sábado, 31 de janeiro de 2009

Creme de milho sem creme


Dia desses deu uma vontade de comer creme de milho, que era uma coisa que eu adorava quando criança e comia sempre em casa. O único detalhe é que eu não tinha nenhuma receita e não fazia idéia de como se faz creme de milho. Uma busca pela net trouxe receitas e mais receitas que pediam doses cavalares de creme de leite (tonta, porque acha que o prato se chama creme de milho?!?), só que eu queria uma coisa mais leve. Então fui com uma adaptação que ficou bem gostosa.

Peguei uma lata de milho em conserva - infelizmente, é o único milho que temos disponível no inverno - e coloquei no processador com um pouco de caldo de galinha (que pode ser água), depois bati até virar uma papa e penerei para me livrar dos pedaços maiores de milho destroçados. Uma segunda lata de milho foi para a panela com uma colher de manteiga, sal, pimenta e um dente de alho ralado. Depois juntei a papa ao milho refogado e cozinhei por mais uns minutos. Para engrossar o creme, misturei mais uma colher de manteiga com uma de farinha e incorporei ao milho, misturando bem até que tudo estivesse cremoso.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Chá verde japonês



Estou viciada neste chá verde japonês. Ele vem misturado com grãos de arroz integral assados que dão aquele gostinho de coisa tostada. Alguns grãos explodem ao serem assados e viram divertidas pipocas de arroz!

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Ervilhas à francesa


Sinceramente, não sei o que faz estas ervilhas serem francesas - provavelmente a adição de bacon, ou lardon, que os franceses usam como tempero e colocam em tudo quanto é prato. Só sei que quando vi esta receita na TV fiquei com água na boca, porque logo imaginei as cebolinhas caramelizadas misturadas com a riqueza salgada do bacon e a doçura natural das ervilhas. Um ótimo prato de acompanhamento para ser servido com qualquer carne, ou não.

Ervilhas à francesa
(Receita adaptada do programa French Food at Home, com Laura Calder)

*Fiz para duas pessoas, mas a receita pode facilmente ser dobrada para servir mais.

- Uma xícara de ervilhas congeladas
- Cinco ou seis cebolinhas (pearl onions)
- Meia xícara de caldo de galinha (pode ser água)
- Três fatias de bacon cortado em pedaços
- Uma colher de sopa de manteiga
- Folhas de alface (*não usei porque não tinha alface)

Comece descascando as cebolinhas, o que pode ser uma tarefa sofrida se elas forem bem pequeninas. Quando eu tenho muitas cebolinhas para descascar eu as coloco em água fervente por alguns segundos, mas como eram poucas usei apenas a ponta da faca e muita paciência. Corte-as ao meio, cuidando para deixar a raiz intacta, caso contrário a cebolinha se desfaz no meio das ervilhas - o que não ficaria ruim, apenas diminuiria o impacto visual do prato.

Numa panela, coloque a manteiga para derreter e doure as cebolinhas. Quando estas estiverem douradas, coloque o bacon e deixe este dourar também. Depois coloque as ervilhas e o caldo. Corte as folhas de alface em tiras fininhas e coloque na panela. Tempere com sal e pimenta à gosto e deixe cozinhar até o líquido amolecer a alface e reduzir até quase secar. Se estiver usando ervilhas frescas, este processo vai demorar alguns minutos, mas com ervilhas congeladas é coisa rápida. Sirva em seguida.

sábado, 24 de janeiro de 2009

Minha salada Cobb


Na famosa salada Cobb tradicionalmente encontra-se uma combinação de alface, tomate, queijo, abacate, bacon, ovos cozidos e frango. Mas como diz a lenda que a salada foi inventada na calada na noite a partir de restos que o chef norte-americano Robert H. Cobb encontrou na geladeira, me senti na liberdade de adaptar com o que eu tinha à disposição. Acho que ele não ia se importar, desde que eu não desviasse demais do conceito original.

Então a minha salada Cobb foi: meio pé de alface Boston, uma fatia de prosciutto assado até ficar crocante e quebrado em pedaços, um abacate pequeno maduro cortado em cubos, uma fatia de abacaxi cortado também em cubos, um pedaço de queijo gorgonzola despedaçado, um ovo cozido e nozes. Para a vinagrete misturei mostarda Dijon, mel, vinagre de vinho Xerez, azeite de oliva, azeite de nozes, sal e pimenta. Ficou de-li-ci-o-sa!

