. Vasculhei toda a Amazon em busca de um produto que entregasse acima da fronteira, mas nada. Já estava me conformando a pagar mais caro quando, numa inocente visita ao supermercado, encontro uma máquina de sorvete com um preço bem convidativo. A máquina é igual à da Ana Elisa do La Cucinetta, e julgando pelas maravilhas que ela já fez, só podia ser boa. Mandei a kitchen aid às favas (pelo menos por enquanto) e comprei essa mesmo, trouxe a belezinha pra casa e já coloquei no freezer com um sorvete em mente.

Tudo o que se lê nos food blogs sobre as delícias do sorvete caseiro não poderia ser mais verdadeiro. Primeiro, tem-se uma opção de sobremesa deliciosa, fácil de fazer e com variações de sabores praticamente inesgotáveis. Segundo, é uma mão na roda para dias de calor insuportáveis como os que temos por aqui no nosso breve, porém intenso, verão. Terceiro, e talvez o mais legal, é aquela deliciosa sensação de liberdade dos produtos artificiais e industrializados que em nada competem com sua versão artesanal ou caseira (sensação que senti pela primeira vez ao fazer biscoito, e depois ao fazer pizza, e depois ao fazer hamburguer, e assim por diante). E, finalmente, tem-se a possibilidade de aproveitar frutas da época, experimentar novos sabores e esvaziar a geladeira nos momentos de aperto. E declaro aberta a temporada de sorvete!