Eu não tenho muitas tradições de Natal. Na verdade, não tenho nenhuma. Embora goste muito da ideia de reunir família e amigos para uma celebração, não me sinto particularmente inspirada nesta época do ano. Talvez seja porque não entro no aspecto religioso da coisa, não monte árvore, sei lá. Mas antes que eu vá inventando um feriado paralelo que submeterá meus filhos ao ridículo por anos vindouros, acho melhor me conformar e criar minhas próprias tradições de final de ano, mesmo que estas só tenham significado para mim.
Comecei, portanto, com estes pãezinhos enrolados de canela que eu costumava comer frequentemente nos anos em que morei no Canadá. Curiosamente, os melhores cinnamon rolls que eu encontrei eram da lanchonete da Ikea, a mega-loja sueca de móveis e decorações. Todos os outros lanches eram horríveis, mas os cinnamon rolls eram tão bons que quase valiam a peregrinação até chegar na loja e mais as horas passadas nas filas do caixa.
Encontrei uma receita de cinnamon rolls no blog da Pioneer Woman que me empolgou bastante. Não só porque os enroladinhos dela pareciam maravilhosos nas fotos, mas porque a receita era feita para ser partilhada: a quantidade que rende, o tempo e o esforço requisitados, tudo ali cheirava a amor e dedicação. É claro que você pode diminuir a receita, assim como também pode congelar e ir consumindo aos poucos, mas eu não recomendaria. O melhor é fazer e presentear os amigos, parentes, colegas de trabalho, de academia, vizinhos, porteiros, enfim, quem você quiser.
Cinnamon Rolls
(Receita reproduzida do site The Pioneer Woman)
(Rende aproximadamente 48 pãezinhos, ou oito bandejas como as da foto acima)
- 1 litro de leite
- 1 xícara de óleo vegetal neutro (*usei canola)
- 1 xícara de açúcar
- 2 envelopes de fermento instantâneo
- 9 xícaras de farinha de trigo
- 1 colher de chá de fermento químico
- 1 colher rasa de chá de bicarbonato de sódio
- 1 colher de chá de sal
- manteiga a gosto
- açúcar branco ou mascavo a gosto
- canela em pó a gosto
Coloque o leite, o óleo e o açúcar numa panela grande e leve ao fogo até começar a levantar fervura. Depois desligue o fogo e deixe esfriar por no mínimo uma hora - quando o líquido estiver morno (importante: não pode estar frio nem quente demais, pois o fermento é um bicho delicado e pode morrer se o líquido não estiver na temperatura certa), coloque os dois pacotes de fermento instantâneo e deixe descansar por alguns minutos. Junte oito xícaras de farinha (reserve uma para depois), o fermento químico, o bicarbonato e o sal e tampe a panela.
Depois de uma hora, a massa cresce e fica bem úmida. Junte a xícara de farinha restante e misture bem. Neste estágio, você pode deixar a massa descansar por algumas horas na geladeira, o que facilita e muito o trabalho de abri-la depois, ou se estiver com muita pressa pode abrir a massa em seguida. Foi o que fiz, ansiosa que sou.
Divida a massa ao meio e espalhe metade numa superfície BEM enfarinhada, pois a massa é pegajosa mesmo. Vá trabalhando com as mãos, também devidamente enfarinhadas, até obter um cilindro. Abra com a ajuda de um rolo até conseguir um retângulo de espessura mais ou menos uniforme.
Pincele manteiga derretiga por cima e polvilhe com açúcar e farinha a gosto.
Depois é só enrolar o retângulo de volta e cortar os pãezinhos com uns dois dedos de espessura. Ajeite-os em assadeiras de alumínio (eu usei aquelas de marmita, pois dali mesmo já estavam prontas para serem presenteadas) e asse em forno médio por 15-20 minutos, ou até começarem a ficar dourados e cheirosos. Repita a mesma operação com a outra metade da massa.
- Dica: A Pioneer Woman dá ainda a receita de um cobertura à base de açúcar de confeiteiro, que eu dispensei por achar que ficaria doce demais. Veja a receita aqui.
- Dica 2: Estes pãezinhos ficam melhores quando estão quentinhos, e são ideais para um lanche da tarde acompanhados por um cafezinho.
- Dica 3: Você pode congelar os pãezinhos, crus ou já assados, e descongelar quando for consumir ou presentear.
domingo, 12 de dezembro de 2010
sexta-feira, 10 de dezembro de 2010
Sopa fria de tomates
Sou novata em matéria de sopas frias - confesso que ainda acho a ideia um pouco estranha, e não ajuda em nada o fato de ter tentado uma ou outra receita que fracassaram miseravelmente. Entretanto, com o calor que tem feito por aqui ultimamente, qualquer coisa soa melhor do que a possibilidade de derreter em suor mexendo um panelão de sopa quente e, pior ainda, suar mais um pouco tomando a bendita. Diante destas circunstâncias, sopa fria é o que vai ser.
Pesquisando algumas receitas, descobri que existem basicamente duas técnicas de sopas frias: as que são cozidas e depois resfriadas (aliás, muitas sopas, principalmente os cremes de legumes, podem ser servidas quentes ou frias), e as que não são cozidas, mas apenas batidas e refrigeradas. É o caso do famoso gazpacho espanhol, que sempre me faz lembrar de Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos e o gazpacho que a personagem de Carmen Maura faz "temperado" com um vidro de tranquilizantes.
As sopas frias não-cozidas, por razões mais do que evidentes, são as mais fáceis e práticas de preparar nos dias de calor. Terminei optando por uma sopa fria de tomates que se parece bastante com o gazpacho, com a diferença de levar vinagre balsâmico e não levar pepinos nem pimentão. Servi como entrada, mas considero perfeitamente apropriada para um lanche leve, principalmente se for acompanhada por um belo pão rústico torrado.
