sábado, 30 de junho de 2007

Cuscuz (couscous) verde e amarelo

Diferente do cuscuz que conhecemos no Brasil, feito de milho, o couscous ou cuscuz marroquino é feito de sêmola de trigo, assim como o macarrão. Quer dizer, trata-se de grãos minúsculos de massa que, como qualquer macarrão, incha quando cozido em água ou caldo. O bom do cuscuz marroquino é que você pode cozinhá-lo apenas cobrindo com água ou caldo fervente e deixando descansar por uns 15 minutos, fora do fogo mesmo. Ele absorve o líquido e dobra de volume a olhos vistos, é uma beleza!

Eu já experimentei colocar de um tudo no couscous: tomates cereja, pimentão assado, azeitonas, milho, cubos de frango, cenoura ralada, abóbora em cubos, grão de bico, queijo feta, enfim. Posso atestar que praticamente qualquer combinação está valendo. Com vegetais cozidos ou carne, pode ser servido como um prato de acompanhamento. Com vegetais crus, pode ser servido frio como salada. Eita trem versátil, né não?


Mas ultimamente me apaixonei por uma combinação que, sem querer, saiu com as cores da minha terra. Quando eu vi estavam lá o verde e o amarelo - o verde da abobrinha (aqui conhecida como zucchini) e o amarelo do pimentão amarelo e do milho. Tudo o que eu fiz foi preparar o cuscuz com caldo de frango (proporção um para um de massa e líquido) e deixar descansando numa tigela. Numa frigideira, coloquei uma abobrinha e um pimentão cortados em cubinhos pequeninos e passei na manteiga, somente até os vegetais ficarem macios. No final coloquei o milho e temperei com sal e pimenta do reino. Juntei tudo ao cuscuz, que a essa hora já estava prontinho e macio, acertei o sal e a pimenta e coloquei um generoso punhado de orégano seco.

Essa é minha atual combinação favorita de cuscuz marroquino. Servido com um franguinho ou salmão grelhado, fica uma delícia.

terça-feira, 26 de junho de 2007

Trufas de chocolate

Amanhã vamos fazer uma mais do que devida visita à nossa amiga Juliana, que teve bebê recentemente. Faz tempo que não a vemos, o que é uma pena pois Ju foi quem nos abrigou aqui quando chegamos e nos ajudou a passar pelas dificuldades de recém-chegados em terra estrangeira. Para presentear a bebê Alicia, compramos um CD com versões infantis de clássicos dos Beatles. Mas eu queria dar um presente mais pessoal, então criei coragem e resolvi fazer umas trufas de chocolate. Fazer trufas é fácil, o difícil é fazer o negócio parecer profissional, o que inclui encontrar uma embalagem bonitinha e à prova de calor.

As trufas nas forminhas

Para fazer as trufas, eu usei 250g de chocolate meio-amargo e 1/2 copo de creme de leite. Derreti os dois juntos em banho-maria, coloquei um pouco de mel e essência de baunilha. A receita original pede uma dose de licor, mas achei melhor deixar fora. Depois, deixei a mistura esfriar e coloquei na geladeira para endurecer (deixei de um dia para o outro, mas umas 2 horas já bastam). Depois enrolei as bolinhas e polvilhei com cacau em pó. Pode-se usar diversas coisas para cobrir as trufas (chocolate branco, castanhas picadinhas, açúcar de confeiteiro), mas eu acho o tradicional cacau em pó mais bonito, apesar de sujar os dedos de quem come. Aliás, li em algum lugar que o cacau em pó era usado para dar à trufa de chocolate uma aparência semelhante à da trufa de verdade (ou seja, era usado para imitar a terra na qual as trufas são encontradas).

Devidamente embaladinhas (menos a "modelo" que logo foi devorada pela cozinheira). Uma graça a caixinha, não?

Espero que as trufas sobrevivam ao transporte amanhã e façam sucesso entre os papais da Alicia. Não sei se competem com chocolates produzidos industrialmente, mas pelo menos foram feitas com muito carinho!

sábado, 23 de junho de 2007

matando as saudades




O gato, legítimo canadense que é, ficou curioso com a novidade...

sexta-feira, 22 de junho de 2007

Pasta puttanesca


Eu tento (repito: tento) não comer massa mais de uma vez por semana, até porque vira e mexe estamos sempre num restaurante italiano, mas se tem uma massa que eu gosto de fazer em casa é a puttanesca. Eu gosto porque o sabor é acentuado, alimenta e, se você for pensar bem, até que é light.

