quinta-feira, 31 de janeiro de 2008
O melhor, o pior e o mais ou menos da Food Network (Canadá)
A Food Network é um assunto meio tabu entre os blogs de culinária anglófonos, porque (quase) todo mundo assiste, só que (quase) todo mundo mete o pau. É aquele tipo da coisa que todo mundo ama odiar, sabe?
Os mais entendedores criticam o lado didático da emissora, que insiste nas mesmas técnicas e receitas básicas o tempo todo; realmente, deve ser muito bê-a-bá para quem é profissional (ou quase). Outros gostam mesmo é de fuxicar sobre a aparência ou a vida íntima dos chefs-celebridade, o que me parece levar sempre uma pontinha de inveja – quanto mais pessoal e baixaria for a critica, mais inveja. É verdade que os celebrity-chefs jamais terão o mesmo tipo de respeito que os chefs “de verdade” no mundinho gastronômico, mas eu considero que são duas profissões diferentes, e chefs que aparecem na televisão têm que ter um pouco de star-power (se os chefs do FN tem esse carisma todo, aí já é outra questão...).
Alguns poucos, na maioria os que se consideram amadores, confessam que assistem mesmo e gostam de algumas coisas, e não de outras. Eu me encaixo nessa última categoria. Já disse aqui antes que aprendi muita coisa vendo este canal. Sim, tem muita besteira, mas também tem muitas dicas importantes e receitas interessantíssimas. Aliás, para qualquer pessoa que gosta de comida, um canal com programas de culinária 24h no ar a princípio já é legal. Eu prefiro assistir o FN, mesmo que seja um programa meia-boca, do que ver outra besteira qualquer na TV. Mas esta é apenas a minha opinião.
Aqui no Canadá a programação é ligeiramente diferente, pois existem alguns programas locais que não passam nos EUA (e vice-versa). Resolvi comentar o que mais e o que menos gosto do canal, mesmo sabendo que isso pode não interessar a muita gente. Se bem que a maioria dos chefs-celebridades que circulam pela minha tevê são os mesmos que, provavelmente, circulam pela sua também. Então vamos lá.
O pior
Paula’s Home Cooking
Taí um dos poucos programas do FN que faço questão de passar longe. Nem estou falando da voz irritante com aquele sotaque sulista norte-americano, nem das risadas histéricas, nem do cabelo assustador da apresentadora. Estou falando mesmo é das receitas desta senhora que deveria representar a “típica” dona-de-casa americana. Nunca vi uma comida tão gordurosa, tão pouco saudável e tão pouco apetitosa – tudo o que ela faz leva ingredientes bizarros como shortening, queijo processado e que tais. Na minha opinião, este programa promove um desserviço à sociedade e devia ser proibido.
Rachel Ray’s 30-minute meals
Outro programa cujas receitas simplesmente não me apetecem. Em trinta minutos qualquer pessoa é capaz de fazer comida muito melhor do que a dela, que quase sempre consiste em picar um monte de cebolas, abrir uma lata de tomates e jogar um monte de carne numa panela. Não vou nem entrar no mérito da chatice da RR, que virou uma celebridade na televisão americana, apesar de ninguém gostar dela. É muito chato ter que ouvir aquele carisma forçado, a invenção gratuita de palavras (acho que o tal do E.V.O.O. – extra virgin olive oil entrou até para os dicionários!), e a falta total de técnica. Tudo bem que ela não é chef treinada, mas pelo tempo que ela cozinha já devia ter aprendido a manusear melhor uma faca.
O melhor
Jamie at Home
Eu tenho um problema com o Jamie Oliver. Acho ele meio antipático, um tanto megalomaníaco, e super-exposto na mídia. Mas uma coisa eu não posso negar: ele AMA comida, e está fazendo esforços legítimos para passar um pouco desse amor para o resto do mundo. Dos mil e um programas nos quais ele aparece atualmente, o Jamie at Home é de longe o melhor. Do seu quintal ele dá dicas sobre como plantar ervas e vegetais, faz receitas maravilhosas que parecem facílimas, e às vezes até comanda um churrascão improvisado. Tudo bem que algumas receitas parecem improvisadas demais (mão suja de terra nos ingredientes!?!), mas isso dá para abstrair numa boa.
Barefoot Contessa
Eu já gostava do programa e das receitas clássicas de Ina Garten, mas depois que eu soube que ela comandava o departamento de energia nuclear da Casa Branca, e largou tudo para abrir uma loja de produtos de comer, me apaixonei. Ela é carismática sem ser chata, as receitas são clássicos que todo mundo deveria ter no repertório, e aquela casa dela nos Hamptons é muito chique. Meu marido gosta de brincar dizendo que ele é meu Jeffrey, o maridão gente boa que aparece no final, sempre sorridente, para saborear as guloseimas da Contessa, e eu não me incomodo de tê-los como casal ideal para daqui a alguns anos.
Everyday Italian
Quando eu vi a patricinha italiana Giada de Laurentiis na cozinha pela primeira vez, logo pensei que não devia ser lá muito interessante. Mas ela me conquistou aos poucos com receitas simples, saborosas, e um foco sempre especial para as sobremesas (acho que ela ama chocolate tanto quanto eu). Tem coisas no programa dela que eu não gosto, como o lado étnico meio fake (ela é tão italiana quanto os Sopranos), mas nenhuma receita dela jamais me deixou na mão.
Os mais ou menos
Nigella Feasts
Com Nigella aconteceu o contrário de Giada de Lantentiis: eu tentei, de toda maneira, gostar dela, mas não teve jeito. Admiro muitíssimo o modo como ela descreve os ingredientes, ressaltando a beleza e a sensualidade das cores, formas e aromas, mas detesto as receitas. Muito raramente tenho vontade de fazer algo que ela faz, e quando tentei confesso que me decepcionei com o resultado. Nigella é vista como defensora da comida verdadeira por não ser magérrima e comer de tudo, mas eu já a ouvi dizendo que sua filosofia é “se tem gosto bom, eu como”. E eu definitivamente não concordo com isso.
Chef at Home
Este é um dos programas canadenses que provavelmente não são exibidos nos EUA. O apresentador, Michael Smith, já foi chef profissional dos melhores e, hoje em dia, cozinha “de casa” para a família, mostrando como todo cozinheiro amador pode incrementar a janta do dia-a-dia com algumas técnicas básicas. Adoro a premissa do programa, e gosto ainda mais de reconhecer as marcas dos ingredientes na telinha, mas falta algo para este programa ser realmente bom. Michael Smith pode ser um excelente cozinheiro, mas suas habilidades em frente à câmera são limitadíssimas, o que me deixa um pouco constrangida.
Não-diretamente relacionado a receitas, tem dois programas que considero geniais no FN Canadá. Um deles é o Food Jammers, onde três rapazes inventam maneiras pouquíssimo convencionais de matar a larica -quer dizer, a fome. Além de ser extremamente engraçado, este programa é bem criativo e diferente dos programas sobre comida e ciência que já existem por aí (tipo o Good Eats, com Alton Brown, que lembra o Mundo de Beakman que eu via quando era criança). O segundo é Glutton for Punishment, onde Bob Blummer se joga de cabeça no mundo das competições insanas de comida. Enquanto ele brinca de domar abelhas e comer japapeños, a gente vai aprendendo sobre as loucuras que existem nesse mundo culinário.
quarta-feira, 30 de janeiro de 2008
Panna cotta de chocolate
Estava "futucando" o blog da querida Agdá atrás de uma receita de massa de pizza, quando me deparei com esta panna cotta de chocolate com calda de amaretto. Com chocolate no nome, aquilo já foi logo me chamando a atenção. Também queria fazer uma panna cotta há tempos, pois anda na moda na TV e eu já estava ficando curiosa.
Segui rigorosamente a receita da Agdá; só não fiz a calda porque não tinha licor amaretto, então substituí por farelos de biscoitinhos amaretti. Até desenformei bonitinho e fiquei altamente satisfeita com a textura, que lembra a de um pudim. Realmente é um doce bem leve e refrescante, e o gosto do chocolate é bem sutil. Achei até um pouco sutil demais para mim, pois quando como algo de chocolate espero sentir aquele gosto bem chocolatal, sabem?
terça-feira, 29 de janeiro de 2008
A outra virou sopa
Com a outra metade da couve-flor eu fiz uma sopa fácil e cremosíssima para o dia seguinte: corte os floretes de couve-flor em pedaços pequenos e reserve. Doure uma cebola média e dois dentes de alho num fio de azeite, junte a couve-flor, um litro de caldo de legumes e cozinhe tudo até a couve-flor ficar macia, uns 15 a 20 minutos. Bata no liquidificador até ficar cremoso e volte para a panela. Coloque meia xícara de parmesão ralado na hora, sal e pimenta a gosto.
Risotto de couve-flor com pangrattato
Pois bem, com metade daquela belezoca de couve-flor eu fiz este risotto maravilhoso. A receita original é do Jamie Oliver, mas ela já andou rodando o mundo pelos blogs de comer - mais uma prova de que as receitas mais rodadas são mesmo as melhores.
A receita pode ser facilmente encontrada aqui, ou aqui, ou no livro do Jamie Oliver (Jamie's Italy), de maneira que não vou repetir passo a passo. Mas vou reforçar as coisas mais geniais que achei sobre esse prato:Primeiro, o pangrattato promove um contraste de textura e um "kick" de sal e pimenta indispensáveis (experimente colocar mais à medida que for comendo o risotto).