Sopa fria de tomates
Receita adaptada do livro Soup Bible, da editora Penguin
- 1 quilo de tomates maduros
- 2 dentes de alho
- 1/4 de xícara de vinagre balsâmico
- 1 colher de chá de sal
- 2/3 de xícara de azeite de oliva extra-virgem
- 2 a 3 fios de açafrão (*opcional)
Modo de preparo: corte os tomates em pedaços (não é preciso tirar as peles nem as sementes). Coloque-os no liquidificador com o alho, o vinagre, o açafrão e o sal. Bata bem por alguns minutos. Vá acrescentando o azeite aos poucos pelo buraco na tampa do liquidificador, até que tudo esteja bem incorporado e emulsificado. Deixe esfriar por algumas horas antes de servir.
A sopa fica ainda mais encorpada depois de refrigerada, por isso eu bati novamente com um pouco de água para ficar na cremosidade ideal. Se você quiser seguir à risca o tema espanhol, o livro sugere servir a sopa com lascas de presunto parma e pedaços de ovo cozido. Eu fui de fatias de amêndoas torradas e folhas de mangericão fresco.
Para quem torcia o nariz para sopas frias, eu adorei o resultado. A sopa é realmente facílima de fazer - aliás, o quão difícil é bater um punhado de tomates com alguns temperos no liquidificador? Muito mais fácil do que esquentar uma comida congelada no microondas, disso eu tenho certeza - e o sabor dos tomates fica ainda mais intenso do que numa sopa quente. A dica está em escolher tomates bem maduros e usar o melhor azeite extra virgem que você tiver em casa. Afinal, como estes ingredientes não serão cozidos, é bom que eles tenham o melhor sabor já de cara.
domingo, 5 de dezembro de 2010
Pudim de café
Esta receita, roubada de uma leitora do Rainhas do Lar, é diabolicamente simples. Sabe a receita tradicional de pudim? Uma lata de leite condensado, a mesma medida de leite e três ovos? Pois basta substituir o leite por café bem forte (lembre-se de deixar esfriar antes de usar na receita).
É só bater tudo no liquidificador por três minutos, colocar na forma de pudim caramelizada e assar em banho-maria por cerca de uma hora e meia. Acho que nunca fiz uma sobremesa de café tão simples e gostosa - tanto que já a fiz duas vezes nas duas últimas semanas!
segunda-feira, 8 de novembro de 2010
O mistério da torta búlgara
Ela está presente no cardápio de quase todos os restaurantes e docerias da cidade, mas ninguém sabe dizer ao certo de onde ela veio nem quando apareceu em Salvador. Os poucos que tem a receita guardam o segredo a sete chaves. Cercada de mistérios, a torta búlgara – um simples bolo de chocolate feito sem adição de farinha – já se transformou numa verdadeira instituição baiana.
Para ler a matéria na íntegra, clique aqui
domingo, 24 de outubro de 2010
Vida além do petit gateau
Pouco importa se o restaurante é francês, italiano ou japonês; se é um estabelecimento cinco estrelas ou o café do shopping. Se o lugar tiver uma carta de sobremesas, grandes são as chances do petit gateau estar lá. O doce francês, um bolinho de chocolate quente com recheio cremoso, tornou-se onipresente na década de 1990. Seu reino, até então absoluto, só agora começa a ser ameaçado. E acredite: são os ingredientes regionais que prometem roubar o trono.
Já está disponível online a matéria que eu fiz para a revista Muito sobre sobremesas que fogem - ou reinventam - o tradicional petit gateau. Falei com o chef Edingo Engel, do premiado restaurante Amado, com a doceira Junia Franco, que criou um sensacional gateau de tapioca com sorvete de queijo coalho, e a Rainha do Lar Katita, que nos mostrou sua sobremesa-coringa de côco com nutella. Clique aqui para ler a reportagem.
segunda-feira, 27 de setembro de 2010
A vida íntima da quiche
Fiquei tão traumatizada com minhas tentativas frustradas de fazer pâte brisée no calor do verão baiano que terminei riscando quiches do meu cardápio - um tanto precipitadamente, confesso.
Um dia desses me dei conta, como se fosse assim uma grande revelação, que "hum, até que não está mais fazendo tanto calor... na verdade, está fazendo até um friozinho. Ei, agora posso fazer uma quiche sem derreter a manteiga e destruir a massa!". Dã, como não pensei nisso antes?
Quiche é o que teremos para o lanche então.
A pâte brisée começa com uma xícara e 1/4 de farinha de trigo e umas 120 gramas de manteiga bem fria cortada em pedaços.
Junte uma pitada de sal e bote a batedeira para trabalhar até que os pedacinhos de manteiga estejam do tamanho de ervilhas. Isso pode ser feito na mão também, a menos que você more num lugar quente, muito quente. Mãos suadas e manteiga gelada não combinam.
No meio de tudo, um ovo. É ele quem dá a liga, sempre.
Quando a massa estiver misturada, faça uma bola, cubra com papel filme e deixe na geladeira por meia hora. Depois é só abrir a massa com a ajuda de um rolo e cobrir uma forma de fundo falso. O fato de não estar fazendo um calor miserável ajuda e muito nesta hora.
É importante também fazer furinhos no fundo e pré-assar a massa (coberta com um papel alumínio) por uns dez minutos antes de colocar o recheio, senão ela encolhe e faz bolhas. E não queremos isso, não é?
Para o recheio desta quiche, coloquei pedaços de tomate, queijo mozzarela ralado, azeitonas, orégano e manjericão. Três vivas para os restos de pizza que estavam na geladeira!
O creme é feito misturando meia xícara de creme de leite fresco, meia xícara de leite integral e três ovos. Depois é só levar de volta ao forno por uns 35-40 minutos, até o recheio ficar firme e dourado em cima.
Infelizmente não tenho fotos destas últimas etapas, pois fiz tudo isso enquanto falava ao telefone com minha mãe. Ninguém é perfeito, afinal. Mas essa quiche até que chegou bem pertinho.
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sábado, 25 de setembro de 2010
Cozinha conectada
Minha segunda matéria para a revista Muito foi sobre o uso de gadgets tecnológicos para cozinhar. Cada vez menores e mais portáteis, com acesso à internet e aplicativos específicos, os notebooks, smartphones e tablets estão invadindo o território pouco provável da cozinha e prometem se tornar um aparelho doméstico tão comum quanto o liquidificador.
