Eis que o tão esperado momento da introdução dos alimentos complementares ao meu pequeno saltador chegou... quer dizer, já chegou há alguns meses, mas só agora me vejo com tempo e disposição para escrever sobre este assunto. Sim, porque ele é bem mais complexo do que parece!
A introdução dos alimentos tem sido, para mim, um exercício de paciência e desconstrução de mitos. O primeiro mito foi o das minhas projeções/imaginações relacionadas à idade da criança. É lógico que eu havia me preparado toda, imaginando como seria oferecer-lhe a primeira frutinha, sonhando com o momento mágico em que pudesse apresentar todos os sabores, texturas e aromas dos alimentos que eu mais gosto, pesquisando sobre os melhores alimentos para bebês e métodos de introdução dos mesmos. Fiz até um workshop sobre o preparo das comidinhas (assunto para outro post).
Só que o meu filho não curtiu muito não. Chegados os seis meses, ele ainda não sentava muito bem, apesar de já quase engatinhar. E bebê que não senta direitinho não come direitinho, porque convenhamos que é preciso uma coisa para fazer a outra, né não?! Começei então pelos líquidos - suquinhos e água -, que desciam todos por seu pescocinho duplo acompanhados por uma cara de surpresa e indignação. Praticamente o mesmo aconteceu com o mamãozinho papaia orgânico que eu ofereci alguns dias depois.
Era claro que ele ainda não estava preparado. Queria mesmo era continuar no leite materno. Imaginem como deve ser louco: depois de tanto tempo mamando um alimento só (embora dinâmico nos sabores, leite é leite) num recipiente muito, digamos, anatômico, de repente vem alguém - o mesmo alguém que vinha te colocando para mamar todos estes meses - e decide enfiar alguma coisa - uma coisa doce, mas ao mesmo tempo ácida, molenga, laranja, esquisita - na boca, e com um objeto de plástico frio. Ou então, pior ainda, querer dar um líquido que parece mas não é leite num recipiente que parece mas não é peito.
É preciso paciência e tempo, um bocado dos dois, para seguir o ritmo dos bebês quando o assunto é começar a comer. No meu caso o jeito foi desencanar (sabendo, claro, que meu filho não passaria fome desde que continuasse sendo amamentado exclusivamente e em livre demanda) e esperar um pouco mais, com a consciência de que aquele momento mágico de partilha imaginado por mim provavelmente ainda demoraria bastante a acontecer.
quinta-feira, 31 de maio de 2012
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