Segundo, a couve-flor deixa o risotto, que já é um prato cremoso, mais cremoso ainda (e isso só pode ser bom). A técnica de deixar a couve-flor cozinhando no caldo e depois amassá-la com o garfo até incorporar no arroz é fantástica. Faz-se uso do que a verdura tem de melhor (sua consistência aveludada), sem mascarar demais o gosto. Depois de comer este prato ninguém terá a coragem de dizer que couve-flor não tem gosto de nada.
Servi com um Pinot Noir cujo rótulo fofíssimo me cativou na loja. Não é uma gracinha?
A vida íntima da couve-flor
A couve-flor é um vegetal tão meigo, não é mesmo? Já começa pelo formato de bouquets, que nesta foto ficou parecendo mais um bonsai. E a cor, ah esse branquinho imaculado também é qualquer coisa. Aqueles que não gostam que me perdoem, mas a couve-flor é uma maravilha. Sabe por que? Porque além de ter todas aquelas vitaminas das quais precisamos, poucos vegetais neste mundo são tão naturalmente cremosos e combinam tããão bem com queijo. Ah, e quase nenhum tem flor no nome.
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sábado, 26 de janeiro de 2008
Minha mãe é uma sereia
Eu sempre gostei muito desse filme (Mermaids, 1990) com Cher, Winona Ryder e Christina Ricci (quando esta era apenas uma pirralha). Cher interpreta uma mulher meio maluquete dos anos 60, mãe solteira de uma adolescente obcecada com coisas de Igreja e uma menininha que adora nadar. Gosto de como o conflito entre mãe e filha é tratado de maneira leve e criativa; da trilha sonora e dos figurinos retrôs. Outro dia eu reparei em mais uma coisa interessante: a única coisa que a Cher cozinha para suas filhas são hors-d'oeuvre, ou finger food para comer em festa. Do café da manhã até o peru do thanksgiving, tudo o que ela faz é servido em bandejas de festa, enfiado em palitos de dente decorados ou cortado em forma de estrela com o cortador de biscoito. E ela faz refeições inteiras dessas coisas! Isso diz muito sobre a personagem, mas é um detalhe que eu mesma nunca havia notado (e gostei de notar agora).
sexta-feira, 25 de janeiro de 2008
Chocolate chip cookies
Chega um dia na vida de toda pessoa amante de docinhos e bolinhos que uma oportunidade única se apresenta: você encontra uma receita de chocolate chip cookies especialmente atraente e fácil de fazer. Tem todos os ingrendientes em casa. E logo hoje, que você tem um tempinho sobrando. Você olha aquela foto na internet, que está de dar água na boca. E pensa: mas será que eu consigo? Será que meu biscoitinho caseiro vai sair tão gostoso quanto aos do mercado, tão fotogênico quanto os da internet?
Bem, quem quer se aventurar seriamente no mundo dos baked goods tem que superar essa insegurança mais cedo ou mais tarde e meter as caras, sabendo que seus primeiros biscoitos podem não sair belos como os da foto, ou apetitosos como os do mercado. Mas um dia você chega lá. Persista, porque nada (repito: nada) supera aquela sensação de tirar biscoitos perfeitos e quentinhos do forno, e a certeza de que você não depende mais das versões industrializadas e seus ingredientes misteriosos.
Existem milhares de receitas de chocolate chip cookies disponíveis por aí, e todo mundo parece ter uma favorita. Eu não tenho uma favorita, nem gabarito para comparar diferentes receitas, porque esta foi a primeira que eu testei. Encontrei-a no site da Smitten Kitchen, e escolhi porque ela me pareceu suficientemente simples para uma marinheira de primeira viagem.
Você vai precisar de:
- 1/2 xícara de açúcar branco refinado
- 1/2 xícara de açúcar mascavo
- 115g de manteiga, fria, cortada em pedacinhos
- 1 ovo grande
- 1 colher de chá de extrato de baunilha
- 1/2 colher de chá de bicarbonato de sódio (baking soda)
- 1 e 1/4 de xícara de farinha
- 1/4 de colher de chá de sal (uma pitada)
- 200g de chocolate chips meio-amargo
*A receita original pedia ainda 130g de nozes trituradas, que eu omiti
Pré-aqueça o forno para 150C (300F) e coloque os racks nas partes superiores do forno. Forre duas travessas com papel manteiga e reserve (bem, como meu forno é muito do vagabundo e só tem um rack, tive que fazer a receita e assar em duas etapas; a boa notícia é que a segunda leva parece não ter sofrido nada com a espera - pelo contrário, saiu ainda melhor porque aí eu já tinha as manhas).
Numa batedeira, misture os açúcares e a manteiga até virarem um creme pálido. Coloque o ovo, baunilha e bicarbonato e mexa mais (bem, como minha batedeira é muito da vagabunda e não tem a pá apropriada, bati tudo na mão mesmo, com uma espátula de silicone, o que também não colocou nenhum empecilho no resultado final - meu deus, estou conseguindo fazer esses biscoitos against the odds).
Misture a farinha e o sal e, por fim, incorpore os chocolate chips (e as nozes, se for usar). Faça bolinhas pequenas com a massa e coloque sobre as bandejas cobertas com papel manteiga, e asse por uns 18 minutos, ou até o biscoito começar a ficar dourado. Ele vai parecer um pouco mole ainda, mas é que ele endurece bastante ao esfriar. Eu fiz a minha primeira leva grande demais, e saí com biscoitos gigantes, mas se você fizer pequeninos, deve terminar com uns 35 biscoitos.
Tire os biscoitos (que podem não ter saído perfeitos, mas até que não fizeram feio para uma primeira tentativa) da travessa com a ajuda de uma espátula e coloque-os para esfriar, de preferência numa gradezinha de metal. Depois guarde-os num recipiente bem fechado. Ou coma quente mesmo, sentido o doce sabor do sucesso e da auto-suficiência.
Olho maior que a barriga
Dando continuidade ao papo do tamanho das porções que eu timidamente lancei faz pouco tempo, um trechinho de Michael Pollan:
"Researchers have found that people (and animals) presented with large portions will eat up to 30% more than they would otherwise. Human apetite, it turns out, is surprisingly elastic" (The Omnivore's Dilemma)
A gente tem mesmo o olho maior que a barriga, e essas mega-porções e supersizes da vida só fazem alimentar (olha o trocadilho infame) esse traço perfeitamente natural de nossos instintos biológicos. Diante daquele pratão do restaurante ou do rodízio de pizza, parece quase absurdo desperdiçar comida, quando na verdade estamos "estocando" mais do que a princípio deveríamos. Os orientais é que sabem das coisas - comendo com pauzinhos você não só come menos, como saboreia mais cada "garfada" (estou muito engraçadinha hoje).
"Researchers have found that people (and animals) presented with large portions will eat up to 30% more than they would otherwise. Human apetite, it turns out, is surprisingly elastic" (The Omnivore's Dilemma)
A gente tem mesmo o olho maior que a barriga, e essas mega-porções e supersizes da vida só fazem alimentar (olha o trocadilho infame) esse traço perfeitamente natural de nossos instintos biológicos. Diante daquele pratão do restaurante ou do rodízio de pizza, parece quase absurdo desperdiçar comida, quando na verdade estamos "estocando" mais do que a princípio deveríamos. Os orientais é que sabem das coisas - comendo com pauzinhos você não só come menos, como saboreia mais cada "garfada" (estou muito engraçadinha hoje).
quinta-feira, 24 de janeiro de 2008
Sushi party
Participamos de uma sushi party pela primeira vez na semana passada. Nossos amigos se empenharam na produção do tema: tinha sakê, sopa de miso, chá de jasmim e, claro, todos os apetrechos para fazer o sushi, que ficou muito gostoso (além de muito bonito). Eu levei vegetais para fazer a minha versão sem peixe, mas acho que no calor do momento terminei comendo uns com atum e salmão (risos). Foi divertidíssimo. Aprendi alguns truques para preparar o arroz e enrolar o sushi, mas não sei se saberia reproduzir sozinha.
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Diário de um foodie
A revista Gourmet tem um especial de reportagens sobre comida chamado Diary of a Foodie, que já está na segunda temporada. Agora eles disponibilizaram todos os episódios completos da primeira temporada no website. Tem até uma reportagem sobre o Brasil muito interessante, junto com outras legais sobre a China, Itália e Espanha. Imperdível!
quarta-feira, 23 de janeiro de 2008
Torta de chocolate com limão da Faby
Eu sabia que minha hora ia chegar. A receita mais reproduzida pelas leitoras do Rainhas do Lar em 2007, a torta de chocolate com limão da Faby, rodou, rodou e terminou chegando em minhas mãos. Tudo porque eu me encarreguei de levar uma torta para uma festa, e a única requisição dos anfitriões era que não fosse nada muito seco. Achei que seria uma boa oportunidade para provar a receita da Faby, até porque a combinação do azedinho do limão com o doce do chocolate seria perfeita para o tema meio asiático da festinha.
A torta arrasou Paris em chamas. Facílima de fazer, mas o lance de ter as duas camadas faz parecer que é um troço muito do complicado. A receita está aqui, explicadíssima pela Faby.