Para ler a matéria completa, clique aqui.
quarta-feira, 22 de setembro de 2010
Uma galinha por semana
Tenho falado para meus amigos que estão morando sozinhos e/ou começando a cozinhar que uma das maneiras mais simples e baratas de garantir refeições para a semana inteira começa com uma galinha. Toda semana eu cozinho uma galinha (inteira, ou só o peito com osso) em dois litros de água com cebola, alho, cenoura, salsão, uma folha de louro e uns grãos de pimenta.
Depois de uma hora eu retiro o frango e descarto os aromáticos. Com o caldo, posso fazer risotos, sopas, molhos. Com a carne, posso desfiar e deixar na geladeira para fazer sanduíches, colocar na salada, no molho de macarrão, fazer um salpicão, quiche, torta, enfim, são inúmeras as possibilidades. O melhor é que tudo está a meio caminho andado, assim não tem preguiça.
Eu posso ainda, simplesmente, juntar os dois - caldo e carne - e fazer uma bela canja. Para essa da foto, que foi bem simplezinha, eu cozinhei a galinha como sempre e depois, em outra panela, dourei novamente cebola, alho e cenoura. Temperei com sal, pimenta e orégano, depois juntei a carne de frango já desfiada, coloquei uma xícara de vinho branco, deixei evaporar, juntei o caldo que havia acabado de cozinhar e deixei ferver. Depois juntei sobras de um arroz pronto e servi com pão tostado.
É claro que essa técnica da galinha vale também para um frango assado, seja em casa ou comprado pronto. Neste caso, faço o contrário: desfio o que sobrou da carne para guardar e faço o caldo com a carcaça da galinha assada. A ideia é, além de facilitar a vida, aproveitar ao máximo o que a galinha pode nos dar (a morte não pode ser em vão, como diz Neide Rigo).
segunda-feira, 20 de setembro de 2010
Panquecas para um domingo preguiçoso
Acordei no domingo com vontade de comer panquecas, daquelas que estamos acostumados a ver nos filmes e desenhos animados americanos. Só de pensar na imagem daquela pilha de panquecas quentinhas e fofinhas eu já podia sentir o gosto - o que me pareceu estranho, muito estranho aliás, já que eu nunca havia feito nem comido as tais panquecas antes. Quem mandou ver tanto filme? Já estou imaginando coisas.
Recorri ao Mark Bittman e seu How to cook everything vegetarian para a receita que segue abaixo. Ele dá ainda dezenas de dicas de como variar as panquecas e torna-las um pouco mais nutritivas, mas eu estava atrás da receita tradicional mesmo. Tenho a impressão de que a nossa farinha é um pouco mais densa que a norte-americana, portanto procurei fazer as panquecas bem finas para que não ficassem muito massudas.
Embora sejam em si um pouco adocicadas, as panquecas precisam ser ajudadas com alguma coisa doce - uns derretem manteiga por cima, outros geléia de fruta, mas o mais tradicional é o xarope de bordo (maple syrup). Eu aproveitei uma lata que ainda tinha do Canadá e achei uma delícia. É um tipo de café da manhã para se fazer nos dias de preguiça e aproveitar com calma, de preferência de pijamas, sem pressa e sem culpa.
Massa de panquecas
(Receita do livro "How to cook everything vegetarian", de Mark Bittman)
- 2 xícaras de farinha de trigo
- 2 col. de chá de fermento químico
- uma pitada de sal
- 1 col. de sopa de açúcar (opcional)
- 2 ovos
- 1 e 1/2 a 2 xícaras de leite
- 2 col. de sopa de manteiga derretida (opcional)
Enquanto faz a massa, esquente uma frigideira em fogo médio (quanto maior for a superfície da frigideira, mais panquecas você fará ao mesmo tempo) e ligue o forno também em temperatura média.
Misture todos os ingredientes secos numa vasilha funda. Em outra vasilha, coloque o leite, a manteiga (se for usar) e quebre os dois ovos. Bata bem até misturar tudo e coloque essa mistura na vasilha com os ingredientes secos.
Misture bem, mas não precisa ser demais - se ficarem ainda alguns carocinhos, não tem problema. A massa deve ficar grossa mas ainda maleável, se ficar grossa demais coloque um pouco mais de leite (*a minha ficou na consistência ideal).
Usando uma concha, coloque um pouco da massa na frigideira quente, fazendo círculos do tamanho que desejar. Se a frigideira for anti-aderente não precisa usar manteiga ou óleo (*eu usei um pouco de manteiga). Quando começarem a aparecer bolhas na superfície da massa, vire-as com a ajuda de uma espátula e deixe dourar do outro lado. Este processo não leva mais de três minutos.
A quantidade de massa é suficiente para quatro pessoas. Se for fazer mais ou demorar um pouco para servir, coloque as panquecas prontas numa assadeira e deixe no forno morno para que não esfriem. Sirva quente com manteiga derretida, geléia ou xarope.
--> Dica do Bittman 1: Se quiser fazer apenas algumas panquecas de cada vez, você pode fazer a massa e deixar na geladeira durante dois ou três dias.
--> Dica do Bittman 2: Você também pode deixar todos os ingredientes secos já pré-misturados na sua despensa, e juntar apenas os ovos, leite e manteiga quando quiser panquecas fresquinhas.
quinta-feira, 16 de setembro de 2010
A novidade está nos detalhes
Tenho uma dificuldade enorme em testar receitas novas no dia-a-dia. Sempre que o tempo aperta a criatividade cai, e termino recorrendo àqueles seis ou sete pratos que faço de olhos fechados. Minha grande ambição é elaborar um cardápio semanal com pratos novos e ingredientes os mais variados, mas nunca consigo a organização necessária.
Enquanto não chego lá, o jeito é dar uma atualizada nos clássicos, como a tilápia meunière que costuma fazer aparições semanais aqui em casa. A receita já foi publicada aqui. A novidade ficou por conta do purê de mandioquinha, que substituiu a tradicional batata, e da abobrinha refogada.
