domingo, 31 de agosto de 2008

Ratatouille - a versão preguiçosa

Ratatouille pode ser um prato francês delicioso e altamente demorado, no qual beringelas e abobrinhas são fatiadas e douradas uma a uma na frigideira, e depois arrumadas cuidadosamente sobre um molho feito de de tomates, cebolas, alho e ervas e cozidas no forno. Pode ser também os mesmos vegetais, só que cortados e arrumados casualmente numa assadeira, temperados com sal, pimenta, azeite de oliva e herbes de provence e levados para assar, todos juntos, por trinta minutos tampados com papel alumínio e mais trinta sem papel alumínio. Tenho certeza de que a versão original é uma delícia, mas para quem não tem tempo a versão preguiçosa é igualmente satisfatória.

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

O pior bolo que eu já fiz

Tenho andado numa fase ruim de bolos, ou melhor, de bolos ruins. Também, quem mandou inventar coisa? Já faz algum tempo, eu andava desesperada para aproveitar uma abobrinha gigantesca (e, portanto, não muito saborosa) que veio na cesta orgânica. Cata daqui, procura de lá, terminei me batendo com uma receita de pão de abobrinha (zucchini bread, primo-irmão-amigo do banana bread). Achei interessante, mas resolvi procurar mais. Terminei me deparando com uma tal de uma receita de bolo de chocolate com abobrinha. Coisa de maluco, não é? Eu também achei. Mas só sei que depois de ler a receita estava convencida a fazê-lo. Se tem bolo de cenoura e todo mundo gosta, porque não bolo de abobrinha? Se tem até blog famoso com esta combinação no nome, só pode ser bom. E a receita prometia, jurava de pé junto que a abobrinha sumia no bolo e não deixava gosto, apenas sugava como uma esponja a umidade da massa e produzia um bolo fofinho e delicioso. Vamos ver então.

A esta altura devo dizer que eu estava também querendo usar um cacau em pó muito do caro que eu tinha comprado, na esperança de ver se o preço influenciava na qualidade do cacau (o que eu usava produziu uns efeitos muito ruins, e era o mais barato, então fui logo no mais caro provar minha hipótese). Ignorei todos os sentimentos de bom senso que vinham da minha cabeça, todos os sentimentos de "ui, que nojo" que vinham do meu estômago, e fui seguindo o passo a passo da receita. Mistura abobrinha ralada com ovos, açúcar e cacau em pó. Então tá. Vamos ver.

A massa ficou bonita, e quando o bolo ficou pronto estava com uma cor e cheiro lindos. Nenhum sinal da abobrinha lá dentro. Tirei até foto. No dia seguinte fui experimentar um pedaço no café da manhã. Cortei um pedaço e vi uns pedaços de abobrinha saindo de dentro do bolo, como se fossem pequenas minhocas infiltradas na terra. Desculpem pela imagem meio grotesca, mas quero que o leitor e a leitora tenham a medida exata do nojo que eu senti nesse momento. Dá arrepios só de lembrar. Praguejei a receita que prometeu que isso não ia acontecer, respirei fundo e procurei um pedaço sem abobrinha para provar.

O bolo tinha gosto de nada, quando muito de chocolate sem açúcar. O cacau em pó carésimo era forte demais e definitivamente não resolveu minha implicância com este produto. Ruim por ruim, vou ficar com o baratinho mesmo. Mas o que fazer com este bolo inteirinho? era a pergunta que não queria calar. Fiquei olhando para ele alguns minutos, tentando me convencer de que era apenas frescura minha, mas no final o nojo venceu. Pensei no que dizer para o meu marido quando ele visse o bolo e fiquei com vergonha. Num rompante de raiva decidi jogar tudo no lixo, destruindo o bolo em pedaços sob meus dedos. Depois apaguei a foto dele.

Decidi não postar aqui a receita, porque eu não recomendo este bolo, mas decidi também não citar os blogs que me serviram de referência - apesar deles serem em inglês - por questão de educação mesmo. Não quero sair por aí dizendo que a receita da fulana é horrível, porque de repente fui eu que fiz alguma coisa errada, sabe-se lá. Se alguém por acaso for corajoso ou louco o suficiente para querer a receita depois de ler este post, basta colocar nos mecanismos e busca e boa sorte. Só sei que eu nunca mais invento.

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Bottle Shock


O filme é baseado na história real do famoso blind tasting ocorrido em 1976, quando os vinhos da Califórnia foram eleitos os melhores do mundo por especialistas franceses de nariz empinado. Que a Califórnia - e outros integrantes do chamado Novo Mundo - produzem vinhos que rivalizam com os melhores franceses hoje é lugar-comum, mas na época o resultado do tasting deu o que falar.

Infelizmente, o diretor não conseguiu traduzir a interessante história em filme. Mesmo para quem, como eu, está com viagem marcada para a Califórnia para daqui a dois meses e anda respirando vinhos californianos, o filme deixa a desejar. Como acontece com muitos filmes baseados em histórias verídicas, o roteiro terminou simplificando demais as coisas, formatando personagens complexos em simples heróis e vilões. E o trabalho de câmera, embora caprichado, podia ter sido bem mais, hum, apetitoso.