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Co-co-ri-có



Essa galinha simpática (deu para ver de que é feita?) me fez lembrar da Fer e da minha mãe - as duas adoram galinhas d'Angola!

Creme de cogumelos

Depois que eu passei a incluir cogumelos no meu cardápio, as receitas com os mesmos começaram a apontar por todos os lados. Não é isso o que dizem que acontece com a mulher que, quando engravida, passa a ver outras grávidas e bebês em todos os cantos? Naturalmente, tudo é perspectiva - cogumelos e grávidas já estão no mundo, é só uma questão de escolher prestar atenção neles.

Pois bem, nesta minha nova perspectiva sobre os cogumelos, havia uma receita que provaria de uma vez por todas meu recém-adquirido gosto pelos fungos, uma pièce de resistance por assim dizer: o creme de cogumelos. Sim, porque trata-se de cogumelos em sua mais potente e gloriosa forma, no papel principal e sem muitos coadjuvantes para alterar o sabor. A base foi uma receita do site Epicurious, mas tive que fazer tantas adapatações que terminou virando outra coisa.


Creme de cogumelos

- 5 xícaras de caldo de frango
- 400g de cogumelos crimini frescos
- 100g de cogumelos shiitake frescos
- uma cebola média cortada em pedaços
- dois dentes de alho cortados em pedaços
- duas colheres de sopa de manteiga
- 1/4 de xícara de vinho branco
- 1/4 de xícara de creme de leite fresco
- uma colher de chá de tomilho (usei seco mas o fresco é o ideal)

Para começar, coloquei o caldo de frango para esquentar numa panela e juntei a ele os talos dos cogumelos crimini. Cortei os cogumelos em pedaços e levei a uma outra panela com a manteiga, a cebola e o alho. Quando os cogumelos estavam macios e dourados, juntei o tomilho e o vinho. Deixei o vinho evaporar um pouco, depois juntei o caldo de galinha (com os talos dos cogumelos removidos). Deixei cozinhar em fogo baixo por uns vinte minutos, depois bati tudo com o mixer de imersão até virar um creme o mais homogêneo possível. Provei, acertei o sal e a pimenta e coloquei o creme de leite.

Gostei bastante dessa sopa, apesar de tê-la achado um pouco pesada. O sabor dos cogumelos é forte e earthy, mas a textura do creme é inesperadamente delicada - eu, que ainda não me acostumei muito com a textura dos cogumelos frescos, adorei essa parte, mas fique à vontade para deixar os cogumelos em pedaços se preferir. Da próxima vez vou tentar também substituir o creme de leite por leite evaporado ou leite integral para ver se obtenho um resultado mais leve.

domingo, 18 de janeiro de 2009

Ovos cozidos no molho de tomate

Há algum tempo estava vendo o programa da Martha Stewart (provavelmente um bem antigo) quando ela chamou em cena uma de suas produtoras para dar uma receita de ovos cozidos no molho de tomate. Ela disse que era um prato super fácil, prático, barato e rápido de fazer para sua grande família - se não me engano a moça tinha um monte de filhos e comprava dezenas de quilos de carne por semana. Além disso, pode ser servido como café da manhã, almoço ou jantar.

Sabe quando você vê alguma comida sendo feita na televisão e tem um desejo incontrolável de comer aquilo imediatamente? Foi o que aconteceu comigo quando eu vi esta receita. Bem, na verdade foi mais ou menos o que aconteceu comigo, porque o desejo incontrolável sumiu por algum motivo entre o momento em que eu estava vendo TV e o momento em que fui fazer o jantar.

Só recentemente, quando eu pensava pela enésima vez no que fazer para o jantar - eu queria alguma coisa quente mas que não fosse sopa, substancial mas que não fosse massa ou sanduíche - esse prato voltou à minha cabeça. Pelo que eu me lembrava a receita era tão simples que nem me dei o trabalho de procurá-la no site da Martinha, e fiz de cabeça. É 1-2-3:


1 - Faça um molho de tomate ou, se a preguiça for muita e/ou o tempo apertado, abra uma lata do seu molho de tomate pronto favorito numa panela para esquentar. Eu fiz este bem simples com cebola e alho dourados no azeite e uma lata de tomates pelados batidos. Deixei cozinhar uns quinze minutos e juntei um pouco de extrato de tomate para ficar mais grossinho. Temperei com sal, pimenta, orégano seco e pimenta calabresa.