Para fazer o purê, cozinhei cinco mandioquinhas em água até que estivessem macias, depois bati com um pouco de leite morno e temperei com sal e pimenta do reino. Já a abobrinha foi cortada em meias-luas e depois refogada com uma cebola fatiada bem fininha até caramelizar. Arrumar o prato de maneira diferente também ajuda na hora de sair da rotina.
domingo, 12 de setembro de 2010
Comida chinesa em Salvador
Passei muito tempo afastada do blog, mas não das panelas e muito menos das palavras. Estive cozinhando diversas novidades - algumas ainda estão em fase de testes, outras precisando de um tempero final -, mas uma delas é que fui chamada para realizar matérias gastronômicas para a revista Muito, publicada aos domingos pelo jornal A Tarde.
A primeira delas foi sobre comida chinesa em Salvador. Tive a oportunidade de conversar com donos de restaurantes sobre a autenticidade da comida étnica disponível na cidade, os pratos mais populares, e as adaptações que precisaram fazer ao paladar local.
A matéria está disponível para quem quiser ler aqui.
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quinta-feira, 15 de julho de 2010
Como assar um pimentão sem churrasqueira
Parece estranho, mas é assim mesmo
Para mim a melhor maneira de se cozinhar um pimentão sempre foi assando-o na churrasqueira até que a pele ficasse esturricada e por fim viesse a se separar facilmente da carne já macia, doce e levemente defumada. Agora que não tenho mais uma churrasqueira, precisei recorrer a métodos menos ortodoxos para assar pimentões.
Já tinha visto chefs assando pimentões e berinjelas diretamente na boca do fogão na TV antes, mas aquilo sempre havia me parecido errado ou perigoso. Mas com a prática aprendi que não é: basta usar uma pinça de cozinha com cuidado e tratar o fogão como se fosse uma churrasqueira.
Coloque o pimentão diretamente sobre a chama alta e deixe-o queimar uniformemente por todos os lados, girando-o de tempos em tempos com o auxílio de uma pinça de cozinha. Esse processo leva uns quinze minutos no máximo, mas não se assuste com cheiros nem cores de queimado. Quanto mais queimada estiver a pele do pimentão, mais facilmente ela sairá depois que ele tiver esfriado um pouco.
Para retirar a pele queimada, use as mãos ou raspe a superfície do pimentão delicadamente com uma faca (mas não se preocupe em tirar cada resquício), e use o seu pimentão assado como quiser. Eu usei o meu para fazer uma sopa de tomate bem quentinha e aproveitar as temperaturas amenas que tem feito ultimamente.
sexta-feira, 2 de julho de 2010
Comi em Brasília
É incrível como a terra natal tem uma importância nas nossas vidas. Acho que o local onde você nasce, e sobretudo onde você passa sua infância deixa marcas na memória que nenhum outro lugar é capaz de reproduzir. É por isso que sempre irei me considerar brasiliense, por mais que agora já esteja me encaminhando para mais anos vividos aqui em Salvador do que lá.
Recentemente estive na minha terra natal para rever algumas pessoas muito queridas. Entre uma visita à casa onde nasci e uma passadinha na feira do Paraguai - pois programa mais brasiliense não há -, comi muita comida caseira: desde aquela preparada carinhosamente por tios e tias "de consideração" (já que a geração dos meus pais foi para Brasília sem conhecer ninguém e por lá sedimentou amizades muito mais fortes do que laços sanguíneos), até jantares espontâneos com amigos e amigas que se casaram e agora estão arrasando na cozinha (né Karina?), passando por um encontro dos mais requintados com membros dessa minha segunda família, a do meu marido (pois eu sou uma pessoa de muita sorte, e não ganhei apenas um companheiro mas toda uma família).
Por conta disso, não tive a oportunidade de conhecer bem a cena de restaurantes, embora tenha reparado que existe, sim, uma cena bem forte. Fui levada a apenas um restaurante, o Dona Lenha (tem várias locações pela cidade, fui no da Asa Norte), que me deixou com ótimas impressões.
De entrada comi uma das melhores brusquettas que já comi em restaurantes, bem temperada e com saborosíssimos tomatinhos-cereja.
Depois comi um enrolado de massa phyllo de carne de carneiro desfiada com cebola caramelizada, acompanhado por um delicioso molho tzatziki.
Serviço: Dona Lenha (www.donalenha.com.br)
Recentemente estive na minha terra natal para rever algumas pessoas muito queridas. Entre uma visita à casa onde nasci e uma passadinha na feira do Paraguai - pois programa mais brasiliense não há -, comi muita comida caseira: desde aquela preparada carinhosamente por tios e tias "de consideração" (já que a geração dos meus pais foi para Brasília sem conhecer ninguém e por lá sedimentou amizades muito mais fortes do que laços sanguíneos), até jantares espontâneos com amigos e amigas que se casaram e agora estão arrasando na cozinha (né Karina?), passando por um encontro dos mais requintados com membros dessa minha segunda família, a do meu marido (pois eu sou uma pessoa de muita sorte, e não ganhei apenas um companheiro mas toda uma família).
Por conta disso, não tive a oportunidade de conhecer bem a cena de restaurantes, embora tenha reparado que existe, sim, uma cena bem forte. Fui levada a apenas um restaurante, o Dona Lenha (tem várias locações pela cidade, fui no da Asa Norte), que me deixou com ótimas impressões.
De entrada comi uma das melhores brusquettas que já comi em restaurantes, bem temperada e com saborosíssimos tomatinhos-cereja.
Depois comi um enrolado de massa phyllo de carne de carneiro desfiada com cebola caramelizada, acompanhado por um delicioso molho tzatziki.
Serviço: Dona Lenha (www.donalenha.com.br)
segunda-feira, 14 de junho de 2010
Cafezinho
terça-feira, 18 de maio de 2010
Marakuthai e um encontro
Cumprindo aquela promessa que fiz de visitar pelo menos um (ou quantos couber no bolso) restaurante da minha lista de obrigatórios a cada visita à Meca, ops, São Paulo, desta vez optamos por um restaurante do qual já havia ouvido coisas maravilhosas do Edu Luz, autor do famoso bog Da Cachaça pro Vinho. Como se não bastasse, o próprio Edu (com sua esposa e fotógrafa oficial do DCPV, a Dé) fez a gentileza de nos encontrar lá para uma tarde de muita conversa e comida boa.