Novamente, devo dizer que não sei se essa receita é uma afronta às origens do autêntico molho puttanesca ou não. Já vi gente fazer com atum (né Gabinha) e outros bichos. Mas na minha receita eu coloco apenas as coisas que eu gosto porque na minha casa quem manda sou eu (bem, depois do gato sou eu). Então esses são os ingredientes que eu uso:

- spaghetti integral
- azeitonas pretas picadas
- alcaparras
- cebola roxa e alho cortadinhos
- tomate pelado em lata
- orégano
- pasta de anchovas

Nem posso dar as medidas porque fiz tudo no olho mesmo. Calcule a quantidade de macarrão, vá acertando os punhados de azeitona e alcaparras, e vá com calma nos temperos, provando sempre. Nessa que eu fiz ontem tiveram alguns upgrades: primeiro coloquei na panela com azeite as azeitonas, cebola, alho, e juntei uns tomatinhos secos cortados em pedaços; depois coloquei vinho tinto e deixei evaporar o álcool, só depois é que eu coloquei os tomates pelados e as alcaparras e deixei apurar. No finalzinho coloquei ainda um pouquinho de nada de pimenta calabresa. O sabor ficou ainda mais pungente, definitivamente not for the faint of heart.

quarta-feira, 20 de junho de 2007

Batatas, batatas, batatas

A revista Coup de Pouce está com um artigo interessantíssimo sobre batatas. Além de explicar sobre as diferentes variedades de batatas, como escolher, conservar etc., ainda traz dezenas de receitas que prometem. Dá para ver a maioria das receitas online, mas é en français.

segunda-feira, 18 de junho de 2007

The five-minute chocolate cake

True story: chego em casa meio-dia e o maridão, que passou a manhã a esmeirar-se para fazer um camarão ensopado, derruba quatro ovos que quase espatifam-se no chão. Não quebraram, mas precisam ser utilizados imediatamente ou então bye-bye. Pense rápido, Ludmila... uma receita que precise de quatro ovos, uma coisa fácil, que você possa fazer agora mesmo antes do almoço. Já sei! ainda ontem vi uma receita rápida e facílima de bolo no Tambouille, o site de receitas mais gracinha que existe.

A receita é altamente fácil e gráfica, mas para quem estiver em dúvida aqui segue uma traduçãozinha básica:

Derreter 125g de manteiga com 200g de chocolate meio-amargo. Na mesma panela, tire do fogo e coloque 200g de açúcar e deixe esfriar um pouco. Junte 4 ovos (a-ha!) e duas colheres de farinha de trigo e misture bem. Coloque numa forma untada com manteiga (eu coloquei em forminhas de muffin, e rendeu exatamente seis bolinhos individuais) e leve ao forno médio por 20-25 minutos, ou até que, em se colocando um palito de dente, ele saia quase limpo.

Et voilá! O bolinho de cinco minutos está pronto bem a tempo da sobremesa...

Que ótima maneira de aproveitar uns ovinhos, hein...

domingo, 17 de junho de 2007

Juliette, moi et chocolat

Ontem, depois de um passeio no parque Mont Royal fomos novamente à um dos meus lugares favoritos aqui: Juliette et Chocolat, uma casa especializada em chocolate em todos os seus estados (believe me), mas aonde tudo é delicioso; doces, salgados, bebidas, decoração, trilha sonora.



No verão, dá pra sentar no terraço olhando o movimento da rua Saint-Denis e tomando um smoothie violet (com berries, que se me lembro bem leva morango, framboesa e blueberries). Olha pra essa imagem e me diz se não dá água na boca?



A casa é especializada em doces, mas sempre que chegamos lá estamos morrendo de fome e terminamos pedindo um crepe salgado. A massa do crepe é feita com farinha de sarrasin (buckwheat em inglês), que não sei como se chama no Brasil, nem mesmo se é popular. Trata-se de uma farinha integral cujas fibras fazem você sentir-se menos culpada por todo o chocolate ingerido (risos). Como topping, claro, fui de pesto basilic, chèvre (eu já disse que estou viciada?) e nozes. Uma combinação perfeita.