2 - Quebre alguns ovos sobre o molho de tomate quente (quebrei dois por pessoa porque estávamos com muita fome) e tampe a panela. Você pode também dispor o molho de tomate em ramequins individuais, quebrar os ovos e levar ao forno. Enquanto os ovos cozinham, esquente fatias de baguette ou de qualquer pão da sua preferência.


3 - Depois de aproximadamente seis minutos, os ovos deverão estar cozidos e com a gema mole - por causa de um desequilíbrio no meu fogão alguns ovos cozinharam mais rápido que outros, o que me fez arrepender-me de não ter feito em ramequins individuais. Retire os ovos com uma colher e coloque sobre o pão tostado, colocando mais ou menos molho conforme a sua preferência. Termine com queijo parmesão ralado por cima. Pode comer assim mesmo ou com uma saladinha verde acompanhando.

sábado, 17 de janeiro de 2009

Salada de quinoa com abacate e cenouras


Sou novata na onda da quinoa, então para esta salada apostei numa combinação que eu já sabia que ia dar certo: abacate com cenoura. Ao abacate maduro cortado em pedaços e às cenouras cruas raladas eu só fiz juntar meia xícara dos grãos da quinoa vermelha cozidos segundo as instruções da embalagem.

Temperei com uma vinagrete de suco de limão amarelo, mel, mostarda Dijon, vinagre de vinho do Porto (parece o balsâmico), sal e pimenta - sem azeite porque o abacate já é suficientemente cremoso e oleoso. Enfeitei com umas amêndoas torradas e comi fazendo croc croc croc sem saber se era da quinoa, das amêndoas ou das cenouras.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Sopa de frango e curry tailandês - take 1


Os ingredientes tailandeses andam cada vez mais populares aqui, e não somente nas lojinhas de produtos especializados. Hoje em dia em qualquer mercado encontra-se curry em pasta de todas as cores, pozinhos, misturas e molhos prontos para os mais preguiçosos, macarrão de arroz, leite de coco, molho de peixe e o escambau - esta marca traz tudo color-coordinated que é para o cozinheiro inexperiente não se atrapalhar e terminar comprando alguma coisa chinesa ou indiana (já pensou que vexame?)

Eu, que adoro comida thai, não poderia ficar de fora dessa onda e um belo dia me cerquei de ingredientes para fazer uma sopa de curry vermelho com frango e macarrão de arroz. Ficou muito gostosa, mas, como já estou careca de repetir neste blog, as comidas asiáticas que faço em casa sempre ficam aquém das suas versões "oficiais" nos restaurantes. Desta vez não era para menos, considerando que eu inventei a receita de cabeça e provavelmente fiz muita coisa errada, mas estou determinada a continuar tentando até conseguir um resultado autêntico.


Sopa de frango e curry tailandês - take 1

- Um peito de frango cortado em pedaços finos e não muito longos (eu espanquei o peito até ele ficar fininho)
- Um pacote de arroz de macarrão (rice noodles), que pode ser macarrão comum
- Uma lata de leite de coco (compro qualquer uma que tenha como ingredientes coco e água, nada mais)
- 1 colher de sopa de manteiga de amendoim (novamente, compro qualquer uma que tenha como ingredientes amendoim, sal e no máximo açúcar)
- Um litro de caldo de galinha (usei caseiro)
- Duas cenouras fatiadas com o descascador de legumes
- Um punhado de vagens cortadas em pedaços
- Meia cebola fatiada em fatias finíssimas
- Um pedaço de gengibre ralado
- 2 colheres de chá de curry tailandês vermelho em pasta
- Um punhado generoso de broto de feijão
- Um punhado de amendoins sem sal assados no forno

Numa panela grande, coloque a cebola e o gengibre para dourar num fio de azeite ou óleo vegetal até a cebola ficar transparente, mas não dourada. Coloque os pedaços de frango e deixe dourar - não se preocupe em cozinhar o frango por completo agora, porque ele termina de cozinhar no caldo. Depois coloque o curry em pasta, as cenouras e vagens e deixe cozinhar alguns minutos mais.