A meal to remember
Ontem eu e Luiz comemoramos três anos de casamento, e decidimos trocar os tradicionais presentes por um jantar mais indulgente num restaurante francês chamado La Montée de Lait. Gastamos três vezes mais do que normalmente costumamos gastar nnum jantar, mas valeu cada centavo, especialmente por tratar-se de uma ocasião especial. Pena que não tiramos nenhuma foto - até levei a câmera antiga, que é menor e mais discreta, só para chegar lá e descobrir que estava sem bateria (damn it!). Bem, esse jantar vai ter que ficar só na memória mesmo (o que não vai ser muito difícil).
Já virou até clichê criticar a cozinha francesa por servir pratos minúsculos, mas eu nunca saí de um restaurante desses com o estômago vazio. As pessoas confundem moderação com escassez, mas a verdade é que, com pratos menores, você pode comer mais variedade sem sentir-se empanturrado ou com a consciência pesada. Eu prefiro comer três ou quatro pratinhos pequenos e elegantes do que um pratão de steak e batata frita qualquer dia - esse é, aliás, o tão comentado segredo dos franceses, que os americanos não entendem nunca (como pode, eles comem de tudo, pão, vinho, queijos, carne vermelha, e não têm os mesmos problemas de obesidade que a gente?)
Outra coisa que amo no restaurante francês é o serviço. Paga-se caro, é verdade, mas o cliente é tratado como rei. O garçom é gentil e prestativo sem ser frio ou insistente, entende da comida e dá sugestões preciosas sobre pratos e vinhos. Ontem pedimos o especial de quatro pratos, que podia ser qualqer combinação desejada entre os pratos salgados, tábuas de queijos e sobremesas. Luiz foi bem carnívoro e pediu um prato de peixe com um vegetal (novidade pra mim) chamado salsify, um vitelo e pato confit com mousse de fois gras. Eu pedi um prato de queijo de cabra sobre uma panqueca de berinjela, um porco assado com melaço, um prato de queijos e sobremesa.
O La Montée de Lait é um restaurante pequeno, no início era apenas um bar de queijos e vinhos, mas eventualmente foi a qualidade da comida que colocou-o no mapa dos lugares gourmets de Montréal. A decoração é simples, a música agradável, a apresentação dos pratos impecável e a comida e o serviço, como disse, especiais. Chegamos lá às 20h, saímos às 23h30 junto com os últimos clientes, satisfeitos e felizes - uma verdadeira experiência.
Já virou até clichê criticar a cozinha francesa por servir pratos minúsculos, mas eu nunca saí de um restaurante desses com o estômago vazio. As pessoas confundem moderação com escassez, mas a verdade é que, com pratos menores, você pode comer mais variedade sem sentir-se empanturrado ou com a consciência pesada. Eu prefiro comer três ou quatro pratinhos pequenos e elegantes do que um pratão de steak e batata frita qualquer dia - esse é, aliás, o tão comentado segredo dos franceses, que os americanos não entendem nunca (como pode, eles comem de tudo, pão, vinho, queijos, carne vermelha, e não têm os mesmos problemas de obesidade que a gente?)
Outra coisa que amo no restaurante francês é o serviço. Paga-se caro, é verdade, mas o cliente é tratado como rei. O garçom é gentil e prestativo sem ser frio ou insistente, entende da comida e dá sugestões preciosas sobre pratos e vinhos. Ontem pedimos o especial de quatro pratos, que podia ser qualqer combinação desejada entre os pratos salgados, tábuas de queijos e sobremesas. Luiz foi bem carnívoro e pediu um prato de peixe com um vegetal (novidade pra mim) chamado salsify, um vitelo e pato confit com mousse de fois gras. Eu pedi um prato de queijo de cabra sobre uma panqueca de berinjela, um porco assado com melaço, um prato de queijos e sobremesa.
O La Montée de Lait é um restaurante pequeno, no início era apenas um bar de queijos e vinhos, mas eventualmente foi a qualidade da comida que colocou-o no mapa dos lugares gourmets de Montréal. A decoração é simples, a música agradável, a apresentação dos pratos impecável e a comida e o serviço, como disse, especiais. Chegamos lá às 20h, saímos às 23h30 junto com os últimos clientes, satisfeitos e felizes - uma verdadeira experiência.
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segunda-feira, 21 de janeiro de 2008
A mousse de chocolate mais fácil que você já viu
Decidi dar este título meio sensacionalista ao post porque acredito que todo mundo deve ter uma receita de sobremesa fácil e rápida na manga, para aqueles momentos de aperto. Esta mousse, embora precise ficar na geladeira por no mínimo duas horas antes de ser servida, demora dez minutos para ser feita, no máximo, e leva basicamente dois ingredientes - chocolate e ovos. Sim, é verdade. Nada de açúcar, manteiga nem creme de leite. Eu também não acreditei que seria possível, mas segui a receita (tirada do livro "Je Veux du Chocolat", de Trish Deseine) e ficou muito bom. Não é a melhor mousse de chocolate que eu já comi - mas ei, eu prometi a mais fácil, e não a melhor, tá?
Então vamos lá. Como os ingredientes são mínimos, é muito importante que se use um chocolate da melhor qualidade, de preferência com 70% cacau. Além de ter um gosto melhor, o chocolate meio-amargo bom derrete melhor, e isto é fundamental no processo de confecção da mousse, senão ele pode endurecer e encaroçar a mistura. Além disso, você vai precisar de cinco ovos grandes, separados em gemas e claras.
Derreta 150g de chocolate em banho-maria. Se quiser, coloque uma colher de sopa de rum, licor de café ou café forte (o líquido ajuda a afinar o chocolate derretido, mas é inteiramente opcional). Desligue o fogo, mas mantenha o chocolate no banho-maria para evitar que ele endureça, e junte as gemas com cuidado para não cozinhá-las. Reserve.
Depois disso, bata as claras em neve até ficarem bem firmes. Como eu usei um chocolate bem escuro, adicionei duas colheres de sopa de açúcar às claras para adoçar um pouco. Depois incorpore as claras em neve à mistura de chocolate com bastante cuidado. Coloque num pote grande, ou em quatro potinhos individuais e leve à geladeira por no mínimo duas horas.
Apesar de ser uma versão ultra-simplificada da receita de mousse de chocolate tradicional, que leva manteiga e cozinha as gemas com açúcar em banho-maria, ela fica com uma textura perfeita. Estou pensando em testar depois a receita da Julia Child e voltar aqui para comparar os resultados.
Então vamos lá. Como os ingredientes são mínimos, é muito importante que se use um chocolate da melhor qualidade, de preferência com 70% cacau. Além de ter um gosto melhor, o chocolate meio-amargo bom derrete melhor, e isto é fundamental no processo de confecção da mousse, senão ele pode endurecer e encaroçar a mistura. Além disso, você vai precisar de cinco ovos grandes, separados em gemas e claras.
Derreta 150g de chocolate em banho-maria. Se quiser, coloque uma colher de sopa de rum, licor de café ou café forte (o líquido ajuda a afinar o chocolate derretido, mas é inteiramente opcional). Desligue o fogo, mas mantenha o chocolate no banho-maria para evitar que ele endureça, e junte as gemas com cuidado para não cozinhá-las. Reserve.
Depois disso, bata as claras em neve até ficarem bem firmes. Como eu usei um chocolate bem escuro, adicionei duas colheres de sopa de açúcar às claras para adoçar um pouco. Depois incorpore as claras em neve à mistura de chocolate com bastante cuidado. Coloque num pote grande, ou em quatro potinhos individuais e leve à geladeira por no mínimo duas horas.
Apesar de ser uma versão ultra-simplificada da receita de mousse de chocolate tradicional, que leva manteiga e cozinha as gemas com açúcar em banho-maria, ela fica com uma textura perfeita. Estou pensando em testar depois a receita da Julia Child e voltar aqui para comparar os resultados.
domingo, 20 de janeiro de 2008
Paella de tomates
O autor Mark Bittman tem uma coluna no NY Times chamada "O Minimalista", onde ele ensina a fazer pratos simples porém extremamente sofisticados que eu adoro (e, francamente, quem não adoraria?). Recentemente uma receita me chamou a atenção: paella de tomates. Toda a complexidade de cores e de sabores do famoso prato espanhol, só que sem a trabalheira de misturar aquelas carnes e peixes todos. Maravilha! Especialmente para quem, como eu, gosta dos sabores da paella (arroz, açafrão) mas não curte frutos do mar (nem essa mistura de peixes e carnes).
Então decidi que ia fazer a paella de tomates para um jantar com amigos, mas queria servir uma carne para acompanhar. Passadas diversas elocubrações, cheguei à conclusão de que o melhor seria fazer um frango assado bem simples, para não concorrer com os sabores da paella. Mas, já que eu ia fazer um frango, porque não incorporá-lo à paella? Eu sei, eu sei, toda razão de ser da receita original era fazer uma paella SEM carne, e cá estava eu mudando tudo de novo. Mas quer saber de uma coisa? Serei rebelde. E assim fiz a paella de tomates com frango.
A adição do frango transformou o prato numa refeição completa mas, não vou mentir, a estrela dessa receita são mesmo os tomates. Felizmente eu consegui comprar uns tomates roma bem maduros e suculentos, o que é raro de encontrar aqui no inverno. A receita manda temperar os tomates antes de adicioná-los ao prato, o que dá um sabor maravilhoso e evita que eles se desmanchem em líquido no forno. Quando os tomates saem fumegantes em cima daquele arroz amarelinho, e explodem na boca ao serem mordidos, é uma delícia.