Eu esperava sair da sessão com aquela vontade implacável de tomar um vinho californiano, mas não rolou. Neste quesito, ainda fico com o clássico Sideways, que consegue fazer isso mesmo quando o vinho é apenas o pano de fundo para a história.

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Inseparáveis

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Arroz frito com frango


Acho que não cheguei a comentar isso nos posts sobre a viagem, mas quando estivemos na China um dos pratos salvadores da pátria foi o arroz frito. Qualquer restaurante, mesmo os que não se prezam, tem uma ou duas variações deste prato (alguns têm dezenas, os menus lá são verdadeiros livros), que geralmente é o mais barato e mais satisfatório. Sempre que estávamos indecisos ou sem estômago para provar algo desconhecido, ou quando o restaurante não tinha menu em inglês, apelávamos para o arroz frito (chao fan). E nunca nos arrependemos.

Não sei exatamente o porque, mas eu não comi arroz frito desde que voltamos de viagem - talvez por ser um prato muito simples ele termina sendo esquecido nos restaurantes asiáticos que frequentamos. Até que fomos num restaurante tailandês com a Fabrícia e vimos um prato de arroz frito numa das mesas vizinhas que estava de dar água na boca. Pedimos o que achávamos ser o mesmo prato, e que não era mas estava igualmente delicioso. Naquele momento eu decidi que iria tentar reproduzir a receita em casa, apesar das minhas terríveis experiências de tentar cozinhar pratos asiáticos em casa.

Terminei descobrindo algumas coisas: 1) arroz frito não é exatamente frito (deep fried), é apenas ligeiramente salteado na wok (pan fried) até ficar crocante e quentinho, ou seja, é saudável e extremamente fácil de fazer em casa; 2) arroz frito só deve ser feito com arroz frio e bem sequinho, de preferência aquele arroz de ontem que está na geladeira. Ou seja, é um prato perfeito para aproveitar sobras; 3) você não precisa ter uma wok para fazer arroz frito, basta uma frigideira bem grande e calor máximo no fogão; e 4) é extremamente importante preparar todos os ingredientes de antemão, porque uma vez que o arroz começa a fritar em fogo máximo, as coisas acontecem muito, mas muito rápido.


Na minha receita de arroz frito eu usei meia lata de milho verde em conserva, ervilhas congeladas, dois ovos, cebolinha e um peito de frango, além, é claro, do arroz de ontem. Eu preferi assar o frango separadamente e acrescentar só no final para esquentar, mas suponho que o melhor seja cozinhar o frango na mesma panela que o restante dos ingredientes.

Esquentei uma frigideira bem grande e coloquei duas colheres de sopa de óleo de canola (não é recomendável usar azeite de oliva por causa do sabor forte e da alta temperatura). Quando estava saindo fumaça coloquei o arroz (direto da geladeira) e ajudei a quebrar os pedaços grudados com chopsticks. Enquanto isso, bati dois ovos numa vasilha com duas colheres de chá de óleo de gergelim (sesame oil) para dar um gosto mais oriental à coisa. Quando o arroz estava bem quente coloquei os ovos, que começaram a cozinhar imediatamente. Depois coloquei o milho e a ervilha, e por fim o frango cozido cortado em cubinhos. Temperei com sal, pimenta, molho shoyo e cebolinha e servi bem quente. Ficou muito bom!

Eu tinha lido em outros blogs que o certo era fritar os ovos antes do arroz, retirar da panela e só juntar no final, mas minha intuição achou melhor jogar os ovos crus por cima do arroz, pois assim eles se misturam mais uniformemente ao arroz e você fica só com aquele gostinho de ovo no background, ao invés de comer arroz misturado com ovo frito. Fiquei satisfeita com o resultado quase profissional do meu prato - quase porque sempre acho que falta algum tempero, algum ingrediente, aquele je ne sais quoi que faz com que os pratos asiáticos feitos em casa nunca fiquem com o mesmo sabor do restaurante.

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Bolo de azeite de oliva


Vi essa receita na televisão e fiquei salivando, curiosa, até que resolvi testar em casa. Devo avisar de antemão que achei o resultado um pouco decepcionante, considerando os aromas inebriantes que saltaram do azeite, a cor viva e a textura de nuvem da massa, que me fizeram ficar pensando comigo mesma "uau, esse bolo vai ser bom demais" durante todo o processo de preparo. Infelizmente não pude dizer isso em voz alta ao provar o primeiro pedaço. O bolo ficou bonito e extremamente fofinho, mas o sabor foi um pouco difícil de definir - algo entre o doce e o salgado, entre o leve e o gorduroso, enfim, uma coisa não-ruim, mas simplesmente indefinida.

Bolo de azeite de oliva
(Receita ligeiramente adaptada do programa French Food at Home, do Food Network Canada)

- 3/4 de xícara de azeite de oliva extra virgem
- Raspas e suco de um limão
- Raspas de uma laranja (*não usei)
- 1 xícara de farinha de trigo branca
- 5 ovos
- 3/4 de xícara de açúcar
- 1/2 colher de chá de sal

Primeira coisa: é imporante usar um azeite de oliva extra-virgem, pela qualidade, mas que não tenha aroma e sabor muito forte, senão o bolo vai ficar definitivamente estranho. Prefira um azeite mais suave e fruity, como dizem por aqui.