Por fim, chacoalhe bem a lata de leite de coco, abra e coloque o líquido na panela junto com o caldo de galinha e a manteiga de amendoim. Deixe cozinhar por uns quinze minutos, depois coloque o macarrão e cozinhe por mais dez minutos, ou até o macarrão ficar pronto. Prove o caldo e tempere com sal (ou molho shoyo) e pimenta se achar necessário. Eu servi com broto de feijão e amendoins sem sal torrados.

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Biscoitos amanteigados clássicos


Escolhi uma receita clássica de biscoitos amanteigados para usar uns cortadores diferentes que eu havia comprado. O molde de gatinho não era dos melhores e todos os meus felinos perderam os rabos em algum lugar entre a assadeira e o pote, coitados. O Gaston cheirou, cheirou, e por fim ignorou os irmãozinhos amanteigados.


Em termos de sabor os biscoitos ficaram muito gostosos e com uma textura ótima. Essa receita rende muitos biscoitos, então dividi em três, enrolei e assei uma parte e congelei as outras duas - assim quando terminar a primeira leva é só descongelar a massa e fazer mais. Depois de prontos eles ficam por uma semana ou mais guardados num pote bem fechado.


Biscoitos amanteigados
(Receita do livro The Art of Simple Food, de Alice Waters)

- 1 xícara (dois tabletes de 125g) de manteiga sem sal de boa qualidade, em temperatura ambiente
- 2/3 de xícara de açúcar
- 1 colher de chá de extrato de baunilha
- 1/2 colher de chá de sal
- 1 colher de chá de raspas de limão (*não usei)
- 1 ovo em temperatura ambiente
- 2 colheres de chá de leite
- 2 e 1/4 xícaras de farinha de trigo (uso uma não-embranquecida e orgânica)

Bata a manteiga e o açúcar na batedeira até virar um creme fofo, depois coloque a baunilha, o sal, as raspas de limão (se for usar), o ovo e o leite e bata até incorporar tudo. Com uma espátula, acrescente a farinha aos poucos até obter uma massa bem fofa e molenga.

Neste ponto, você pode dividir a massa em duas ou três partes, colocar cada parte no centro de uma folha de papel plástico e enrolar até formar um cilindro, ou quadrado, ou a forma que preferir. Este cilindro você pode colocar no freezer, se for guardar, ou na geladeira se for assar os biscoitos no mesmo dia (eu guardei duas partes e assei a terceira). Como essa massa tem muita manteiga, é importante que ela esteja bem fria antes de assar senão você vai acabar com os bisoitos todos besuntados em suas mãos.

Depois de trinta minutos na geladeira, é só tirar fatias do cilindro de massa da grossura dos biscoitos que você quiser fazer. Se você preferir usar moldes ou cortadores para fazer os biscoitos, coloque a massa entre duas folhas de papel manteiga e abra com um rolo até ficar bem fina, depois corte usando os moldes desejados, volte para a geladeira por mais uns 15 minutos para endurecer, coloque os biscoitos numa assadeira forrada com papel manteiga e asse por uns 10 minutos, até os biscoitos começarem a dourar.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Anatomia de um arroz frito

Antes: o mise-en-place é fundamental

Depois: arroz frito thai fica pronto em minutos

Estou convencida de que arroz frito é o melhor prato para se aproveitar o que está sobrando na geladeira, pois qualquer combinação de legumes promete ficar no mínimo comível, e às vezes sensacional como este que eu fiz na semana passada. Os ingredientes apareceram na noite anterior, quando Luiz apareceu com a idéia do jantar na ponta da língua: salmão, aspargos e fatias de abacaxi grelhados com um molho cremoso de cogumelos.

O jantar foi ótimo, e o que sobrou eu já fui maquinando transformar num arroz frito de inspiração tailandesa para o meu almoço do dia seguinte. Ao elenco juntaram-se apenas restos de arroz (misturei arroz branco e arroz de açafrão que estavam na geladeira), alguns brotos de feijão, temperos e dois ovos batidos. Só faltou mesmo alguma erva fresca - manjericão tailandês seria o ideal, mas como no inverno não dá para plantar nada e eu sempre esqueço de comprar ervas no mercado, ficou sem.