Infelizmente, quando meu brownie triplo chocolate acompanhado por uma bola de sorvete chegou, esqueci-me de tudo, da hora, do mundo, inclusive de tirar a foto. Xinguem-me, eu mereço. Mas prometo que voltarei lá com a missão de tirar essa bendita foto...

sexta-feira, 15 de junho de 2007

Le goût de l'été

quinta-feira, 14 de junho de 2007

Cheese lover's paradise

O dia dos namorados ia passando em branco por aqui (afinal, o valentine's day é em fevereiro), quando meu amor me surpreendeu com uma simpática bandeija de queijos e vinhos para o jantar. Tinha emmenthal, gouda e havarti em pedacinhos, além dos meus favoritos brie, brie gorgonzola (a textura de um com o gosto de outro - invenção dos deuses) e, claro, chèvre. Tudo acompanhado por um bom vinho branco bem gelado, que a noite estava bem quente. Hummmm!

terça-feira, 12 de junho de 2007

Tapenade

Falando em paixão por azeitonas kalamata - a variedade grega, escura e carnuda, com um gosto inconfundível -, não há melhor oportunidade para aproveitá-las do que numa tapenade. Segundo minhas breves pesquisas pela Wikipedia, a tapenade é um condimento provençal, ou seja, proveniente do sul da França, onde é servido como tira-gosto espalhado sobre torradas. No mais, não sei se minha receita segue exatamente a receita original, mas garanto que é bem gostosa e fácil de fazer.

Aliás, assim como o pesto, a tapenade pode ser comprada pronta, mas é tão fácil de fazer que não vejo razão para não tentar - além do que, sai bem mais em conta. Então vamos lá! Você precisará de azeitonas kalamata (ou qualquer azeitona preta, mas aviso logo que o gosto não sairá igual, infelizmente there's no substitute for kalamatas), alcaparras, azeite de oliva extra virgem, pimenta, alho e pasta de anchovas.

A quantidade dos ingredientes vai depender da quantidade de tapenade desejada, mas a base de tudo, naturalmente, são as azeitonas. Para um punhado de azeitonas, eu uso duas colheres de café de alcaparras, um dente de alho e um pouquinho de nada da pasta de anchovas. Este último ingrediente é opcional, mas se até eu que não como peixe aprendi a apreciar a pasta de anchovas (que não tem realmente gosto de peixe, e em pasta ela desmancha-se no prato, servindo mais como um tempero), a leitora ou o leitor também podem usar sem medo algum.

O procedimento é simples: bata todos os ingredientes no processador (no machucador também pode funcionar, embora eu nunca tenha tentado), adicionando um fio de óleo para dar consistência de patê. Prove e acerte o tempero, adicionando mais do ingrediente de sua preferência - só não aconselho mesmo o uso de sal, pois as azeitonas, as alcaparras e a pasta de anchovas já são bem salgadinhas. Enjoy! Você acaba de fazer uma tapenade caseira que em nada ficará devendo às provençais.

Hum, I think I could be a hand model...

quarta-feira, 6 de junho de 2007

Oven fries



Batata frita - clássico em versão light

Uma das maiores transformações em minha relação com a comida é que, de uns tempos pra cá, tenho desenvolvido a preocupação de comer bem, comer comida saudável. Não se trata de fazer dieta, porque acredito que o corpo humano se rebela quando privado de certas necessidades, mas de manter uma alimentação balanceada, comer ingredientes de boa qualidade, se possível frescos, sem gorduras adicionadas ou conservantes. Hoje em dia até prefiro o sabor desses alimentos, apesar da má fama que eles geralmente têm - acredito mesmo que se você come algo sabendo que aquilo te faz bem, você come com mais gosto.

Agora, tem certas coisas que é difícil abandonar, né? No meu caso, batata frita encabeça a lista. Abro mão de qualquer fritura (principalmente deep-frying, que abomino), mas uma batatinha frita de vez em quando eu até que me permito - é o meu jeito de recompensar a mim mesma pelo esforço que venho fazendo para comer melhor. Felizmente, existem maneiras de adquirir o mesmo sabor e textura da batata frita sem a parte da fritura propriamente dita - minhas oven-fried potatoes estão aí de prova.

Tudo o que você precisa fazer é cortar as batatas em fatias grossas, com a casca e tudo se a casca for fininha, temperar com bastante sal, pimenta, orégano e alecrim (que aqui se chama romarin ou rosemary), um fiozinho de azeite de oliva de boa qualidade, deitar as fatias numa travessa anti-aderente e levar ao forno médio por 40 minutos. No meio do processo, lembre-se de virar as fatias para dourar dos dois lados. Fica extra-gostoso porque, sabendo que é light, você pode comer ainda mais :-P

segunda-feira, 4 de junho de 2007

Salade de chèvre chaud



Minha história de amor com o queijo de cabra é parte da minha história de amor com Montréal. Foi aqui que eu provei pela primeira vez a maioria das coisas que agora fazem parte da minha lista de ingredientes essenciais, e o goat cheese (ou simplesmente chèvre) certamente encabeça essa lista. Simplesmente não vivo mais sem ele.