Faça todo aquele ritual de aquecer o forno em temperatura média (350°F/180°C) e amanteigar (ou, neste caso, azeitar) uma forma para bolos. Eu sempre forro o fundo das formas com papel manteiga, mesmo as anti-aderentes.


Divida os ovos e bata as gemas com o açúcar na batedeira até obter uma mistura grossa e pálida. Coloque o suco e as raspas de limão e despeje o azeite de oliva. O laguinho amarelo-vivo que se forma na vasilha tem um aroma simplesmente delicioso. Adicione a farinha e misture tudo com uma espátula até incorporar.

Em outra vasilha, bata as claras em neve com a pitada de sal e gentilmente incorpore à massa. Asse por 45 minutos, ou até o palito sair limpo. Se quiser decorar, depois que o bolo estiver frio pincele um pouco mais de azeite por cima e polvilhe com açúcar de confeiteiro.

O bolo ficou macio como uma nuvem, embora revelasse um pouco de oleosidade ao ser apertado com as mãos. A cor, no entanto, é sensacional - é como cortar uma fatia do sol e ser atingido por um raio amarelo-vivo saindo de seu centro. Infelizmente, a julgar pelas mixed reviews dos críticos - e pelo fato de que o bolo ainda está ali na bancada após alguns dias -, essa receita dificilmente terá uma reprise na cozinha aqui de casa.

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Sopa creme de cenoura


Vieram cenouras tão lindas na cesta orgânica, laranjas por fora e quase amarelas por dentro, que eu mantive a sopa o mais simples possível: cortei e dourei uma cebola pequena e dois dentes de alho no azeite, juntei as cenouras cortadas em fatias e cinco xícaras de água. Temperei com sal, pimenta, um pouco de harissa e dois raminhos de tomilho limão. Deixei cozinhar por trinta minutos e depois bati tudo até virar um creme tão grosso e apetitoso que você seria capaz de jurar que tinha creme de leite ali, mas não tinha. Eram só as cenouras deliciosas. Comemos com pão italiano tostado na churrasqueira.

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Aceita um chazinho?

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Pithivier de acelga e ricota


Pithiviers são tortinhas francesas feitas de massa folhada nas quais o próprio recheio dá forma à torta, sem a ajuda da fôrma (esse acento já dançou?). As mais conhecidas são doces, feitas de pasta de amêndoas e chocolate, mas há também as salgadas feitas de carne. Essa aí não é nem uma nem outra: leva apenas acelga (swiss chard) refogada, ricota e parmesão.

Esse recheio de acelga é delicioso e extremamente versátil. Você pode usá-lo em tortas ou como recheio para lasanhas, canelones ou qualquer outra massa do tipo. Pode fazer em grande quantidade, congelar e descongelar aos pouquinhos. Era o que eu ia fazer, mas o maço de acelga que chegou na cesta orgânica foi menor do que o previsto e terminei fazendo só uma porção individual.


Pithivier de acelga e ricota
(Receita ligeiramente adaptada do site Recettes du Québec)

Para uma pithivier média (do tamanho de um prato de sobremesa)
- Um pedaço de massa folhada (*compro pronta)
- Um maço pequeno de acelga/swiss chard
- Meia cebola média
- Um dente de alho
- Três colheres de sopa bem cheias de ricota
- Duas colheres de sopa de parmesão
- Sal e pimenta

Lave bem a acelga e separe os talos das folhas cortando ao redor dos talos. Coloque os talos numa panela com água fervente por dois minutos, depois acrescente as folhas e deixe mais dois ou três minutos. Escorra e coloque tudo numa vasilha com água gelada ou passe sob a água gelada da pia. Deixe escorrer.

Enquanto isso, corte a cebola e o alho em pedacinhos pequeninos e leve à panela com um fio de azeite. Enquanto a cebola e o alho suam bastante, mas antes de tomarem cor, pique os talos da acelga e as folhas em pedacinhos também pequeninos. Leve tudo à panela com a cebola e o alho e tempere com sal e pimenta à gosto.

Desligue o fogo e deixe a mistura esfriar. Depois misture os queijos e prove; coloque mais sal e pimenta se for preciso. Está pronto o seu recheio mil e uma utilidades! Para fazer o pithivier, divida a massa folhada em dois pedaços e abra dois círculos, um maior e um ligeiramente menor.

Se quiser cortar círculos perfeitos use um prato de sobremesa como medida para o círculo menor. Coloque o círculo menor sobre uma folha de papel manteiga sobre uma assadeira e pincele as beiradas com um ovo batido. Vá arrumando o recheio no centro do círculo, compactando bem e fazendo uma montanha, isto é, mais alta no centro do que nas beiradas.

Depois é só pegar o círculo de massa maior e ir colocando sobre o recheio, com cuidado para "vedar" bem e não deixar nenhum bolsão de ar - aperte delicadamente com os dedos (pense naqueles livros que você encadernou com papel contact nos tempos de escola...). Depois, se quiser, é só decorar a beiradinha da torta pressionando levemente com a lateral de uma faca.