A segunda coisa importante é o arroz. A receita recomenda um arroz espanhol, mas diz que o importante mesmo é que seja um arroz de grão curto. Como não encontrei o tal arroz espanhol, substituí pelo arbóreo italiano (aquele usado em risottos). Deu certo. A terceira coisa importante é o açafrão de verdade. Sim, é caro (é o tempero mais caro do mundo), mas usa-se tão pouco que termina valendo o investimento.
Paella com tomates (serve 4 a seis pessoas)
- 3 xícaras e 1/2 de caldo de galinha ou água
- 500g, aprox. cinco tomates grandes maduros
- uma cebola média cortada em padaços
- uma colher de sopa de alho picadinho (uns 4 dentes)
- uma colher de sopa de extrato de tomate
- uma pitada de açafrão
- 2 colheres de chá de páprica
- 2 xícaras de arroz de grão curto
- azeite de oliva, sal e pimenta do reino à gosto
- 2 peitos de frango com osso, sem pele, cortados em pedaços grandes (opcional)
1. Pré-aqueça o forno em médio-alto. Esquente o caldo de galinha ou água numa panela separada. Corte os tomates em quartos ou fatias bem grossas, e coloque numa vasilha com bastante sal, pimenta e azeite extra-virgem. Reserve.
2. Esquente uma colher de sopa de azeite numa frigideira grande e que possa ir ao forno* em fogo médio-alto. Se for usar o frango, doure os pedaços no azeite e depois reserve. Coloque a cebola e o alho na frigideira e mexa até começar a dourar. Junte o extrato de tomate, açafrão, páprica, sal e pimenta e cozinhe por mais uns 3 minutos. Coloque o arroz e mexa mais uma vez. Adicione o caldo (ou água) quente e mexa até que tudo esteja bem incorporado.
3. Arranje os tomates (e os pedaços de frango, se estiver usando) por cima da mistura, que neste ponto ainda estará bem aguada. Leve a frigideira ao forno por 15-20 minutos, até que o arroz esteja al dente e o frango cozido. É interessante checar após 10 minutos - se o arroz parecer muito seco e ainda estiver duro, coloque mais água e deixe cozinhar mais um pouco.
4. Essa receita fica excelente também com outros vegetais além do tomate. Eu coloquei aspargos por causa da cor, mas experimente colocar também fatias de beringela, abobrinha etc. Basta calcular o tempo de cozimento desses vegetais para que tudo fique pronto ao mesmo tempo (se o tempo for maior que 15 minutos, pré-cozinhe os vegetais; se for menor, adicione-os ao arroz nos últimos minutos de cozimento).
* Se o cabo da sua frigideira for de madeira ou plástico, um truque muito interessante para transformá-la em resistente ao forno é cobrir o cabo com uma boa folha de papel alumínio.
Então decidi que ia fazer a paella de tomates para um jantar com amigos, mas queria servir uma carne para acompanhar. Passadas diversas elocubrações, cheguei à conclusão de que o melhor seria fazer um frango assado bem simples, para não concorrer com os sabores da paella. Mas, já que eu ia fazer um frango, porque não incorporá-lo à paella? Eu sei, eu sei, toda razão de ser da receita original era fazer uma paella SEM carne, e cá estava eu mudando tudo de novo. Mas quer saber de uma coisa? Serei rebelde. E assim fiz a paella de tomates com frango.
A adição do frango transformou o prato numa refeição completa mas, não vou mentir, a estrela dessa receita são mesmo os tomates. Felizmente eu consegui comprar uns tomates roma bem maduros e suculentos, o que é raro de encontrar aqui no inverno. A receita manda temperar os tomates antes de adicioná-los ao prato, o que dá um sabor maravilhoso e evita que eles se desmanchem em líquido no forno. Quando os tomates saem fumegantes em cima daquele arroz amarelinho, e explodem na boca ao serem mordidos, é uma delícia.
A segunda coisa importante é o arroz. A receita recomenda um arroz espanhol, mas diz que o importante mesmo é que seja um arroz de grão curto. Como não encontrei o tal arroz espanhol, substituí pelo arbóreo italiano (aquele usado em risottos). Deu certo. A terceira coisa importante é o açafrão de verdade. Sim, é caro (é o tempero mais caro do mundo), mas usa-se tão pouco que termina valendo o investimento.
Paella com tomates (serve 4 a seis pessoas)
- 3 xícaras e 1/2 de caldo de galinha ou água
- 500g, aprox. cinco tomates grandes maduros
- uma cebola média cortada em padaços
- uma colher de sopa de alho picadinho (uns 4 dentes)
- uma colher de sopa de extrato de tomate
- uma pitada de açafrão
- 2 colheres de chá de páprica
- 2 xícaras de arroz de grão curto
- azeite de oliva, sal e pimenta do reino à gosto
- 2 peitos de frango com osso, sem pele, cortados em pedaços grandes (opcional)
1. Pré-aqueça o forno em médio-alto. Esquente o caldo de galinha ou água numa panela separada. Corte os tomates em quartos ou fatias bem grossas, e coloque numa vasilha com bastante sal, pimenta e azeite extra-virgem. Reserve.
2. Esquente uma colher de sopa de azeite numa frigideira grande e que possa ir ao forno* em fogo médio-alto. Se for usar o frango, doure os pedaços no azeite e depois reserve. Coloque a cebola e o alho na frigideira e mexa até começar a dourar. Junte o extrato de tomate, açafrão, páprica, sal e pimenta e cozinhe por mais uns 3 minutos. Coloque o arroz e mexa mais uma vez. Adicione o caldo (ou água) quente e mexa até que tudo esteja bem incorporado.
3. Arranje os tomates (e os pedaços de frango, se estiver usando) por cima da mistura, que neste ponto ainda estará bem aguada. Leve a frigideira ao forno por 15-20 minutos, até que o arroz esteja al dente e o frango cozido. É interessante checar após 10 minutos - se o arroz parecer muito seco e ainda estiver duro, coloque mais água e deixe cozinhar mais um pouco.
4. Essa receita fica excelente também com outros vegetais além do tomate. Eu coloquei aspargos por causa da cor, mas experimente colocar também fatias de beringela, abobrinha etc. Basta calcular o tempo de cozimento desses vegetais para que tudo fique pronto ao mesmo tempo (se o tempo for maior que 15 minutos, pré-cozinhe os vegetais; se for menor, adicione-os ao arroz nos últimos minutos de cozimento).
* Se o cabo da sua frigideira for de madeira ou plástico, um truque muito interessante para transformá-la em resistente ao forno é cobrir o cabo com uma boa folha de papel alumínio.
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sexta-feira, 18 de janeiro de 2008
Sopa de lentilha vermelha
Encontrei esta sopa no New York Times, com o jornalista dizendo que tinha pegado a receita com um amigo numa festa. De cara, já gostei do tom casual da história. Eu não conhecia as lentilhas vermelhas mas, segundo ele, elas cozinham mais rápido que suas irmãs convencionais, e tendem a espatifar-se quando cozidas, o que fazem delas péssimas candidatas para saladas mas ótimas para sopas. Achei a proposta interessante, especialmente pela adição pouco convencional de cominho, limão e pimenta.
Fui lá no mercadinho e comprei um saco de lentilhas vermelhas orgânicas. De noite, fiz a sopa e gostei de ver que ela realizou tudo o que prometia: um sabor diferente das outras sopas de lentilha, mas igualmente reconfortante e "alimentante". Não fiz alteração nenhuma na receita, só usei mais lentilhas porque achei que a quantidade recomendada ia render pouco - o resultado foi que a sopa ficou bem grossa, do jeito que eu gosto.
Sopa de lentilha vermelha com limão (serve de 2 a 4 pessoas)
- 1 cebola picadinha
- 2 dentes de alho picados
- 2 col. de sopa de extrato de tomate
- 1 col. de chá de cominho
- uma pitada de pimenta cayenne ou chili powder
- 4 xícaras de caldo de galinha ou de legumes
- 1 xícara de lentilhas vermelhas (*usei uma xícara e meia)
- 1 cenoura grande, cortada em pedacinhos
- suco de meio limão siciliano
- azeite de oliva, sal e pimenta do reino à gosto
Numa panela grande, esquente um fio de azeite e refogue a cebola e o alho até dourar. Coloque o extrato de tomate, cominho, cayenne e refogue por mais uns dois minutos. Junte o caldo, duas xícaras de água, as lentilhas e a cenoura. Tempere com sal e pimenta a gosto. Quando o líquido ferver, diminua o fogo para baixo e deixe cozinhar com a tampa parcialmente cobrindo a panela por 15-20 minutos, ou até as lentilhas começarem a espatifar. Coloque metade da sopa no liquidificador e bata - a idéia é que a sopa fique um pouco "chunky" (pedaçuda). Misture a parte batida à parte que está na panela e volte a esquentar. Coloque o suco do limão e sirva em seguida.
Fui lá no mercadinho e comprei um saco de lentilhas vermelhas orgânicas. De noite, fiz a sopa e gostei de ver que ela realizou tudo o que prometia: um sabor diferente das outras sopas de lentilha, mas igualmente reconfortante e "alimentante". Não fiz alteração nenhuma na receita, só usei mais lentilhas porque achei que a quantidade recomendada ia render pouco - o resultado foi que a sopa ficou bem grossa, do jeito que eu gosto.