Na realidade, minha história com o Marakuthai começou até antes disso. No ano passado, estava eu num ônibus lotado em direção à USP, indo para um congresso de cinema, quando vi o prédio - uma casinha branca com as beiradas das portas e janelas pintadas de azul royal - e o nome do restaurante me chamou a atenção. Adoro trocadilhos engraçados e inteligentes. Tempos depois, vim a saber que o Marakuthai era um restaurante conhecido e premiado, capitaneado por uma chef de apenas 21 anos, a Renata Vanzetto.
Alguns meses depois, finalmente entrei naquela casinha branca só para constatar que o interior era exatamente como eu havia imaginado: cheio de personalidade, com elementos étnicos aqui e ali (mas nada com cara de loja de decoração), toques femininos, jovens e bem-humorados. Adorei os vestidos, sapatos e bolsas de bechó que enfeitam escada e banheiro, e descobri até um pôster igualzinho ao que eu trouxe de Hong Kong.
Sobre a comida os elogios só fazem aumentar.
De entrada, comemos bolinhos de cordeiro - deliciosos, mas inesquecíveis eram os molhos de curry e pesto thai com hortelã que acompanhavam.
E shooters de salmão (selado por fora e cru por dentro) com molho de abacate e chips de batata doce. Além de lindo estava delicioso, aliás salmão com abacate é uma daquelas combinações imperdíveis, não é?
De pratos, provamos a costelinha de porco com purê de milho verde e compota de pimenta biquinho - carne maravilhosa, mas o molho de pimenta roubou a cena mais uma vez.
Comi também um prato mais típico thai, o curry verde de frango, só para matar a saudade. Foi sair de lá direto para o Santa Luzia comprar curry verde!
De sobremesa, brigadeiro de panela (literalmente) e pequi gateau.
O brigadeiro estava ótimo, comparável ao da minha mãe que, todo mundo sabe, faz o melhor brigadeiro do universo, mas sensacional mesmo estava o pequi gateau: mesma consistência do bolinho quente que já cansou a beleza de todo o mundo, mas com o inesperado azedinho do pequi, além de outros aromas hipnotizantes que não consegui identificar (cardamomo, talvez).
O Edu e a Dé foram companhias perfeitas para este almoço que se estendeu quase que até o jantar - e olha que falamos pouco sobre comida. Aliás, todas as pessoas que conheci através dos blogs de comida se tornaram grandes amigos e influências na minha vida. Estou cada vez mais convencida de que a comida é a única linguagem cultural capaz de unir as pessoas mais diferentes em torno de uma paixão comum. Enfim, este almoço me deixou muito feliz. Um brinde!
Na realidade, minha história com o Marakuthai começou até antes disso. No ano passado, estava eu num ônibus lotado em direção à USP, indo para um congresso de cinema, quando vi o prédio - uma casinha branca com as beiradas das portas e janelas pintadas de azul royal - e o nome do restaurante me chamou a atenção. Adoro trocadilhos engraçados e inteligentes. Tempos depois, vim a saber que o Marakuthai era um restaurante conhecido e premiado, capitaneado por uma chef de apenas 21 anos, a Renata Vanzetto.
Alguns meses depois, finalmente entrei naquela casinha branca só para constatar que o interior era exatamente como eu havia imaginado: cheio de personalidade, com elementos étnicos aqui e ali (mas nada com cara de loja de decoração), toques femininos, jovens e bem-humorados. Adorei os vestidos, sapatos e bolsas de bechó que enfeitam escada e banheiro, e descobri até um pôster igualzinho ao que eu trouxe de Hong Kong.
Sobre a comida os elogios só fazem aumentar.
De entrada, comemos bolinhos de cordeiro - deliciosos, mas inesquecíveis eram os molhos de curry e pesto thai com hortelã que acompanhavam.
E shooters de salmão (selado por fora e cru por dentro) com molho de abacate e chips de batata doce. Além de lindo estava delicioso, aliás salmão com abacate é uma daquelas combinações imperdíveis, não é?
De pratos, provamos a costelinha de porco com purê de milho verde e compota de pimenta biquinho - carne maravilhosa, mas o molho de pimenta roubou a cena mais uma vez.
Comi também um prato mais típico thai, o curry verde de frango, só para matar a saudade. Foi sair de lá direto para o Santa Luzia comprar curry verde!
De sobremesa, brigadeiro de panela (literalmente) e pequi gateau.
O brigadeiro estava ótimo, comparável ao da minha mãe que, todo mundo sabe, faz o melhor brigadeiro do universo, mas sensacional mesmo estava o pequi gateau: mesma consistência do bolinho quente que já cansou a beleza de todo o mundo, mas com o inesperado azedinho do pequi, além de outros aromas hipnotizantes que não consegui identificar (cardamomo, talvez).
O Edu e a Dé foram companhias perfeitas para este almoço que se estendeu quase que até o jantar - e olha que falamos pouco sobre comida. Aliás, todas as pessoas que conheci através dos blogs de comida se tornaram grandes amigos e influências na minha vida. Estou cada vez mais convencida de que a comida é a única linguagem cultural capaz de unir as pessoas mais diferentes em torno de uma paixão comum. Enfim, este almoço me deixou muito feliz. Um brinde!
segunda-feira, 26 de abril de 2010
Pizza no forno à lenha
Aproveitando a visita de amigos muito queridos lá do Canadá, finalmente estreamos o forno à lenha que habita nosso prédio (e que nunca havia sido usado, coitado, ao contrário da churrasqueira que fica ali bem ao lado) para uma noite de pizzas entre família e amigos.
Como éramos todos marinheiros de primeira viagem a jornada não foi sem alguns percalços, mas no final, entre mortos (de cansaço) e feridos salvaram-se todos - principalmente as pizzas, que foram ficando progressivamente melhores à medida que a noite foi passando.
Para fazer pizza no forno à lenha, os materiais básicos são: lenha (algumas devem estar cortadas em pedaços menores), uma pá apropriada de cabo longo (de madeira ou inox), uma vassoura para limpar o forno antes de acender e/ou entre fornadas, ajudantes pacientes e dispostos a preparar os ingredientes e socorrer a pizzaiola nos momentos de dificuldade.