Faça três incisões no topo da torta para o ar escapar e pincele tudo com mais ovo batido. Leve ao forno pré-aquecido (180C/350f) por 30-35 minutos, ou até que a massa esteja bem inflada e douradinha. Sirva como lanche ou almoço acompanhado por uma saladinha verde e prepare-se para soltar muitos "hums" e "ahs", porque isto é muito gostoso.

Zest & zester


segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Tacos de frango ao chilpotle


Relendo o post anterior me dei conta de que não fui 100% justa com os tacos de frango. Tudo bem que eles não deram certo no piquenique, mas isso é mais culpa minha do que deles - prova disso é que já fiz estes tacos em casa antes e eles ficaram deliciosos. Dito isso, acho que vale postar aqui a receita.

Antes de chegarmos lá, porém, cabe um disclaimer sobre os tacos. Tecnicamente tacos são ingredientes variados enrolados por uma tortilha de milho, que pode ser dura (hard taco) ou mole (soft taco). Como a dura necessariamente implica em fritura, aqui em casa só comemos tacos moles (não que eu não goste, mas é que eu tenho essa regra contra fazer fritura em casa). Compramos tortilhas de milho artesanais numa lojinha de ingredientes latinos, porque aquelas industrializadas do supermercado me assustam (essa mania de ler a lista de ingredientes de tudo dá nisso).

O taco é um prato mexicano feito para ser comido com as mãos, com o complemento de salsa, guacamole e sour cream. Já o recheio pode ser de praticamente qualquer coisa. Como acontece com algumas culinárias étnicas cujo sabor eu jamais consigo reproduzir na minha cozinha (como a chinesa, por exemplo), eu termino não ligando muito para autenticidade. É como se a dificuldade de produzir algo legítimo me desse a ousadia para criar minhas próprias versões das coisas, então entendam a receita a seguir como minha visão pessoal do taco de frango.

Ah, mas se tem alguma coisa legitimamente mexicana nessa história toda são as pimentas chilpotle, pelas quais ando perdidamente apaixonada. Tudo começou quando fomos ao meu restaurante mexicano favorito e serviram de entrada uns chips de tortilha com um molho vermelho. O molho era deliciosamente picante, com um quê de defumado e de mel. Cogitei roubar um pouco do molho (nessas horas eu queria andar com um tupperware na bolsa...), perguntei o que era e me disseram a palavra mágica: chilpotle.

Não precisa nem dizer que fui ao mercado atrás da pimenta, que depois descobri se tratar do jalapeño (esse sim picante de matar) defumado e conservado numa espécie de molho barbecue à base de tomates, especiarias e mel. Por mais que eu tenha ficado empolgada com a descoberta dessa pimenta, demorou um tempo até eu consegui dar uma finalidade para ela outra que a de ficar decorando a despensa.


Frango grelhado ao chilpotle

- Dois peitos de frango inteiros ou cortados em filés
- Duas a três pimentas chilpotle (com o molho da lata)
- Uma colher de sopa de páprica
- Uma colher de sopa de cominho
- Meia colher de chá de sal
- Uma colher de sopa de mel
- Três dentes de alho

Bata todos os ingredientes (menos o frango, por favor!) num processador ou no pilão até virar uma pasta; cubra os peitos de frango com este marinado e deixe num pote fechado ou saco ziploc na geladeira por até 24 horas. Depois é só grelhar o frango na churrasqueira ou no grill. Para fazer tacos basta desfiar o frango depois de pronto.

Os demais ingredientes para montar o taco vão conforme a sua preferência: no meu só não pode faltar sour cream e guacamole. De resto, eu coloco alface picadinha, milho verde de lata, queijo cheddar ralado, cebolas caramelizadas dependendo do que tem na geladeira. Come-se em temperatura ambiente, mas é bom dar uma tostadinha nas tortilhas numa frigideira antiaderente bem quente (não é preciso óleo).

domingo, 17 de agosto de 2008

Enfim, piquenique





Às vezes reclamar dá resultados, tá vendo? Foi só eu me lamentar que o verão já tinha dado adeus para o fim de semana nos trazer um clima quase perfeito. Tá certo que na sombra ainda fazia aquela brisa congelante, mas a esta altura do campeonato eu já estava achando tudo ótimo e decretei que no sábado eu faria um piquenique no parque Mont-Royal nem que fosse o último dos meus atos. Bem, eu e o resto da cidade inteira: alguns mais informais, com sacolinhas de papel (pelo menos isso) do Macdô e similares, outros investiram no churrascão em família com churrasqueiras portáteis, aqueles coolers enormes cheios de coisa e até balões de enfeite.

Nós ficamos na turma cool com nossa mochilinha para piquenique que tem lugar para tudo, um luxo. Infelizmente nossa refeição não foi das mais práticas. Preparei ingredientes para um taco: tortilhas de milho, frango com molho de pimenta chipotle desfiado, sour cream, guacamole e queijo cheddar. Mas não sei, na hora de comer as tortilhas estavam geladas do contato com os outros potinhos e o vento atrapalhou o processo de "montagem" dos tacos. Curti mais o aperitivo de queijo Gouda e vinho rosé. Enfim, tenho muito o que aprender em termos de piquenique, resta saber se terei oportunidade de me aprimorar ainda este ano.