Sopa de lentilha vermelha com limão (serve de 2 a 4 pessoas)
- 1 cebola picadinha
- 2 dentes de alho picados
- 2 col. de sopa de extrato de tomate
- 1 col. de chá de cominho
- uma pitada de pimenta cayenne ou chili powder
- 4 xícaras de caldo de galinha ou de legumes
- 1 xícara de lentilhas vermelhas (*usei uma xícara e meia)
- 1 cenoura grande, cortada em pedacinhos
- suco de meio limão siciliano
- azeite de oliva, sal e pimenta do reino à gosto
Numa panela grande, esquente um fio de azeite e refogue a cebola e o alho até dourar. Coloque o extrato de tomate, cominho, cayenne e refogue por mais uns dois minutos. Junte o caldo, duas xícaras de água, as lentilhas e a cenoura. Tempere com sal e pimenta a gosto. Quando o líquido ferver, diminua o fogo para baixo e deixe cozinhar com a tampa parcialmente cobrindo a panela por 15-20 minutos, ou até as lentilhas começarem a espatifar. Coloque metade da sopa no liquidificador e bata - a idéia é que a sopa fique um pouco "chunky" (pedaçuda). Misture a parte batida à parte que está na panela e volte a esquentar. Coloque o suco do limão e sirva em seguida.
quinta-feira, 17 de janeiro de 2008
A vida de Julia na França
Minha admiração pela vida e carreira de Julia Child já é pública e notória neste blog. Então vou tentar não me repetir muito e falar apenas do livro My Life in France, que conta os anos em que ela e o marido, Paul Child, moraram em Paris e arredores, e que basicamente fizeram de Julia, Julia. Ela descreve com riqueza de detalhes o primeiro prato que comeu em território francês - um sole meunière perto do porto onde o navio deles aportou -, cujo sabor e simplicidade fizeram um "clic" em seu espírito; e desde então ela passou a entregar-se à nem sempre doce tarefa de tornar-se tão boa cozinheira quanto o melhor dos chefs franceses. Mas isso, para uma americana já não muito jovem, na França da década de 40, não foi tarefa fácil e o livro conta as incontáveis batalhas de Julia com o idioma, os costumes, os ingredientes, o machismo, a xenofobia.
Em seguida ela conta tintim-por-tintim sobre o processo de escritura do Mastering the Art of French Cooking, que rapidamente tornou-se um dos livros mais importantes do mundo da culinária. Desde a difícil seleção das receitas, até a fase enlouquecedora de testes (Julia conta que comeu umas duas galinhas inteiras no mesmo dia testando uma receita!), as brigas com os incrédulos editores, as diferenças de personalidade entre ela e as co-autoras francesas, foram mais de dez anos de labuta, resumidos de modo genial no livro. Quando Mastering é finalmente publicado o leitor sente aquele alívio gostoso de um final feliz.
Para quem gosta de comida e especialmente de Julia, esta é uma leitura obrigatória. Mas ele é também um importante documento sobre a vida de um casal mais ou menos ordinário naquela época, entregue às aventuras de uma vida totalmente nova num país estrangeiro. Talvez por estar eu numa situação parecida, me identifiquei muito com alguns aspectos da narrativa (guardadas as devidas proporções, lógico), pois também tive que enfrentar alguns destes problemas, e também tive o mesmo "clic" proporcionado por estar numa cidade de foodies que mudou o modo como eu encaro comida hoje em dia.
My Life in France é também uma leitura altamente inspiradora, sobre uma mulher que lutou contra adversidades mis para perseguir seu grande sonho, e prosperou. Não é à toa que sua história vai virar filme. Mas eu, se fosse você, não esperava pelo filme e ia logo lendo o livro!
Em seguida ela conta tintim-por-tintim sobre o processo de escritura do Mastering the Art of French Cooking, que rapidamente tornou-se um dos livros mais importantes do mundo da culinária. Desde a difícil seleção das receitas, até a fase enlouquecedora de testes (Julia conta que comeu umas duas galinhas inteiras no mesmo dia testando uma receita!), as brigas com os incrédulos editores, as diferenças de personalidade entre ela e as co-autoras francesas, foram mais de dez anos de labuta, resumidos de modo genial no livro. Quando Mastering é finalmente publicado o leitor sente aquele alívio gostoso de um final feliz.
Para quem gosta de comida e especialmente de Julia, esta é uma leitura obrigatória. Mas ele é também um importante documento sobre a vida de um casal mais ou menos ordinário naquela época, entregue às aventuras de uma vida totalmente nova num país estrangeiro. Talvez por estar eu numa situação parecida, me identifiquei muito com alguns aspectos da narrativa (guardadas as devidas proporções, lógico), pois também tive que enfrentar alguns destes problemas, e também tive o mesmo "clic" proporcionado por estar numa cidade de foodies que mudou o modo como eu encaro comida hoje em dia.
My Life in France é também uma leitura altamente inspiradora, sobre uma mulher que lutou contra adversidades mis para perseguir seu grande sonho, e prosperou. Não é à toa que sua história vai virar filme. Mas eu, se fosse você, não esperava pelo filme e ia logo lendo o livro!
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A questão do tempo
Hoje em dia ninguém tem mais tempo nem paciência para nada, e quem termina sofrendo com isso são nossos estômagos. Reconheço que trabalhar em casa me dá uma certa vantagem nesse quesito, e que cozinhar para mim é uma espécie de terapia pós-trabalho, mas não é a realidade de todo mundo. A maioria de nós nem quer saber de enfrentar um fogão após um dia de trabalho, ou acha que vai dar muito trabalho e, mais frequentemente do que se gostaria, termina apelando para congelados prontos ou delivery, o que não é muito saudável. Mas não precisa ser assim. Sinceramente, não levou nem trinta minutos (o tempo aproximado para uma pizza chegar em casa) para eu marinar e grelhar o salmão, cozinhar e temperar o orzo (que é mais rápido que arroz), cozinhar o brócolis no vapor e passá-lo na frigideira com alho tostado. Fazer comida boa e simples não dá trabalho e não leva necessariamente muito tempo. Basta ter um pouquinho de boa vontade e a cabeça aberta. É claro que depois tenho uma pilha de louça para lavar (sem máquina), mas considero isso um preço barato a ser pago pelo meu bem-estar.
segunda-feira, 14 de janeiro de 2008
Como fazer amigos e influenciar pessoas (com comida e gatos)
Nossa amizade com os vizinhos começou bastante tímida: basicamente, trocávamos olhares curiosos sobre o que saía das churrasqueiras um do outro pela varanda. Pelas ervas frescas crescendo na jardineira deles percebemos que eles, também, gostavam de comer e cozinhar. Passamos então a trocar tchauzinhos. Às vezes, passávamos pela porta deles e sentíamos o cheiro de algo delicioso sendo preparado. Creio que o mesmo acontecia do lado de lá.
Entretanto, só nos apresentamos formalmente depois que um problema qualquer no prédio nos obrigou a sair para o lobby - Gaston tentou fugir, como sempre, e nos pusemos a conversar sobre gatos. Eles estavam pensando em adotar um filhotinho também na SPCA, e demos algumas dicas. Conversa vai, conversa vem, descobrimos que nossas afinidades iam além de gatos e comida: ela também é estudante em tempo integral, interessa-se pela cultura latino-americana e sabe até tocar percussão. E ele, que já fez curso de barman, é mestre em fazer caipirinhas.
Julie e Philippe tornaram-se nossos primeiros amigos vraiment quebecois, e são uma espécie de versão francófona da gente; não demorou muito para as gostosuras começarem a ir de apartamento para apartamento. Fizemos uma pequena feijoada para eles, que adoraram (apesar de não ter ficado das melhores); e já comemos frango assado e uma pizza caseira deliciosa na casa deles. Temos um no outro cobaias sempre prontas e dispostas a experimentar algo novo, ou emprestar um ingrediente que esteja faltando (além de cat-sitters altamente qualificados).
Hoje em dia até Gaston e Gardelle (a gatinha que eles adotaram) ficaram amigos, apesar de serem verdadeiros opostos: ela, pequena e arisca, e ele, grande e preguiçoso. Enquanto os gatos correm atrás um do outro, nós conversamos horas a fio sobre ingredientes, restaurantes e mercados. É uma delícia falar sobre comida (e cozinhar) com quem tem o mesmo interesse que você no assunto, e quem sabe a importância de um prato feio com esmero e os melhores ingredientes.
Outro dia eles nos convidaram para uma refeição bem francófona e invernal: raclette. Apesar de ser também de origem suíça, este prato não ficou tão popular quanto o fondue no restante do mundo. Eu achei não só mais prático, como também mais variado e mais leve que aquele fondue onde frita-se a carne no óleo e depois todo mundo fica com cheiro de gordura.
O aparelho consiste numa chapa elétrica em cima, com pequenas "panelinhas" na parte de baixo onde coloca-se pedaços de queijo para serem derretidos. O queijo raclette, que deu nome ao prato, é especialmente saboroso e derrete divinamente. Os suíços comem este prato com muitos picles e conservas, mas nós fomos de carne, frango e vegetais frescos, que grelhamos na hora sobre a chapa enquanto tomávamos um vinho espanhol maravilhoso.
O interessante da raclette é que cada um come o que quiser, no seu ritmo e da sua maneira: pode-se derreter o queijo e colocar sobre o pão, ou fazer um sanduíche com a carne grelhada, ou passar a carne nos molhos, ou fazer uma versão vegetariana, enfim, as opções são inúmeras. Não é muito diferente do bulgogi (o churrasquinho coreano) que comemos há algumas semanas, o que me fez pensar que quase todas as culturas têm uma versão do prato faça-você-mesmo-e-cozinhe-na-hora. Porque simplesmente é muito gostoso e divertido.