O fogo demorou a pegar, mas quando pegou ficou uma beleza
Close nas chamas hipnotizantes
A primeira pizza, como era de se esperar, não deu certo. Ficou muito próxima da lenha e se espatifou quando tentei pegar com a pá. Eu sabia que havia uma razão para a pá de madeira custar uma fração do preço da pá de inox (mais fina e que permite soltar e recuperar a pizza com maior facilidade)
Mas depois, com a prática e ajuda preciosa do meu sogro (que precisou adaptar seu know-how em churrascos para o forno à lenha), as pizzas foram ficando boas. Boas não, ótimas!
Receita da massa aqui
Como éramos todos marinheiros de primeira viagem a jornada não foi sem alguns percalços, mas no final, entre mortos (de cansaço) e feridos salvaram-se todos - principalmente as pizzas, que foram ficando progressivamente melhores à medida que a noite foi passando.
Para fazer pizza no forno à lenha, os materiais básicos são: lenha (algumas devem estar cortadas em pedaços menores), uma pá apropriada de cabo longo (de madeira ou inox), uma vassoura para limpar o forno antes de acender e/ou entre fornadas, ajudantes pacientes e dispostos a preparar os ingredientes e socorrer a pizzaiola nos momentos de dificuldade.
O fogo demorou a pegar, mas quando pegou ficou uma beleza
Close nas chamas hipnotizantes
A primeira pizza, como era de se esperar, não deu certo. Ficou muito próxima da lenha e se espatifou quando tentei pegar com a pá. Eu sabia que havia uma razão para a pá de madeira custar uma fração do preço da pá de inox (mais fina e que permite soltar e recuperar a pizza com maior facilidade)
Mas depois, com a prática e ajuda preciosa do meu sogro (que precisou adaptar seu know-how em churrascos para o forno à lenha), as pizzas foram ficando boas. Boas não, ótimas!
Receita da massa aqui
domingo, 11 de abril de 2010
Ovos benedict, ou o brunch da resistência
Uma das coisas do Canadá das quais mais sinto falta é o brunch. Durante nossos quatro anos lá, eu e Luiz estabelecemos um ritual dominical sagrado que consistia em levantar bem tarde e revezar entre nossos restaurantes de brunch preferidos. Não há nada como começar um domingo preguiçoso com um xícara infinita de café com leite, lendo o jornal ou jogando conversa fora e comendo alguma variação das seguintes comidas: frutas, ovos, pão, geléia, queijo, bacon ou presunto, às vezes batatas, panquecas com maple syrup, rabanada etc.
Na minha opinião o prato que guarda a essência do brunch são ovos benedict: pão torrado (a tradição pede um english muffin, mas pode ser pão de forma, brioche ou croissant) com presunto ou lombo canadense (por lá conhecido como "bacon canadense"), um ovo poché por cima coberto com molho hollandaise. Não é obrigatório, mas para dar mais substância (estamos falando de uma refeição que vale pelo café e pelo almoço, afinal) pode ser acompanhado por batatas assadas no forno até ficarem bem crocantes.
Não sei porque (mas desconfio que seja pela tradição muito forte do almoço em família), o conceito de brunch dominical não existe aqui em Salvador. Os poucos restaurantes que servem comidas de café da manhã o fazem muito cedo, o que arruina todo o conceito do brunch - às 11 da manhã, quando deveríamos estar ainda acordando num domingo preguiçoso, o café da manhã já acabou na maioria dos lugares. Além disso, as comidas são bem mais regionais do que internacionais, naturalmente. Não tenho nada contra as frutas e bolos tropicais, muito pelo contrário, mas não há argumentos racionais quando o assunto é desejo.
Já percebi então que se eu quizesse comer meu brunch, teria que fazê-lo eu mesma. E foi o que fiz no último domingo, um pequeno brunch da resistência. Minha primeira versão caseira dos ovos benedict deu incrivelmente certo: os ovos ficaram tão bonitos quanto os do restaurante, e o hollandaise mostrou-se mais fácil do que eu pensava. Aliás, quando você está munida das instruções certas, até os processos mais intimidantes se revelam incrivelmente simples.
Primeiro passo: fazer os ovos poché. Muita gente tem dificuldade para fazer ovos poché, inclusive eu. Já cheguei até a comprar uma buginganga para me dar mais segurança, mas depois percebi que nada melhor do que a prática para acabar com esses medos irracionais.
Percebi também que algumas coisas são importantes para garantir que tudo vai dar certo. Primeiro, não encha demais a panela com água (não é como fazer macarrão), mas apenas o suficiente para submergir o ovo com controle. Quando a água estiver começando a ferver, soltanto as primeiras bolhas, baixe o fogo para médio e coloque uma colher de vinagre branco e uma pitada de sal na água. Não sei porque, mas o vinagre realmente ajuda a clara a se condensar ao redor do ovo, então não deixe de usar.
Depois disso, dê uma mexida na água com uma colher para criar um redemoinho, isso também ajuda a manter a clara e a gema juntas. Outra coisa que ajuda é quebrar o ovo num recipiente antes de levá-lo à água. Assim você consegue aproximar o recipiente o máximo possível da água com controle, sem quebrá-lo diretamente na água. Depois de colocar o ovo na água, deixe por alguns minutos (dois a três minutos para uma gema perfeitamente mole e uma clara durinha) e retire com uma colher.
Você pode fazer os ovos poché com antecedência (até na noite anterior) e armazená-los na geladeira com água fria para interromper o cozimento. Na hora de servir, é só colocá-los de volta na água quente para esquentar. Se as dúvidas persistirem, vale a pena ver o tutorial da Ana Elisa e este vídeo bastante didático.
Segundo passo: fazer o molho hollandaise. O hollandaise é como uma maionese feita com manteiga ao invés de óleo. Segui uma receita da Julia Child para fazer no liquidificador e o resultado, além de rápido e prático, ficou muito gostoso.
No liquidificador, coloque três gemas, uma pitada de sal, pimenta do reino e suco de meio limão. Derreta cerca de 120g de manteiga no fogão ou no microondas e vá alimentando a manteiga derretida aos poucos pelo buraco do liquidificador enquanto bate, como se estivesse fazendo uma maionese mesmo. Pronto! Depois que toda a manteiga tiver sido incorporada, o molho deverá estar cremoso e homogêneo.