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Abobrinha recheada


Meninos e meninas, vou contar um segredo: essas abobrinhas amarelinhas em formato de disco voador podem ser as mais lindas, fofas e charmosas do pedaço, mas não são as mais gostosas. Assim como acontece com aquelas abobrinhas tradicionais que cresceram demais e ficaram gigantescas, boa parte do interior desses legumes é feita de caroços que não tem gosto de nada e soltam muito líquido.

Mas como tudo tem dois lados, se elas não são tão saborosas per se, seus formatos e tamanhos fazem delas veículos perfeitos para todo e qualquer tipo de recheio. Depois que eu descobri isso deixei de me apavorar quando via uma abobrinha gigante na cesta orgânica e já começava a pensar em possíveis recheios. Só esta semana eu fiz de dois tipos: abobrinhas verdes recheadas com molho bolonhesa (sobra de uma lasanha) e abobrinha amarela recheada com salada de orzo, esta da foto.


Para fazer abobrinha recheada realmente não é necessária nenhuma receita, o ideal mesmo é ter aquele espírito aventureiro de quem quer limpar a geladeira. Pode rechear com carne moída, ricotta temperada, legumes, grãos (o arroz de ontem deve ficar ótimo). Para esta da foto, eu fiz uma salada usando orzo cozido (aquela massa em formato de arroz), ricotta, tomates secos e azeitonas picadas, manjericão fresco e orégano seco. Cozinhei a abobrinha no vapor por vinte minutos para amolecê-la e só depois retirei o miolo caroçudo com a ajuda de uma colher. Coloquei o recheio, salpiquei parmesão ralado por cima e levei para assar por mais vinte minutos.

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Ensopado de carne para dias chuvosos


Eis um post que eu gostaria de ter evitado. Não pela receita, pois o ensopado estava delicioso e reconfortante como deveria estar, mas pela época em que ele inevitavelmente apareceu neste blog. Vejam bem, estamos em pleno agosto, ainda deveria ser verão por aqui, mas quem disse? Não bastasse o inverno passado ter sido um dos mais longos e frios dos últimos tempos, o verão que sempre é curto parece que este ano resolveu passar batido. Mal nos acostumamos com as sandálias, óculos de sol e pique-niques, vem uma frente fria e chuvosa anunciando o que nos espera nos próximos meses. Eu espero que seja uma frente passageira, mas lá no fundo tenho a triste certeza de que o verão não volta mais e me arrependo das - poucas - vezes em que reclamei que estava quente demais para cozinhar.

É por causa deste clima estranho que estamos assim, cozinhando sopas, ensopados e cozidos em pleno "verão", enquanto minha nunca-antes-usada mochila para pique-nique fica quietinha em cima da estante, tomando poeira (mesma situação dos tacos de golf do marido, que nunca, jamais viram a cor de um gramado de verdade, coitadinhos). Se é verdade que nós precisamos fazer uma quantidade X de pique-niques para compensar os próximos terríveis Y meses de inverno, minha equação está decididamente desequilibrada. Preocupante isso.

Mas vamos então ao ensopado, que não tem culpa de nada, coitado. Para mim este é um prato que define "comfort food", embora seja o tipo da coisa que só tenho vontade de comer de vez em quando. Semana passada foi uma dessas vezes e decidi trocar a única receita que eu conhecia (que usa cerveja Guinness) por uma versão mais espontânea usando vinho tinto. Não segui receita nem usei medidas, apenas coloquei em prática algumas regrinhas gerais que eu sabia serem tradicionais em se tratando de ensopado.

Primeira regra: a escolha da carne. Aqui eu compro a carne de segunda que já vem em cubinhos próprios para ensopado, de maneira que não preciso limpar nem cortar nada. Uma economia de tempo e esforço preciosa, já que ensopado é um prato que demora de fazer e dá um certo trabalho.

Segunda regra: empanar os cubos de carne em farinha de trigo (temperada com bastante sal e pimenta), o que engrossa o caldo e faz com que a carne fique mais dourada. Tive que dourar a carne em duas etapas porque minha panela não era grande o suficiente.

Terceira regra: adicionar um líquido. Depois da carne dourada e reservada, eu adicionei meia garrafa de vinho tinto italiano e mais duas xícaras de caldo de carne (usei os cubinhos), raspando bem o fundo da panela com a colher de pau para liberar os queimadinhos gostosos. Depois acrescentei seis dentes de alho prensados e voltei a carne à panela.

Quarta regra: adicionar aromáticos. Eu fiz um bouquet garni de duas folhas de louro, três ramos de tomilho e dois de alecrim, mas você pode usar as ervas frescas ou secas de sua preferência.

Pronto, depois disso deixe a carne cozinhar (panela tampada) em fogo baixo (pode ser também no forno) por uma hora e meia antes de colocar os vegetais. Os mais costumeiros são batatas, cenouras, cebolinhas e cogumelos. Eu usei algumas cenouras cortadas em pedaços médios e mini cebolinhas descascadas. Deixei cozinhar por mais uma hora, mexendo de vez em quando, até a carne ficar desmanchando e os vegetais ficarem macios. Depois é só retirar o bouquet garni, provar o caldo e acertar o tempero se necessário. No último momento coloquei uma xícara e meia de ervilhas congeladas, esperei um minuto até elas descongelarem e servi com arroz branco, pão e o resto do vinho italiano.

