quarta-feira, 9 de março de 2011

Terreiro Bahia


Durante o feriado conseguimos escapar da loucura do Carnaval e dar um pulinho na Praia do Forte, onde descansamos e finalmente conhecemos o restaurante Terreiro Bahia, da chef Tereza Paim. Já conhecia a boa reputação do trabalho da chef, e sabia que ela tinha uma afinidade muito grande com o Beto Pimentel, chef do Paraíso Tropical, tanto na concepção criativa de pratos regionais da cozinha baiana quanto na preocupação com produtos locais e técnicas sustentáveis.

O restaurante estava lotado por conta do feriado, com muitos turistas curiosos, mas conseguimos nos sentar e apreciar a decoração que me fez logo sentir como se estivesse em casa - pratos que não combinavam, panelas de barro, muitos retratos de família nas paredes abertas e ventiladas, móveis antigos. Ainda tivemos a sorte de contar com a presença da própria Tereza que, sempre simpática, fazia o circuito das mesas conversando com os clientes.

E a comida estava maravilhosa. Provamos um prato do mar e outro da terra:


O peixe em crosta de limão estava levíssimo e refrescante, acompanhado por minilegumes (não sei se cozidos ou assados, mas tinham um aroma de tomilho fresco irresistível) arrumados no prato como uma pintura com um molho à base de mel e cajá.

A costelinha de porco desmanchava na boca, mas foi o molho de laranja e a abóbora assada com flor de sal e alecrim que me conquistaram.

Pena que não sobrou espaço para a sobremesa - coisa da qual me arrependi profundamente quando bati o olho nas outras mesas e vi uma variedade de doces lindos. Bem, vai ter que ficar para a próxima.

Terreiro Bahia
Endereço: Rua do Linguado, s/n, Praia do Forte
Telefone: (71) 3676-1754

sábado, 5 de março de 2011

Madeleines


Estava passando pelo shopping Barra outro dia quando me deparei com um livro fofíssimo de mini madeleines na vitrine da Saraiva. O livro é de autoria de Sandra Mahut e traz dezenas de receitas incríveis, doces e salgadas. Mas o que me conquistou mesmo foi o fato dele vir acompanhado de duas forminhas de silicone naquele formato inconfundível de concha. Uma fofura só!

Imediatamente me lembrei (*) das incríveis madeleines que comi junto com o cafezinho no Café Boulud, um dos restaurantes do chef Daniel Boulud em Nova Iorque. Não resisti ao impulso e comprei, e desde então tenho feito fornada atrás de fornada de madeleines. Tecnicamente falando, a madeleine é um bolo que comemos como se fosse um biscoito, devido ao seu tamanho e formato. Elas são tão pequenas, fofinhas e fáceis de fazer que é praticamente impossível resistir.

Já testei duas receitas, de chocolate e de baunilha com recheio de doce de leite. Reproduzo a seguir a base para a receita doce, enfatizando que é necessário ter a forminha apropriada para se fazer as madeleines.

Mini madeleines doces
(Receita reproduzida do livro Mini Madeleines, da editora Cook Lovers)


- 2 ovos
- 150g de açúcar
- 150g de farinha de trigo peneirada
- 1 colher de chá de fermento químico
- 125g de manteiga sem sal em temperatura ambiente
- 2 colheres de sopa de leite integral

(houve uma certa discrepância com relação ao rendimento: a receita diz que rende 28 mini madeleines, mas para mim rendeu bem mais - tive que fazer duas fornadas com as duas forminhas de vinte cada, ou seja, nada menos que 80 madeleines com a receita acima)

Bata os ovos com o açúcar até obter um creme bem pálido. Acrescente a farinha e o fermento aos poucos, e depois junte a manteiga e o leite.

Para fazer a madeleine de baunilha, acrescente uma a duas colheres de chá de essência. Para as de chocolate, junte 50g de chocolate amargo derretido (*eu dividi a massa e fiz metade de cada). Deixe descansar na geladeira por 30 minutos.

Depois, basta colocar uma colher de chá da massa nas forminhas e assar em forno pré-aquecido a 220 graus por cinco minutos. Depois, abaixe a temperatura para 180 graus e asse até ficar dourado (outra discrepância: a receita original diz que fica pronto em cinco a seis minutos, mas as minhas levaram cerca de vinte, portanto fique de olho). Desenforme em seguida e deixe esfriar antes de servir.


O pulo do gato: para fazer as madeleines recheadas de doce de leite, coloque metade da massa, uma colherzinha de café de doce de leite e complete com mais massa.

(*) Estou fazendo uma brincadeira - um tanto óbvia, porém irresistível - com o famoso episódio das madeleines de Proust, que no romance "Em Busca do Tempo Perdido" se sente invadido de memórias quando come uma madeleine servida por sua mãe. Proust, além de neurocientista (é daí que vem a teoria da memória involuntária), sabia muito bem que a comida é uma daquelas coisas capazes de disparar memórias afetivas, de evocar com precisão determinadas situações, sensações e sentimentos.

"Essas várias impressões que me proporcionaram bem-estar e que, entre elas, tinham em comum a faculdade de serem sentidas, ao mesmo tempo, no momento atual e num momento passado – o ruído da colher no prato, a desigualdade das lajes, o gosto do biscoito madeleine — até fazerem o passado permear o presente a ponto de me tornar hesitante, sem saber em qual dos dois me encontrava" - Proust, Em Busca do Tempo Perdido