Um brinde às novas amizades!
Entretanto, só nos apresentamos formalmente depois que um problema qualquer no prédio nos obrigou a sair para o lobby - Gaston tentou fugir, como sempre, e nos pusemos a conversar sobre gatos. Eles estavam pensando em adotar um filhotinho também na SPCA, e demos algumas dicas. Conversa vai, conversa vem, descobrimos que nossas afinidades iam além de gatos e comida: ela também é estudante em tempo integral, interessa-se pela cultura latino-americana e sabe até tocar percussão. E ele, que já fez curso de barman, é mestre em fazer caipirinhas.
Julie e Philippe tornaram-se nossos primeiros amigos vraiment quebecois, e são uma espécie de versão francófona da gente; não demorou muito para as gostosuras começarem a ir de apartamento para apartamento. Fizemos uma pequena feijoada para eles, que adoraram (apesar de não ter ficado das melhores); e já comemos frango assado e uma pizza caseira deliciosa na casa deles. Temos um no outro cobaias sempre prontas e dispostas a experimentar algo novo, ou emprestar um ingrediente que esteja faltando (além de cat-sitters altamente qualificados).
Hoje em dia até Gaston e Gardelle (a gatinha que eles adotaram) ficaram amigos, apesar de serem verdadeiros opostos: ela, pequena e arisca, e ele, grande e preguiçoso. Enquanto os gatos correm atrás um do outro, nós conversamos horas a fio sobre ingredientes, restaurantes e mercados. É uma delícia falar sobre comida (e cozinhar) com quem tem o mesmo interesse que você no assunto, e quem sabe a importância de um prato feio com esmero e os melhores ingredientes.
Outro dia eles nos convidaram para uma refeição bem francófona e invernal: raclette. Apesar de ser também de origem suíça, este prato não ficou tão popular quanto o fondue no restante do mundo. Eu achei não só mais prático, como também mais variado e mais leve que aquele fondue onde frita-se a carne no óleo e depois todo mundo fica com cheiro de gordura.
O aparelho consiste numa chapa elétrica em cima, com pequenas "panelinhas" na parte de baixo onde coloca-se pedaços de queijo para serem derretidos. O queijo raclette, que deu nome ao prato, é especialmente saboroso e derrete divinamente. Os suíços comem este prato com muitos picles e conservas, mas nós fomos de carne, frango e vegetais frescos, que grelhamos na hora sobre a chapa enquanto tomávamos um vinho espanhol maravilhoso.
O interessante da raclette é que cada um come o que quiser, no seu ritmo e da sua maneira: pode-se derreter o queijo e colocar sobre o pão, ou fazer um sanduíche com a carne grelhada, ou passar a carne nos molhos, ou fazer uma versão vegetariana, enfim, as opções são inúmeras. Não é muito diferente do bulgogi (o churrasquinho coreano) que comemos há algumas semanas, o que me fez pensar que quase todas as culturas têm uma versão do prato faça-você-mesmo-e-cozinhe-na-hora. Porque simplesmente é muito gostoso e divertido.
Um brinde às novas amizades!
domingo, 13 de janeiro de 2008
Frango vesúvio
Vi esta receita num programa de comida italiana, mas depois descobri que é na verdade um prato ítalo-americano, típico de Chicago (!). De qualquer maneira, resolvi testar e aprovei, embora tenha feito algumas alterações. A receita original pedia alcachofras, mas como não tinha substituí por cebolinhas (cipollini ou pearl onions) inteiras. Ficou uma delícia. Adoro essas receitas "one-pot", pois geralmente são bem práticas mas têm aquele sabor de slow-cooked, parece que você passou o dia inteiro fazendo o prato. Usei a minha super-maravilhosa panela de ferro da Kitchen Aid, que comprei na promoção do boxing day pela barganha de CAN $30,00 (o preço normal de uma panela dessas é uns cem dólares). Hoje senti o quanto valeu a pena enfrentar a confusão do boxing day por esta panela.
Frango vesúvio (à minha moda):
- 2 peitos de frango com osso (eu cortei os peitos ao meio; use coxas ou mais peito se for servir mais que 2 pessoas)
- 400g de batatas cortadas em cubos grandes
- 10 cebolinhas inteiras sem casca*
- 4 dentes de alho cortadinhos
- 3/4 de xícara de vinho branco seco
- 3/4 de xícara de caldo de galinha
- 1 colher de chá de tomilho fesco
- 1 colher de chá de orégano seco
- azeite de oliva, sal e pimenta a gosto
*Uma dica para tirar a casca das cipollini é colocá-las em água fervente por uns 30 segundos, depois passá-las em água gelada; a casca deverá sair com maior facilidade.
Pré-aqueça o forno médio-alto (450F). Tempere os pedaços de frango (sem pele) com sal e pimenta. No fogão, aqueça um fio de azeite numa panela grande e pesada (e que possa ir ao forno) até ficar bem quente. Doure os pedaços de frango no azeite e retire-os da panela. Coloque as batatas e deixe-as dourar também (uns 5 minutos). Tempere as batatas com sal e pimenta, depois junte o alho e doure por mais um minuto. Junte o vinho branco e, com uma colher de pau, raspe os pedacinhos que estiverem grudados no fundo da panela. Coloque o caldo de galinha, as ervas e as cebolinhas. Coloque os pedaços de frango de volta na panela, tampe e leve ao forno por uns 20 minutos. Sirva com o caldo que se forma no fundo da panela, arroz branco e um vegetal verde, já que o caldo não tem muita cor (ervilhas são sugeridas).
quinta-feira, 10 de janeiro de 2008
Mais sobre as sacolas ecológicas
Muito se discute atualmente (no mundo dos foodblogs e fora dele) sobre o terrível mal dos sacos de mercado de plástico, e sobre como é melhor, mais bacana e mais ecologicamente correto levar a sua própria sacola de lona re-utilizável. A esta altura, acho que já chegamos à conclusão de que de fato é melhor para todos: para os mercados que não precisam mais fazer circular o plástico; para o consumidor que faz algo bacana, se livra daquele montão de saco que não serve para nada e ainda posa de eco-friendly com sua sacolinha personalizada; para o resto do mundo que não liga a mínima para essa discussão (mas devia, pois dela também se beneficia).
Montreal é uma cidade eco-friendly na medida do possível (ainda não entendo essa mania de jogar móveis e eletrodomésticos quebrados na rua), embora alguns mercados não tenham ainda adotado a prática de cobrar pelas sacolas de plástico, como alguns mercados americanos e europeus fazem, para coibir seu uso. Os sacos de papel existem, embora tenhamos que pedir por eles, vemos campanhas na televisão incentivando o uso das sacolas de lona, e muitos mercados oferecem estas sacolas a preço de banana (comprei a minha no Metro por CAN$ 1,00), mas na boca do caixa ainda vemos a predominância das sacolas de plástico por aqui.
Para mim, a questão não foi tanto de migrar para a sacola de lona re-utilizável, coisa que não doeu nadinha nadinha, mas encontrar uma que me servisse bem. O problema é que eu não ando de carro e geralmente passo no mercado ou na feira depois da faculdade ou academia, de modo que não posso ter minha sacolona sempre à mão (a não ser que eu colocasse meus livros na sacola da feira, mas isso feriria até meus mais desleixados visuais). Encontrei a solução esta semana: trata-se de uma sacola de nylon bem resistente, mas totalmente maleável.
Dobrada - e a minha tem até um botãozinho para segurar tudo no lugar - ela fica menor que uma carteira. Cabe até no bolso.
Desdobrada ela fica num tamanho razoável, ideal para carregar a compra da semana. E ainda é bonitinha!
Já estou usando ela sem parar, e não somente no mercado: na loja, na locadora, pra que saco plástico minha gente? É bem verdade que ainda tenho que pedir (insistir, e de vez em quando brigar) para colocarem as compras na minha sacolinha, e às vezes quando eu olho já estão enfiando as coisas nos sacos plásticos, daí tenho que dar uma de chata e tirar tudo de novo. Mas é por uma boa causa, e sei que um dia todo mundo estará consciente disso. A minha sacola de nylon custou CAN$ 8,00 na Zone, e tinham milhares de outros modelos e cores lá para escolher.
Montreal é uma cidade eco-friendly na medida do possível (ainda não entendo essa mania de jogar móveis e eletrodomésticos quebrados na rua), embora alguns mercados não tenham ainda adotado a prática de cobrar pelas sacolas de plástico, como alguns mercados americanos e europeus fazem, para coibir seu uso. Os sacos de papel existem, embora tenhamos que pedir por eles, vemos campanhas na televisão incentivando o uso das sacolas de lona, e muitos mercados oferecem estas sacolas a preço de banana (comprei a minha no Metro por CAN$ 1,00), mas na boca do caixa ainda vemos a predominância das sacolas de plástico por aqui.
Para mim, a questão não foi tanto de migrar para a sacola de lona re-utilizável, coisa que não doeu nadinha nadinha, mas encontrar uma que me servisse bem. O problema é que eu não ando de carro e geralmente passo no mercado ou na feira depois da faculdade ou academia, de modo que não posso ter minha sacolona sempre à mão (a não ser que eu colocasse meus livros na sacola da feira, mas isso feriria até meus mais desleixados visuais). Encontrei a solução esta semana: trata-se de uma sacola de nylon bem resistente, mas totalmente maleável.
Dobrada - e a minha tem até um botãozinho para segurar tudo no lugar - ela fica menor que uma carteira. Cabe até no bolso.