O importante do arroz frito é fazer um mise-en-place bacana, porque depois que a panela está fumegando não há tempo de pensar na morte da bezerra, quem dirá cortar ingredientes. Então eu cortei os aspargos, os cogumelos crimini e duas faias de abacaxi em pedaços do mesmo tamanho, separei o arroz, bati os ovos com um fio de óleo de gergelim e medi uma colher de sopa de molho shoyo.

Coloquei a frigideira para esquentar com óleo vegetal (este é o único momento em que prefiro óleo vegetal ao invés de azeite de oliva, que não combina mesmo com sabores asiáticos) e, quando estava saindo fumaça, fui colocando os ingredientes na ordem de tempo de cozimento: primeiro os aspargos, depois os cogumelos e abacaxis, em seguida o arroz e por fim os ovos batidos.

No stir-fry tudo acontece muito rápido, e em menoz de cinco minutos os aspargos estavam cozidos e os ovos envolviam o arroz uniformemente. Depois temperei com o molho shoyo e servi com brotos de bambu e um pouquinho de amendoins torrados, porque é assim que fazem no restaurante thai que frequentamos. Ficou muito bom mesmo.

sábado, 10 de janeiro de 2009

Na cozinha da Casa Branca

Um certo dia, quando Bill Clinton ainda era presidente dos Estados Unidos, ligaram para o Chez Panisse avisando que ele gostaria de jantar no famoso restaurante. Alice Waters teve que sair correndo para Berkeley supervisionar tudo e ter certeza que o presidente, conhecido por gostar de hamburguer com batata frita e ter uma quedinha pelos doces, ficaria impressionado com o jantar. O episódio, além de render uma ótima história (relatada com muito mais detalhes na biografia do Chez Panisse), acendeu uma luzinha na cabeça já iluminada da Sra. Waters - e se eles aproveitassem os jardins da Casa Branca para plantar uma horta orgânica? Isso iria certamente colocar o assunto alimentação na pauta nacional.

Foram muitas cartas enviadas ao gabinete presidencial explicando a importância de se promover uma alimentação saudável entre os norte-americanos, muitas das quais respondidas pessoal e graciosamente por Hillary, mas infelizmente a idéia não saiu do papel. Pois agora ela pode virar realidade. Alice Waters e outros chefs e personalidades do mundo gastronômico enviaram uma nova carta ao presidente eleito Obama, pedindo para ele revisitar a idéia da horta na Casa Branca e nomear um "secretário da cozinha" para cuidar formalmente do assunto.

Segundo o New York Times, que foi onde eu fiquei sabendo desta notícia, Sra. Waters diz na carta aos Obamas que a horta presidencial "iria mandar a mensagem poderosa de que as escolhas que fazemos ao comer são fundamentais. Apoiar uma dieta sazonal baseada em legumes e verduras saudáveis e produzidos de maneira sustentável irá não somente alimentar sua família, como também sustentar fazendeiros, inspirar seus convidados e, finalmente, energizar toda a nação" (tradução livre minha, leia a reportagem original aqui). You go, Alice! Quem sabe em breve não veremos belas batatas saltitando das terras que envolvem o escritório oval?

Sopa de topinambo/jerusalem artichokes


O topinambo, ou jerusalem artichoke como é conhecido em inglês, é um vegetal que por fora parece um gengibre crescidinho, por dentro tem textura de batata e gosto de alcachofra. Mas não se assuste com toda essa aparência estranha, porque ele é delicioso, especialmente para quem gosta de alcachofras. O topinambo é a raiz de uma espécie de girassol, e apesar do nome não tem nada a ver com Jerusalem, mas é natural dos Estados Unidos.


O segredo é tratar os topinambos como se fossem batatas: eles podem ser cozidos, gratinados, comidos com ou sem a casca e fazem uma ótima sopa. Para esta eu apenas descasquei e cortei os topinambos em fatias, coloquei na panela com quatro xícaras de caldo de galinha, alguns dentes de alho e cozinhei por trinta minutos. Depois bati com o mixer de imersão, temperei com sal e pimenta e servi com pedaços de prosciutto assados no forno até ficarem crocantes.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Alfajores


Vamos fingir por um segundo que o final de ano ainda não passou, e que este post não está totalmente atrasado, ok? Combinado.