Terceiro passo: montar o prato. Faça torradas com o pão de forma, coloque fatias de presunto, bacon cozido ou lombo canadense, o ovo poché por cima e cubra com um pouco do hollandaise. Desta vez não fiz as batatas para acompanhar, mas da próxima farei. Aliás, pretendo fazer várias versões do brunch da resistência de agora em diante.
terça-feira, 30 de março de 2010
Maionese caseira (e um salpicão de quebra)
Tenho algo a confessar: há muitos anos eu não ficava tão ocupada a ponto de não ter tempo para cozinhar - ih, esquece cozinhar, estou sem tempo até para comer... Nem no auge do doutorado isso aconteceu, mas agora que estou ensinando a situação ficou periclitante. Todos dizem que é falta de prática, e quando pegar o ritmo da preparação de aulas e avaliações minha rotina vai voltar ao normal. Eu espero que seja isso mesmo, porque a verdade é que tenho me sentido culpada toda vez que tenho que apelar para um sanduíche feito às pressas ou comida pronta de restaurante.
Deve ter sido por isso que no primeiro dia em que eu tive um tempinho de sobra me deu vontade de fazer alguma coisa que eu nunca tinha feito antes, e que é geralmente considerada difícil e trabalhosa: maionese caseira. Descobri que só é trabalhosa para quem faz à mão (e quem faz é meu herói), porque com o mixer de imersão ou processador a coisa vai bem mais fácil. De qualquer modo dá um trabalhinho sim, e eu recomendo apenas para aquela receita onde a maionese fará toda a diferença, como numa salada de batatas ou neste salpicão de frango.
Maionese caseira (receita do Mark Bittman, How to Cook Everything Vegetarian):
- uma gema de ovo
- uma xícara de óleo vegetal (o mais neutro possível, azeite fica muito forte)
- duas colheres de chá de mostarda Dijon
- uma colher de sopa de suco de limão ou vinagre
- sal e pimenta à gosto
Coloque a gema e a mostarda no fundo de uma vasilha e bata bem até começar a ficar aerado. Vá incorporando o óleo BEM aos pouquinhos (usar um dosador é uma boa pedida), batendo sempre até que tudo esteja bem incorporado. É importantíssimo incorporar o óleo aos poucos, especialmente no início, porque é isso que impede que a maionese separe. Quando ela começar a ficar bem grossa e consistente pode aumentar o fluxo de óleo. Quando estiver tudo incorporado e sem perigo de separar, coloque o suco de limão ou vinagre e tempere com sal e pimenta à gosto. O Bittman diz que ela se conserva em geladeira por até uma semana.
Salpicão de frango:
Para o salpicão, fui apenas juntando ingredientes disponíveis: um peito de frango cozido e cortado em cubinhos, uma cenoura ralada, uma maçã e um pimentão vermelho cortados em cubinhos, meia lata de milho verde. Fiz um molho misturando meia xícara da maionese caseira com meia xícara de creme de leite, misturei bem e deixei na geladeira por uma hora antes de servir. Servi bem frio com batata palha (essa sim comprada pronta, que eu não sou de ferro). Ficou uma delícia.
terça-feira, 16 de março de 2010
Sorvete de côco com abacaxi grelhado
Está amarelo assim mas é côco, acreditem
Eu raramente cozinho coisas as quais não como. Minha cozinha nunca viu a cara de um camarão e acho que deve continuar assim. Acho que é uma coisa comum para quem cozinha para si e os mais próximos, diferentemente dos profissionais que precisam atender pedidos. Não sei como seria se eu trabalhasse num restaurante e tivesse que fazer - e provar - alguma coisa que eu detesto, porque isso iria acontecer mais cedo ou mais tarde.
Mesmo assim, fiz este sorvete de côco para servir com um abacaxi grelhado no final de um jantarzinho thai para amigos chegadíssimos aqui em casa. Não gosto de côco, mas esta era a única sobremesa relativamente autêntica thai fácil de fazer no tempo que eu tinha e apropriada para o calor do verão baiano. Era isso ou banana frita e, vocês sabem, eu tenho nojo de banana. Essa aí eu não faço nem por dinheiro.
Segui a receita passo a passo, mas não teve aquela parte gostosa de provar todas as etapas. Eu provei, fazendo careta, só para constatar que estava com gosto de côco e segui adiante. Foi meio sem graça, confesso. Servi, os convidados amaram de paixão (elogiaram principalmente a combinação do côco com o abacaxi) e eu acredito neles. Mas não comi.
Sorvete de côco com abacaxi grelhado
(Receita adaptada do livro The Food of Thailand)
Para o sorvete:
400 ml (ou 1 xícara e 2/3) de leite de côco
250 ml (1 xícara) de creme de leite fresco
2 ovos
4 gemas (* os ovos caipiras que uso deixam tudo amarelo)
160 g (2/3 de xícara) de açúcar de confeiteiro
uma pitada de sal
Coloque o leite de côco e o creme de leite numa panela para esquentar. Antes de levantar fervura, desligue o fogo e tampe a panela. Reserve. Coloque os ovos, gemas, açúcar e sal numa vasilha e bata por três minutos até a mistura ficar grossa.
Coloque essa mistura para esquentar gentilmente em banho-maria, e aos poucos vá acrescentando a mistura de creme e leite de côco. Quando a mistura estiver grossa o suficiente para encobrir a colher de pau, desligue o fogo. Deixe esfriar por algumas horas e coloque na sorveteira.
Para o abacaxi, basta cortar em rodelas e grelhar pouco antes de servir. Eu gosto de marinar as fatias previamente com rum ou cachaça e um pouco de açúcar mascavo, que ajuda na caramelização.
Eu raramente cozinho coisas as quais não como. Minha cozinha nunca viu a cara de um camarão e acho que deve continuar assim. Acho que é uma coisa comum para quem cozinha para si e os mais próximos, diferentemente dos profissionais que precisam atender pedidos. Não sei como seria se eu trabalhasse num restaurante e tivesse que fazer - e provar - alguma coisa que eu detesto, porque isso iria acontecer mais cedo ou mais tarde.