Desdobrada ela fica num tamanho razoável, ideal para carregar a compra da semana. E ainda é bonitinha!
Já estou usando ela sem parar, e não somente no mercado: na loja, na locadora, pra que saco plástico minha gente? É bem verdade que ainda tenho que pedir (insistir, e de vez em quando brigar) para colocarem as compras na minha sacolinha, e às vezes quando eu olho já estão enfiando as coisas nos sacos plásticos, daí tenho que dar uma de chata e tirar tudo de novo. Mas é por uma boa causa, e sei que um dia todo mundo estará consciente disso. A minha sacola de nylon custou CAN$ 8,00 na Zone, e tinham milhares de outros modelos e cores lá para escolher.
quarta-feira, 9 de janeiro de 2008
Verão em pleno inverno, ou sopa de ervilha e manjericão
Quem já passou pela geleira canadense sabe que essa coisa de frio é muito relativa. Essa semana, por exemplo, estávamos comemorando que os termômetros subiram um tiquinho de nada acima do zero. 10 graus positivos em pleno janeiro, onde a temperatura normal seria de -15? U-hu! Tirem as bermudas e chinelos do armário!!
O problema é que, enquanto comemoramos um alívio temporário do frio arrasador (i.e., podemos andar pelas ruas sem pedir a morte), dentro dos lugares fechados os aquecedores continuam a todo o vapor. E nem adianta diminuir, porque esses troços são tão velhos que quando eles finalmente chegam à temperatura ideal, lá fora já está tudo congelado novamente.
Então nos encontramos nessa situação constrangedora, suando dentro de casa e morrendo de frio lá fora (sim, porque 10 graus ainda é frio), sem saber se comemoramos o "calorzinho" de nossas caldeiras habitáveis ou se desejamos com uma pontinha de remorso a volta do frio, agora que estamos preparados para ele.
Considerei essa sopa de ervilhas com manjericão ideal para os dias estranhos que temos tido. É sopa, a comida quintessencial do inverno; mas é tão leve, verde e refrescante que mais parece uma salada. A ervilha em si é naturalmente doce, e a adição da erva fresca nos transportou diretamente para épocas menos frias. Além disso, é fácil, rápida e não requer que se esquente a barriga no fogão.
Sopa de ervilhas com manjericão (para duas pessoas)
- 2 xícaras de ervilhas congeladas
- 2 copos de água ou caldo de legumes (usei água mesmo para facilitar ainda mais)
- um punhadão de manjericão fresco picado
- uma cebola pequena picadinha
- um dente de alho picadinho
- 2 col. de sopa de manteiga
- 1 xícara de creme de leite fresco
Primeiro, refogue a cebola e o alho na manteiga até ficarem translúcidos. Antes de começar a dourar, acrescente as ervilhas (congeladas mesmo) e refogue mais um pouco. Junte o manjericão e o líquido (água ou caldo). Leve tudo ao liquidificador e bata até virar um creme - se achar muito grosso, bote mais água. Volte à panela em fogo baixo, acrescente o creme de leite e deixe engrossar por alguns minutinhos (é o tempo de fazer umas torradinhas). Tempere com sal e pimenta a gosto (mas lembre-se que o gosto final sempre será doce) e sirva com um refrescante e borbulhante vinho verde português.
O problema é que, enquanto comemoramos um alívio temporário do frio arrasador (i.e., podemos andar pelas ruas sem pedir a morte), dentro dos lugares fechados os aquecedores continuam a todo o vapor. E nem adianta diminuir, porque esses troços são tão velhos que quando eles finalmente chegam à temperatura ideal, lá fora já está tudo congelado novamente.
Então nos encontramos nessa situação constrangedora, suando dentro de casa e morrendo de frio lá fora (sim, porque 10 graus ainda é frio), sem saber se comemoramos o "calorzinho" de nossas caldeiras habitáveis ou se desejamos com uma pontinha de remorso a volta do frio, agora que estamos preparados para ele.
Considerei essa sopa de ervilhas com manjericão ideal para os dias estranhos que temos tido. É sopa, a comida quintessencial do inverno; mas é tão leve, verde e refrescante que mais parece uma salada. A ervilha em si é naturalmente doce, e a adição da erva fresca nos transportou diretamente para épocas menos frias. Além disso, é fácil, rápida e não requer que se esquente a barriga no fogão.
Sopa de ervilhas com manjericão (para duas pessoas)
- 2 xícaras de ervilhas congeladas
- 2 copos de água ou caldo de legumes (usei água mesmo para facilitar ainda mais)
- um punhadão de manjericão fresco picado
- uma cebola pequena picadinha
- um dente de alho picadinho
- 2 col. de sopa de manteiga
- 1 xícara de creme de leite fresco
Primeiro, refogue a cebola e o alho na manteiga até ficarem translúcidos. Antes de começar a dourar, acrescente as ervilhas (congeladas mesmo) e refogue mais um pouco. Junte o manjericão e o líquido (água ou caldo). Leve tudo ao liquidificador e bata até virar um creme - se achar muito grosso, bote mais água. Volte à panela em fogo baixo, acrescente o creme de leite e deixe engrossar por alguns minutinhos (é o tempo de fazer umas torradinhas). Tempere com sal e pimenta a gosto (mas lembre-se que o gosto final sempre será doce) e sirva com um refrescante e borbulhante vinho verde português.
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A Malzbier original
Na realidade, essa cerveja não qualificaria como uma Malzbier tradicional como a gente conhece, apesar de ser também da família das cervejas de malte, escuras e mais adocicadas. Descobri que ela é um scotch ale, que provavelmente tem melaço e wisky em sua constituição, e que seu teor alcoólico é de mais de 8% (hic!). E que gostei muito! Mais forte e menos enjoativa que a Malzbier brasileira. Encontrei por CAN$ 2,40 no SAQ (lojas que regulam e vendem vinhos e outras bebidas alcoólicas no Quebec).
terça-feira, 8 de janeiro de 2008
Na lunchbox dele tem...
Salmão de forno com ervas frescas
Ainda bem que o único peixe que eu gosto é o salmão, que tem todos aqueles ômega-3 e outros benefícios à saúde. E ainda bem que aqui é a terra do salmão, e encontra-se uma variedade enorme (atlântico, selvagem, coho, sockeye) o ano todo, pelo mesmo preço ou até mais barato que frango. Como pelo menos duas vezes por semana, fresco ou defumado.
Este aí ficou bem gostoso. Eu peguei a posta inteira, com osso e pele e tudo, e coloquei para marinar com azeite de oliva, alho picadinho, mostarda (usei uma colher de Dijon tradicional e uma da "ancienne", aquela dos grãozinhos), sal, pimenta e bastante ervas picadinhas (usei manjericão e tomilho frescos). Deixei marinar por uma hora e depois assei por vinte minutos. Servi com abobrinhas e chalotas grelhadas, mas na hora de comer senti falta de um arrozinho.
segunda-feira, 7 de janeiro de 2008
Marché Adonis
Todo mundo me falava desse mercado libanês Adonis, que tinha as melhores carnes frescas da cidade, que tinha as melhores frutas e verduras (mesmo no inverno), que tinha requeijão cremoso igual ao nosso etc etc. Demorei a ir porque é muito fora do caminho, só de carro mesmo. Semana passada, aproveitando a carona de uns amigos, finalmente fomos lá.
Estava lotadaço, mas de cara deu para ver que é bom mesmo. E não só nos produtos do oriente médio, embora estes sejam o grande diferencial - tudo é bom e fresco. Uma seção só com conservas - azeitonas, cebolas, alcachofras enormes. Outra só com frutas secas. A parte de frutas e verduras frescas tinha os produtos mais bonitos que vi desde o mercado Jean Talon no verão. No fundo, o açougue só vende carne escolhida e encomendada diretamente ao açougueiro - nada de pacotes já prontos e embalados.
O que me surpreendeu mais, no entanto, foi a seção de doces e comidas prontas. Tudo feito na hora e exibido com um capricho sem igual. Bandejas douradas e ornadas com montanhas de baklavas e doces persas de dar água na boca. No outro balcão, kibes e esfihas de comer com os olhos (ainda bem que vendem quentinho para comer ali mesmo). Até os sorvetes são feitos na hora e os bolos embalados sob medida.
Docinhos persas
Kibe-heaven
Agora o lado ruim... apesar de tudo estar muito caprichosamente apresentado, o tal do "human relations" deixou a desejar. O açougueiro era tão ou mais mal-encarado que o soup nazi do Seinfeld, e os funcionários davam olhares mortais para você sair do caminho. O que me leva ao outro ponto negativo, que é a quantidade de gente. O mercado em si é pequeno demais para a multidão que estava ali, tudo bem que era um sábado, mas mal dava para enxergar o que estava nos balcões. Nem sei como eu consegui surrupiar essas fotos sem esbarrar em alguém e/ou ser presa.
Resumindo: muito bom, mas continuará sendo um evento esporádico para mim. Ou seja, só quando acabar meu estoque de suco de romã, ou quando eu tiver um desejo enorme de comer um baklava decente. No dia-a-dia, prefiro o mercadinho aqui perto de casa que é menor e onde, como aquele bar da música, todo mundo sabe meu nome.
Serviço: Marché Adonis - especialidades libanesas, carnes e frutas e verduras de primeira (mas não achamos o requeijão cremoso). 2001 rua Sauvé Ouest, Montréal.