Vocês sabem que final de ano é um tempo de muitos rituais, e um deles certamente é o de confeccionar biscoitos para dar de presente aos colegas de trabalho, amigos, familiares, vizinhos. Este troca-troca de biscoitos é uma verdadeira tradição por aqui, e na minha opinião não poderia haver presente melhor do que uma coisa feita em casa e com carinho - ok, talvez um MacBook novinho seja um presente melhor, mas biscoitos caseiros ficam looogo atrás.

O problema é não cair na repetição, já que todo mundo está fazendo os mesmos biscoitos tradicionais desta época. Nada contra tradição, mas queria inovar um pouco e daí veio a idéia de fazer alfajores. Só para complicar, decidi fazer os meus com cobertura de chocolate amargo, ao invés dos tradicionais que são apenas cobertos com açúcar de confeiteiro.


O alfajor é composto basicamente por dois biscoitos recheados com doce de leite. Para o doce de leite usei a velha técnica de cozinhar a lata de leite condensado por algumas horas (mais especificamente três horas para um doce de leite escuro e mais denso, que era o que eu queria). Para o biscoito segui mais ou menos a receita que eu tinha visto o Matt (do blog Matt Bites) fazer no programa da Martha Stewart, mas encontrei alguns problemas sobre os quais falarei logo após a receita.


Ingredientes:
1 e 1/4 xícaras de açúcar
3/4 de xícara de manteiga sem sal em temperatura ambiente
2 ovos
3 xícaras de farinha de trigo (uso uma orgânica não-embranquecida)
1 colher de chá de sal
2 colheres de chá de fermento em pó
1 xícara de leite
1 colher de chá de extrato de baunilha

Numa batedeira, bata o açúcar, manteiga e ovos até ficar cremoso. Coloque a farinha, sal e fermento e mexa com uma espátula. Por fim, coloque o leite e o extrato de baunilha e bata até incorporar tudo. Coloque a massa em colheradas sobre uma assadeira forrada com papel manteiga e asse por 10-14 minutos, até que comecem a dourar. Os biscoitos vão ter aparência bem mole ainda, mas endurecem ao esfriar.

Agora vamos aos problemas: apesar do sabor e da textura ter agradado, o fato da massa dos biscoitos ser mole faz com que você não consiga biscoitos de tamanho uniforme - o que, pelo menos na última vez que chequei, era um fator importante se você pretende fazer sanduíches com estes biscoitos. Além de ficar com biscoitos de tamanhos diferentes, achei que os meus cresceram demais e fizeram os alfajores massudos, ou seja, muito biscoito para pouco doce de leite, e olha que eu caprichei na dose do doce de leite.


Da próxima vez vou tentar uma receita de biscoitos amanteigados tradicionais (shortbread), desses que você enrola da finura desejada e corta do tamanho desejado. Porque tentar casar biscoitos de tamanhos diferentes e fazer com que os mesmos fiquem em pé para receber o doce de leite não foi nada fácil (eu cheguei a cortar alguns biscoitos com um cortador para tentar reduzi-los a um tamanho padrão, mas vi que isto daria muito trabalho e desisti na metade). Depois peguei um saco plástico, coloquei o doce de leite (que estava na geladeira para ficar bem consistente), cortei a pontinha do saco e coloquei uma camada sobre metade dos biscoitos. Depois fechei os sanduíches e os coloquei na geladeira para firmar um pouco mais.

Quando chegou a hora de cobrir com o chocolate derretido os biscoitos de cima tinham escorregado, alguns tinham até virado, muito doce de leite foi parar na bandeja, foi uma bagunça. Falando sobre o chocolate, tudo o que fiz foi derreter umas 200 gramas de chocolate meio-amargo no microondas e mergulhar os sanduíches nele com a ajuda de dois garfos. Depois voltei os biscoitos para a geladeira por mais umas duas horas até o chocolate endurecer.


Mesmo com toda a confusão dos biscoitos, que resultaram em alfajores mais rústicos do que eu gostaria, os mesmos fizeram sucesso por onde passaram - que foi, basicamente, pelo escritório onde trabalha meu marido, já que minha profissão é solitária e a maioria dos nossos amigos estava fora da cidade. Sobraram tantos biscoitos que eu pensei em distribuir para estranhos na rua - pensando bem, eu devia ter feito isso mesmo, porque ficar com essas belezinhas em casa não foi nada produtivo para a minha cintura...