Mesmo assim, fiz este sorvete de côco para servir com um abacaxi grelhado no final de um jantarzinho thai para amigos chegadíssimos aqui em casa. Não gosto de côco, mas esta era a única sobremesa relativamente autêntica thai fácil de fazer no tempo que eu tinha e apropriada para o calor do verão baiano. Era isso ou banana frita e, vocês sabem, eu tenho nojo de banana. Essa aí eu não faço nem por dinheiro.
Segui a receita passo a passo, mas não teve aquela parte gostosa de provar todas as etapas. Eu provei, fazendo careta, só para constatar que estava com gosto de côco e segui adiante. Foi meio sem graça, confesso. Servi, os convidados amaram de paixão (elogiaram principalmente a combinação do côco com o abacaxi) e eu acredito neles. Mas não comi.
Sorvete de côco com abacaxi grelhado
(Receita adaptada do livro The Food of Thailand)
Para o sorvete:
400 ml (ou 1 xícara e 2/3) de leite de côco
250 ml (1 xícara) de creme de leite fresco
2 ovos
4 gemas (* os ovos caipiras que uso deixam tudo amarelo)
160 g (2/3 de xícara) de açúcar de confeiteiro
uma pitada de sal
Coloque o leite de côco e o creme de leite numa panela para esquentar. Antes de levantar fervura, desligue o fogo e tampe a panela. Reserve. Coloque os ovos, gemas, açúcar e sal numa vasilha e bata por três minutos até a mistura ficar grossa.
Coloque essa mistura para esquentar gentilmente em banho-maria, e aos poucos vá acrescentando a mistura de creme e leite de côco. Quando a mistura estiver grossa o suficiente para encobrir a colher de pau, desligue o fogo. Deixe esfriar por algumas horas e coloque na sorveteira.
Para o abacaxi, basta cortar em rodelas e grelhar pouco antes de servir. Eu gosto de marinar as fatias previamente com rum ou cachaça e um pouco de açúcar mascavo, que ajuda na caramelização.
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sábado, 20 de fevereiro de 2010
Sopa marroquina de lentilhas
Sopa? Com um calor destes? Eu sei, eu sei, deve parecer loucura eu estar falando de sopa em pleno verão, mas não posso evitar. Desde que encontrei conforto nas sopas em 2007 elas vêm fazendo parte do meu cardápio cotidiano, aparecendo dia sim dia não na mesa de jantar. Para mim é uma excelente oportunidade de consumir legumes, ao mesmo tempo em que é a refeição mais simples e prática de se fazer quando o cansaço aperta.
Já tentei dar uma chance às sopas frias, mas ainda não consegui me convencer (tampouco desisti de tentar, é só uma questão de tempo). Então eu digo sim às sopas, mesmo no calor. Afinal, não há nada que um banho frio e um bom ventilador posicionado bem em cima da mesa não resolvam. Ainda mais quando uma amiga queridíssima me presenteia com um livrinho chamado "The Soup Bible", da Editora Penguin.
A primeira receita que escolhi para colocar em prática foi uma sopa marroquina de lentilhas. Já é notório neste blog o quanto eu amo lentilhas e o quanto confio na minha tradicional sopa de lentilhas, mas as duas são bem diferentes. Enquanto a minha receita tem ingredientes mais italianos, essa leva especiarias magrebinas, e isso já foi suficiente para me deixar curiosa. De fato, o gosto é bem diferente e interessante.
Sopa marroquina de lentilhas
(Adaptada do livro Soup Bible, Penguin Books)
- Duas cenouras médias ou uma grande
- Uma cebola média
- Três dentes de alho
- Uma xícara de lentilhas verdes
- Um litro de caldo de galinha ou de legumes
- Uma colher de chá de cominho em pó
- Uma colher de chá de páprica
- Meia colher de chá de harissa*
Pique a cebola e o alho e corte as cenouras em pedacinhos pequenos. Coloque para dourar numa panela com um fio de azeite. Acrescente o cominho e a páprica e deixe cozinhar com os legumes por uns três minutos. Acrescente a harissa e uma pitada de sal. Acrescente as lentilhas e o caldo de galinha, baixe o fogo, tampe a panela e deixe cozinhar por 45 minutos, até as lentilhas ficarem bem macias. (dá tempo de tomar um banho e voltar para a cozinha refrescada). Essa sopa não tem muito líquido, é quase um ensopado de lentilhas que implora para ser servido com um pãozinho torrado do lado.
*A harissa é um molho de pimenta tunisiano (bastante conhecido da minha amiga Fabrícia). Lá no Canadá eu costumava comprar em pasta, mas aqui no Brasil só achei em pó para ser reconstituído com azeite de oliva. De qualquer maneira, é muito bom.
quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010
Omelete + salada = almoço
Se você tem ovos na geladeira, você pode ter um almoço pronto em menos tempo ("jantar em meio minuto", já dizia Julia Child) do que leva para fazer um miojo, e muito mais saudável. Muita gente associa ovos apenas ao café da manhã, mas a verdade é que uma omelete pode perfeitamente servir como um almoço ou jantar, principalmente se for complementada por uma saladinha verde.
Sempre que estou com preguiça de cozinhar, com a geladeira vazia ou sem idéias eu recorro a esta combinação de omelete com salada, e acho que não existe no mundo uma refeição mais rápida e fácil do que esta. Se a fome for muita, a omelete pode ser recheada com queijo e presunto, restos de legumes cozidos, tomates, cogumelos, o que tiver à disposição. A técnica é aquela mesma da Julia Child que eu já falei por aqui, e funciona sempre.
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quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010
Guarda-papaia
Confesso que nunca tinha visto muita utilidade para estes potes de plástico em formato de legumes - tem de cebola, alho, pimentão, uva, até berinjela - até ver este em forma de meio mamão papaia, com direito à representação das sementinhas e tudo. O tamanho é perfeito para os papaias menores, e você não precisa mais usar papel filme para guardar aquela metade que sobrou na geladeira (pode ser usado também para transportar para o trabalho em perfeita segurança e estilo). Comprei por R$1,99 na Le Biscuit de Salvador.
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