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Finger Food Festa




Ao invés de me estressar tentanto acomodar quatro casais na mesa pequena para um jantar formal, decidi fazer uma festa mais casual só de comidinhas portáteis - as chamadas finger food. O bom desse tipo de festa é que tudo pode (e deve) ser feito com antecedência, sempre tem comida para algum possível retardatário (ou convidado inesperado) e, apesar de ser tudo dividido em porções pequenininhas, a comilança dura muito mais do que num jantar formal. No meu caso, como éramos em oito terminamos orbitando em volta da mesa na cozinha, mas para uma festa maior esse tipo de comida é ideal porque todos podem se servir e circular à vontade.

Numa festa de finger food variedade é fundamental. Tenha sempre três ou mais tipos de pães, queijos, frios e pastas/molhos que possam ser intercambiáveis. Sirva comida que possa ficar por muitas horas em temperatura ambiente. Misture coisas feitas em casa com coisas compradas prontas para facilitar sua vida. Enfeite a mesa com flores e deixe bastante guardanapos disponíveis. Sempre sirva opções vegetarianas. Coloque tudo bem visível à mesa e facilite o acesso - por exemplo, o pão que não estava fatiado terminou a festa inteirinho e virou "pão cenográfico".

O menu do aniversário foi o seguinte:

- Canapés de salmão defumado (receita abaixo)
- Mini-quiches: de tomate seco e mozzarela, de gorgonzola e de aspargos com queijo de cabra (receita abaixo)
- Biscotti de parmesão e pimenta do reino (receita aqui)
- Tapenade (receita aqui) e pasta de tomate seco (comprada pronta)
- Pão baguete e torradas integrais
- Queijos trazidos pelos convidados (gouda, gouda defumado e brie)
- Vinagrete de frutos do mar (comprada pronta, segundo os convidados estava ótima ;-)
- Para beber: vinho rosé, vinho tinto, cerveja, refrigerante e suco de abacaxi


Canapés de salmão defumado

Cortei fatias de pão de forma integral com um cortador de biscoitos redondo, passei uma generosa camada de cream cheese, cobri com uma fatia de salmão selvagem defumado e decorei com duas alcaparras e uma cebolinha. Coloquei uma metade de limão no prato porque eu não como salmão sem limão.


Mini-quiches

Para as mini-quiches usei massa folhada (puff pastry) comprada pronta para facilitar. A única coisa que precisei fazer com antecedência foram os aspargos, que cortei em pedacinhos e levei à frigideira com cebola, alho, sal e pimenta até ficarem al dente, depois deixei esfriar.

Fiz uma mini estação de produção com tudo pronto só para ser montado: um potinho com pedaços de gorgonzola, um potinho com o queijo de cabra, um potinho com a mozzarela ralada, um potinho com o tomate seco cortadinho, um potinho com os aspargos cozidos.

Preparei a mistura para quiche como sempre faço, só dobrei as quantidades: seis ovos batidos com uma xícara de leite e uma xícara de creme de leite. Deixei na geladeira até a hora de usar.

Depois foi só abrir a massa, forrar as forminhas (fiz furinhos no fundo para ela não inchar demais) e montar: colocar os recheios na massa e cobrir até a metade com a mistura de leite e ovos. Assei por 35-40 minutos até que as quiches estivessem douradas e a massa completamente assada. Servi em temperatura ambiente.

As quiches podem ser feitas de véspera e ficar na geladeira até a hora de servir; algumas horas antes tire da geladeira para que elas voltem à temperatura ambiente. Infelizmente eu não medi quantidades, mas fiz 22 quiches para oito pessoas, e as que sobraram virarão um pique-nique assim que a chuva der uma trégua.

Faça seu próprio bolo de aniversário


Às vésperas do meu aniversário, após tentativas frustradas de fazer reserva num dos restaurantes mais famosos da cidade , resolvi chutar o balde e decidi que faria a comemoração lá em casa mesmo. Daí que eu me vi na situação particular de fazer meu primeiro bolo de aniversário "oficial". Já tinha feito bolos para outras situações, e tortas para aniversários, mas nunca um bolo de aniversário - e nunca um bolo para o meu próprio aniversário.

Decidi que, já que era meu aniversário mesmo, o bolo tinha que ser do jeito que eu gosto: de chocolate. Tinha, também, que ser algo relativamente simpes: nada de camadas e coberturas de buttercream logo na primeira tentativa. Quase como uma inspiração divina, me deparei com um antigo episódio de um dos programas da Julia Child no Youtube no qual ela fazia um bolo absurdamente "chocolaty" chamado Le Gateau Victoire au Chocolat Mousseline. Senhoras e senhores, temos um vencedor.

Depois de uma breve pesquisa para pegar a lista completa de ingredientes, já que o vídeo estava editado e este bolo não consta no "Mastering the Art of French Cooking", consegui juntar os pedaços e organizar a receita. Definitivamente é um bolo para ocasiões especiais, porque com quase 500g de chocolate, seis ovos e nenhum grão de farinha, é um bolo denso, rico e perfeitamente delicioso. Ficou ainda melhor no dia seguinte, quando comi o último pedaço diretamente da geladeira...