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Salada com gorgonzola e nozes caramelizadas


Se eu disser que estas nozes caramelizadas são a perfeita adição a qualquer salada, você acredita em mim? Sério? Acredita a ponto de fazê-las hoje mesmo? Sim, elas são boas assim - crocantes, doces, nutty pequenos pedaços de paraíso (pelo menos do paraíso de quem gosta de coisas crocantes, nutty e deliciosas em suas saladas).

A primeira vez que eu fiz estas nozes foi para comer como aperitivo, mas achei que sozinhas elas ficaram um pouco enjoativas. Numa salada, entretanto, onde elas são obrigadas a conviver com o azedinho da vinagrete, ficam perfeitas. E são fáceis de fazer, mesmo para quem tem medo de mexer com açúcar em altas temperaturas como eu.

Numa panela pequena de fundo grosso, coloque duas colheres de sopa de açúcar e ligue o fogo em temperatura média. Enquanto o açúcar derrete, separe uma colher de sopa de manteiga sem sal e uma xícara de nozes cruas (não-torradas e não-salgadas), picadas ou inteiras. Quando o açúcar começar a ficar transparente e depois dourado, coloque a manteiga e mexa até esta derreter.

Desligue o fogo, acrescente as nozes e mexa até que todas estejam cobertas com o caramelo. Espalhe as nozes num prato forrado com papel manteiga e deixe esfriar. Se quiser, espalhe uma pitada de sal (usei flor de sal) por cima para dar um contraste salgadinho ao caramelo doce. Depois de frias, as nozes podem ser picadas (se não tiverem sido antes) e guardadas para serem usadas em praticamente qualquer salada.


A salada que eu fiz tinha folhas de alface Boston, minha nova folha preferida (também conhecida por aqui como alface manteiga, tão macias são suas folhas), dois palmitos cortados em rodelas e um pedacinho de queijo gorgonzola despedaçado. Para a vinagrete eu misturei uma parte de vinagre de xerez, uma parte de azeite de oliva, uma parte de azeite de nozes, um fio de mel, meia colher de chá de mostarda Dijon, sal e pimenta. Preciso dizer que ficou uma delícia?

domingo, 4 de janeiro de 2009

Bouchées Gourmandes


A primeira refeição do ano pode ser complicada. Você quer começar 2009 em grande estilo, mas ao mesmo tempo em que acorda com aquela preguiça mortal de cozinhar, todos os restaurantes da cidade encontram-se fechados e a neve não encoraja ninguém a botar o pé para fora de casa. A não ser, é claro, que você encontre uma dica muito promissora na internet sobre um lugarzinho especial. Foi assim que encontramos o Bouchées Gourmandes, verdadeira jóia escondida entre as montanhas de neve de Outremont.



O Bouchées Gourmandes é um lugarzinho aconchegante comandado por um casal simpático que oferece doces, pães e geléias caseiras, além de um brunch inacreditável. O restaurante costumava funcionar na região histórica da cidade, e quando o boca-a-boca já estava dominando a comunidade foodie montrealense, os donos decidiram fechar e mudar para um local ainda menor no centro da cidade. O prédio ainda não tem nem nome, mas os fogões já estão a todo vapor fabricando gostosuras para a nossa felicidade.


O brunch especial de 1 de janeiro foi um verdadeiro banquete para dois: frutas frescas com queijo cottage, croissant com uma geléia de caramelo e chocolate (tão deliciosa que eu cogitei levar um pote para casa, mas fiquei com medo de comer tudo de uma vez só), café fresco, um trio de saladas (beterraba, repolho e cenoura), salmão defumado (provavelmente caseiro), um prato de frutos do mar à moda provençal, omelette souflée de queijo e cebolinha e, para o grand finale, mini-profiteroles com molho de chocolate.




Ufa! Foi comida suficiente para passar algumas horas no restaurante, mas não só por isso: o ambiente agradável e o serviço atencioso também convidam a perder a noção do tempo. Tem gente que não curte esse tipo de atendimento ultra-pessoal, mas eu adorei ser servida pela figura materna da proprietária-garçonete-chef, e estava quase respondendo "oui, maman" toda vez que a senhora perguntava se eu queria mais café. Acho que passar alguns anos longe da família faz isso com a pessoa...

Les Bouchées Gourmandes
1226 avenue Bernard, Outremont, Montréal
Fone - (514) 845-3663‎