Ter ou não ter
A foto do copinho marroquino no post abaixo me pôs ontem a pensar em como eu e Luiz mudamos desde a nossa chegada em Montreal. Nossa passagem por aqui é temporária, uma vez que minha bolsa de estudos vem do Brasil e nos obriga a retornar ao final dos quatro anos. O fato é que, para vir para cá, tivemos que deixar nossas vidas no Brasil em suspenso, incluídas aí nossas coisas. Mal havíamos terminado de montar nossa casa e já tivemos que empacotar tudo, de modo que alguns presentes de casamento nem saíram das caixas. Mas tudo bem, já que sabíamos que voltaríamos.
Por conta disso, quando chegamos aqui não queríamos comprar nem fazer nada que nos prendesse demais à nossa nova morada canadense - pensando em não desperdiçar dinheiro e em evitar mais uma despedida dolorosa depois. Mas, por outro lado, precisávamos de coisas, já que nosso belo conjunto de louça de nada nos servia se aqui não podíamos usá-lo. Fizemos então um acordo de que compraríamos apenas o que fosse essencial para a casa, tentaríamos evitar comprar o que já tínhamos no Brasil e procuraríamos investir apenas no que pudéssemos levar de volta.
Sinal disso é que alguns de nossos pratos de servir são mesmo da loja de um dólar, e a maioria dos eletrodomésticos portáteis são de marcas desconhecidas. Mas aos poucos chegamos à conclusão de que não dá para viver de essencial e temporário por muito tempo - afinal, já passamos mais tempo de nossa vida de casados aqui do que lá. Quatro anos é muito tempo, e a gente PRECISA mesmo de coisas supérfluas. Eu PRECISO dos copinhos marroquinos, preciso de algumas coisas bonitinhas ao meu redor para me sentir confortável.
Atualmente o acordo ainda está mantido, mas afroxou-se bastante. Nossos pratos de servir de um dólar convivem com outros de dez, quinze, vinte. Já posso olhar os copinhos marroquinos na loja e decidir comprá-los sem me sentir culpada e sem ter que pensar mil vezes na tríplice pergunta (eu preciso mesmo disso? tem no Brasil? vou poder levar?). Aliás, vira e mexe olhamos para o gato e nos perguntamos se não foi ali mesmo que mandamos o diabo do acordo às cucuias...
Por conta disso, quando chegamos aqui não queríamos comprar nem fazer nada que nos prendesse demais à nossa nova morada canadense - pensando em não desperdiçar dinheiro e em evitar mais uma despedida dolorosa depois. Mas, por outro lado, precisávamos de coisas, já que nosso belo conjunto de louça de nada nos servia se aqui não podíamos usá-lo. Fizemos então um acordo de que compraríamos apenas o que fosse essencial para a casa, tentaríamos evitar comprar o que já tínhamos no Brasil e procuraríamos investir apenas no que pudéssemos levar de volta.
Sinal disso é que alguns de nossos pratos de servir são mesmo da loja de um dólar, e a maioria dos eletrodomésticos portáteis são de marcas desconhecidas. Mas aos poucos chegamos à conclusão de que não dá para viver de essencial e temporário por muito tempo - afinal, já passamos mais tempo de nossa vida de casados aqui do que lá. Quatro anos é muito tempo, e a gente PRECISA mesmo de coisas supérfluas. Eu PRECISO dos copinhos marroquinos, preciso de algumas coisas bonitinhas ao meu redor para me sentir confortável.
Atualmente o acordo ainda está mantido, mas afroxou-se bastante. Nossos pratos de servir de um dólar convivem com outros de dez, quinze, vinte. Já posso olhar os copinhos marroquinos na loja e decidir comprá-los sem me sentir culpada e sem ter que pensar mil vezes na tríplice pergunta (eu preciso mesmo disso? tem no Brasil? vou poder levar?). Aliás, vira e mexe olhamos para o gato e nos perguntamos se não foi ali mesmo que mandamos o diabo do acordo às cucuias...
domingo, 6 de janeiro de 2008
quarta-feira, 2 de janeiro de 2008
Comida coreana
Eu e Luiz estamos viciados numa novela coreana que fez o maior sucesso nos países de língua asiáticas. Chamada Dae Jang Geum, ou Jewel in the Palace em inglês, ela conta a história verídica da primeira mulher a se tornar médica real no século XV. Além de todo o melodrama que eu adoro, o que é mais fascinante nessa novela são as demonstrações culinárias - sim, porque Jang Geum começa como ajudante da cozinha real e ali aprende não somente a cozinhar pratos maravilhosos como também conhece o poder de cura dos alimentos, parte importante da medicina oriental.
Em cada capítulo há cenas longas dedicadas a mostrar em detalhes a preparação das comidas, a busca pelos melhores ingredientes, os banquetes reais. Além disso, grande parte do drama é diretamente relacionado à comida - será que o Rei vai gostar do pato preparado pela mestra de Jang Geum, ou vai preferir a sopa exótica oferecida por sua arqui-inimiga? O embate entre essas duas personagens, aliás, encarna muitas das discussões que vemos sobre alimentação e saúde hoje em dia. Ficamos vidrados na televisão e sempre terminamos morrendo de fome.
Semana passada, coincidentemente, fomos convidados a jantar num restaurante coreano. Não havia ali, naturalmente, nada que nos fizesse lembrar imediatamente da novela: o ambiente simples e meio sujo dizia claramente que estávamos num fast-food joint de Montreal dos anos 2000, e não na cozinha real coreana dos 1400. Aos poucos, porém, fomos nos sentindo mais no clima, especialmente quando vimos que toda comida é fresca e preparada na hora com a mesma paixão.
O prato que pedimos é a especialidade da casa, e um dos mais populares da cozinha coreana: Bul go gi, também conhecido como churrasco coreano. Trata-se de fatias de carne cortadas bem fininhas e marinadas com molho shoyo e outros ingredientes picantes, depois colocadas numa espécie de chapa instalada diretamente sobre a mesa. Comemos carne, frango e porco, cada um tinha um tempero e uma intensidade diferentes.
O procedimento de "fazer você mesmo" lembrou um pouco o do fondue, com o diferencial de que o marinado dá um sabor todo especial à carne. Acompanham arroz branco, brotos de bambu, repolho picante (kimchi), folhas de alface e mais molho shoyo. Nossos amigos pediram também uma panqueca de frutos do mar e cebolinha que estava com a cara ótima.
Eu já tinha ouvido falar desse restaurante numa lista de discussão sobre a cena culinária local da qual participo, e o que vi correspondia exatamente à descrição: um hole-in-the-wall extremamente simples e barato, mas que serve comida coreana de verdade preparada fresca e com extremo cuidado. Nada indicado para um jantar romântico, mas a melhor pedida para antes ou depois de um filme no AMC forum ali perto (quantas vezes não saímos do cinema sem ter onde comer ali naquele lado mais decadente da St. Cahterine?).
Serviço: Restaurante La Maison du Bulgogi
2127 Ste-Catherine West. (Metrô Atwater)
Em cada capítulo há cenas longas dedicadas a mostrar em detalhes a preparação das comidas, a busca pelos melhores ingredientes, os banquetes reais. Além disso, grande parte do drama é diretamente relacionado à comida - será que o Rei vai gostar do pato preparado pela mestra de Jang Geum, ou vai preferir a sopa exótica oferecida por sua arqui-inimiga? O embate entre essas duas personagens, aliás, encarna muitas das discussões que vemos sobre alimentação e saúde hoje em dia. Ficamos vidrados na televisão e sempre terminamos morrendo de fome.
Semana passada, coincidentemente, fomos convidados a jantar num restaurante coreano. Não havia ali, naturalmente, nada que nos fizesse lembrar imediatamente da novela: o ambiente simples e meio sujo dizia claramente que estávamos num fast-food joint de Montreal dos anos 2000, e não na cozinha real coreana dos 1400. Aos poucos, porém, fomos nos sentindo mais no clima, especialmente quando vimos que toda comida é fresca e preparada na hora com a mesma paixão.
O prato que pedimos é a especialidade da casa, e um dos mais populares da cozinha coreana: Bul go gi, também conhecido como churrasco coreano. Trata-se de fatias de carne cortadas bem fininhas e marinadas com molho shoyo e outros ingredientes picantes, depois colocadas numa espécie de chapa instalada diretamente sobre a mesa. Comemos carne, frango e porco, cada um tinha um tempero e uma intensidade diferentes.
O procedimento de "fazer você mesmo" lembrou um pouco o do fondue, com o diferencial de que o marinado dá um sabor todo especial à carne. Acompanham arroz branco, brotos de bambu, repolho picante (kimchi), folhas de alface e mais molho shoyo. Nossos amigos pediram também uma panqueca de frutos do mar e cebolinha que estava com a cara ótima.
Eu já tinha ouvido falar desse restaurante numa lista de discussão sobre a cena culinária local da qual participo, e o que vi correspondia exatamente à descrição: um hole-in-the-wall extremamente simples e barato, mas que serve comida coreana de verdade preparada fresca e com extremo cuidado. Nada indicado para um jantar romântico, mas a melhor pedida para antes ou depois de um filme no AMC forum ali perto (quantas vezes não saímos do cinema sem ter onde comer ali naquele lado mais decadente da St. Cahterine?).
Serviço: Restaurante La Maison du Bulgogi
2127 Ste-Catherine West. (Metrô Atwater)
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terça-feira, 1 de janeiro de 2008
Um brinde a 2008
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