Le Gateau Victoire au Chocolat Mousseline
(Receita adaptada do livro "Julia Child & Company", de Julia Child)

- 1/4 de xícara de café forte ou espresso (não precisa adoçar)
- 1/4 de xícara de rum de boa qualidade
- 450g (16 ounces) de chocolate meio amargo (usei 70% cacau)
- 6 ovos grandes (usei orgânicos)
- 1/2 xícara de açúcar
- 1 xícara de creme de leite fresco (mantenha na geladeira até usar)
- 1 colher de sopa de extrato de baunilha

Comece pré-aquecendo o forno a 180C (350F) e untando uma forma redonda grande com manteiga e farinha (eu ainda forrei o fundo com papel manteiga, só para garantir). Numa panela em banho maria, coloque o café e o rum e vá quebrando o chocolate em pedaços. Deixe derretendo enquanto você bate os ovos inteiros com o açúcar numa batedeira até que a mistura fique pálida e triplique de volume.

Em outra vasilha, coloque o creme de leite e bata com o batedor de arame ou uma batedeira portátil até ele começar a endurecer; coloque a baunilha e continue batendo até ficar da consistência de chantilly.

Depois disso, incorpore o chocolate derretido à mistura de ovos e açúcar, com cuidado para não perder muito do ar. Faça o mesmo com o creme de leite batido. Neste momento é importante ter cuidado, mas também tem que ser rápido, senão o ar que foi batido nos ovos e no creme desaparece. Como nesta receita não tem farinha nem fermento, é este ar que vai fazer seu bolo crescer.

Coloque a massa na forma untada e leve para assar. O ideal é colocar para assar em banho-maria, ou seja, colocar a forma de bolo dentro de um recipiente maior cheio até 1/3 de água quente (se sua forma for do tipo removível, recomendo forrá-la por fora com papel alumínio para evitar que a água vaze para dentro do bolo). Isso faz com que o bolo cresça mais uniformemente e depois não desabe tanto. Como eu não tinha uma forma maior do que a minha forma de bolo, tive que arriscar, e o bolo desabou bastante, mas ainda ficou bom.

Asse o bolo por uma hora, ou até enfiar um palito no meio e ele sair limpo. Desligue o forno e deixe a porta entreaberta com o bolo lá dentro por meia hora, para ele ir esfriando também uniformemente. Depois retire o bolo do forno e deixe mais meia hora até ele esfriar completamente. Só depois retire da forma e decore como quiser; eu apenas polvilhei açúcar de confeiteiro e coloquei umas framboesas frescas por cima. Mas ele deve ficar delicioso também servido com sorvete ou chantilly.

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Casamento perfeito



Em se tratando de beterrabas, para mim não tem complemento melhor do que queijo de cabra. É um casamento perfeito de cores, texturas e sabores contrastantes e, por isso mesmo, complementares. Toda vez que me vejo com beterrabas na geladeira termino fazendo uma variação dessa salada: às vezes eu corto tudo em pedaços e espalho o queijo por cima, às vezes ralo a beterraba crua mesmo e misturo bem até o queijo ficar cor-de-rosa, às vezes faço uma versão carpaccio, como na foto. Assei as beterrabas embrulhadas em papel alumínio por 45 minutos, deixei esfriar, descasquei e fatiei bem fininhas com a ajuda do mandoline. Depois coloquei um pedação de queijo de cabra no meio e temperei com azeite de oliva misturado com sal, pimenta e alecrim fresco picadinho.

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Domingo é dia de...

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Na cesta orgânica dessa semana



Veio alface, kohlrabi, brócolis, couve-flor, tomate, pepino, beterrabas, couve, cebolinhas, abobrinha disco-voador e mais uma ultra-mega-abobrinha-gigante. Agora tenho que comer tudo isso!

Clique aqui para ler o que eu já escrevi sobre a cesta orgânica.

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Bistro du Marché, ou o Dia em que comi banana

Se minha vida fosse uma sitcom famosa, este episódio se chamaria "aquele com a banana". Quem me conhece sabe da minha aversão a bananas. Quem não conhece, basta dizer que meu marido é obrigado a escovar os dentes se quiser se aproximar de mim após comer o tal fruto, tão grave é a minha aversão. Pode me chamar de neurótica e dizer que não tive infância, mas só de sentir o cheiro de banana meu estômago se revira todo.

Bem, mas o que isso tem a ver com o simpático, charmoso e escondido Bistro du Marché, onde fui parar um dia, por acaso, quando passeava com minha sobrinha? O leitor provavelmente já adivinhou o final da história, de modo que não preciso mais manter o suspense: eu comi banana, pronto, falei. Eu. Comi. Banana. Mas o importante dessa história não é o que, mas o como. O que me traz de volta à resenha do restaurante.

Estávamos eu e Marília num grande centro comercial da cidade conhecido como Marché Central, numa área não muito favorável a restaurantes, quando, naturalmente, bateu a fome. Nos aproximamos do cinema, eu já antecipando que ia ter que aguentar um sanduíche de uma fast-food qualquer, quando vi uma placa que indicava para o Bistro du Marché. Achei estranho, pois apesar de ter uma área destinada para uma feira livre, o local estava vazio.

Continuamos seguindo a placa, que nos mandava atravessar o que me pareceu ser apenas um estacionamento, quando entramos no prédio e vimos que ali dentro, bem escondidinho, tinha um restaurante charmosérrimo. Típico bistrô, com mesas de madeira rústicas, flores secas na decoração, menu escrito à giz num quadro negro, pôsteres com motivos franceses. Já estava achando o máximo quando comecei a reparar nos preços, convidativos, e nos detalhes escritos no menu: "nossos ovos são 100% orgânicos"; "hamburgueres com carne orgânica"; "nossas sobremesas são todas feitas diariamente no próprio restaurante". Adorei.



Motivada pela história dos ovos orgânicos, pedi o especial que trazia uma omelete com legumes do mercado (será que o mercado é de manhã apenas?) e batatas cortadas à mão e fritas na hora. Marília pediu um filé de peixe com molho de salsinha e legumes. De entrada tomamos uma sopa cremosa de mandioquinha. Tudo muito fresco e gostoso.



A sobremesa era um bolo com cobertura de chocolate.

Dou a primeira mordida no bolo e comento: "Nossa, que bolo macio e molhadinho!"

Marília: "Tia Lud, eu acho que tem banana nesse bolo..."

Eu, cheirando cada pedaço do bolo: "Imagina! Se tivesse banana eu teria sentido o gosto ou o cheiro".

Marília: "Eu tenho certeza que tem banana neste bolo".

Eu, cheirando cada pedaço de bolo, coração palpitando: "Você está maluca".

Para acabar com a dúvida, perguntei ao garçom se tinha banana no bolo. "Sim, é bolo de banana e chocolate". Foi como se o chão tivesse sumido de baixo dos meus pés. De repente, tudo o que eu sabia ou achava que sabia sobre bananas, sobre minha relação com as bananas, mudou. Marília tirou logo uma foto da minha cara e ficou dando pulinhos de alegria ao sair do restaurante.

O resumo da ópera é que sim, eu confesso que adorei o bolo e não, não senti nenhum gosto de banana nele. E jamais teria comido um pedaço sequer se eu soubesse de antemão que tinha banana, de maneira que foi melhor para mim ter ficado na ignorância. De qualquer maneira, eu não estou pronta para dizer que sou uma pessoa evoluída que venci meu nojo de bananas - pelo menos não ainda. Ei, pelo menos eu descobri um restaurante ótimo ao qual voltarei muitas vezes. Se bem que vou perguntar sempre de que é o bolo antes de pedir...

Olha minha cara de quem comeu banana...

Como passar manteiga no milho

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Torta de abobrinha e batata

Nas últimas duas semanas começaram a aparecer verduras mais típicas do verão na cesta orgânica: cenouras, brócolis, pepinos e muitas, muitas abobrinhas. Mais abobrinhas do que eu sei o que fazer com elas. Felizmente, abobrinha é o tipo da coisa que eu comeria todos os dias da semana sem reclamar - mas mesmo assim, preciso encontrar receitas diferentes para aproveitas estas belezucas.


Essas abobrinhas amarelas em formato de disco voador (em francês: pâtisson, em inglês: summer crookneck squash) são tão lindas que dá até pena de comer. Pesquisando pelos blogs de comida mundo afora, me deparei com esta receita que pareceu ótima: uma torte de abobrinhas e batatas.

Curiosamente, muitas das coisas que deram errado na receita original também deram errado comigo: demorou demais para cozinhar, a parte de cima não ficou dourada como deveria, e a torta despedaçou-se inteira quando tentei cortar os pedaços - tanto que nem tive coragem de tirar uma foto (até porque já passava das 22h e estávamos morrendo de fome). Mas nada disso importa, porque o sabor ficou absolutamente divino. Para mim, o grande truque está na mistura de farinha e queijo parmesão, que absorve a umidade das batatas sem precisar de nenhum molho cremoso. Genial.

Torta de abobrinha e batata
(Receita adaptada do site Smitten Kitchen)

- 4 batatas médias
- 4 abobrinhas amarelas ou verdes
- um punhado de cebolinhas
- 1/2 xícara de parmesão ralado
- 2 colheres de sopa de farinha
- 1 colher de sopa de tomilho fresco
- sal, pimenta e azeite a gosto

Pré-aqueça o forno em temperatura média. Unte uma assadeira redonda funda com azeite. Numa vasilha, misture a cebolinha, o tomilho, o parmesão, a farinha e sal e pimenta com as mãos. Reserve. Fatie as batatas e as abobrinhas em fatias bem finas (importante que fiquem do mesmo tamanho para que cozinhem no mesmo tempo). Espalhe uma camada das batatas no fundo da assadeira, depois uma camada das abobrinhas.

Espalhe um pouco da mistura de farinha e parmesão por cima. Continue repetindo esse processo até terminar os ingredientes. Na última camada, espalhe o restante da mistura de farinha e pressione um pouco com as mãos para compactar tudo. Espalhe um pouco de azeite por cima e leve ao forno por uns 40 minutos, ou até que as batatas estejam cozidas e douradas por cima. Sirva como acompanhamento ou como prato principal com uma saladinha verde.