Segundo minha (pouca) experiência, existem basicamente dois tipos de queijo de cabra: um mais consistente cuja textura se assemelha ao brie, e outro mais leve que pode ser usado como cream cheese ou como spread em pães e sanduíches. Os dois têm sabores bem distintos, mas ambos deliciosos.

Essa receita usa o goat cheese mais leve, que é ideal para pratos frios como saladas. A parte da salada propriamente dita é bem simples: folhas verdes, tomate cereja, azeitonas kalamata (outro ingrediente pós-Montréal do qual não abro mão), tudo regado com uma vinagrete comum (azeite, vinagre, sal, pimenta, mostarda dijon e um tantinho de mel).

Para fazer as bolinhas de goat cheese, o procedimento é parecido com qualquer empanado ou "milanesa", só que exige mais cuidado porque o queijo é realmente muito delicado. Primeiro, aconselho deixar o queijo no freezer por alguns minutos para facilitar o manuseio. Depois, corta-se o queijo em fatias (se ele espedaçar em suas mãos, o que é bem provável, faça bolinhas e finja que nada aconteceu), mergulhe cada fatia numa clara de ovo (não use a gema) e depois em farinha de rosca. Volte os pedacinhos empanados para o congelador por mais alguns minutos, porque depois de tanta pegação o queijo vai estar praticamente derretido.

O último passo é fritar ligeiramente num fio de óleo bem quente, por alguns minutos, segundos talvez, só o suficiente para que a farinha de rosca fique dourada sem o queijo derreter. E voilá! O quente do queijo e o crocante da casquinha ficam perfeitos com a salada, que pode ser servida como acompanhamento para um salmão, frango ou mesmo um sanduíche leve. Depois de provar esse goat chesse, cara leitora, sua vida jamais será a mesma, acredite.

sábado, 2 de junho de 2007

Risotto

Todo mundo sabe que fazer risotto não é difícil, mas exige muita paciência e dedicação do cozinheiro. Na primeira vez que tentei fazer um, Luiz ligou para o Brasil no meio do processo, e eu tive que abandonar um de meus mais queridos amigos na linha para mexer a panela, tamanha era a minha dedicação. (Rodrigo, que ficou - com razão - enfurecido por ter sido trocado por um risotto, um dia provará da iguaria e entenderá que foi tudo por um bom motivo...). Bem, hoje em dia eu sei que não precisa ter uma concentração dessas, e o risotto pode até ser pré-cozido em dia de festa para evitar que o host fique esquentanto o bucho na boca do fogão em pleno bundalelê. Mas também não se pode relaxar demais, porque quanto melhor mexido e atendido for, melhor o risotto.

Esse risotto é dos mais simples. Eu comecei fazendo com aspargos, mas logo troquei por ervilhas congeladas que considero combinar muito mais com o prato. A receita pedia por champanhe, mas usei vinho branco mesmo porque eu só bebo champanhe no ano novo (e olhe lá), portanto considero uma bobagem usá-lo numa receita dessas. As lascas de prosciutto dão um sabor salgadinho e uma textura crocante indispensáveis. No mais, pode-se adicionar o que quiser ao ristotto básico, como alho assado (uma delícia) ou queijos cremosos (brie e gruyère seriam minhas sugestões).



Para duas pessoas (como prato principal), você vai precisar de:

1 copo de arroz arbóreo
4 copos de caldo de galinha
1 colher de manteiga
1/2 copo de vinho branco
1/4 de copo de parmesão ralado
1 copo de ervilhas (use menos se achar muito)
1 échalotte (ou cebola branca pequena cortada em pedaços minúsculos)
2 fatias de prosciutto tostadas por 5 min. no forno até ficarem crocantes e quebráveis com as mãos

Preparo:

Todo risotto começa do mesmo jeito, e é só no final que se adiciona os ingredientes supérfluos. Numa panela ao alcance das mãos, bote para esquentar o caldo de galinha e mantenha aquecido. Noutra, refogue a échalotte ou cebola num fio de azeite. Depois acrescente o arroz, refogue mais um pouquinho e coloque o vinho branco. Mexa até que o líquido tenha evaporado quase por completo. Daí você coloca um copo do caldo de galinha no arroz e mexe sem parar até o líquido evaporar, depois outro copo e assim por diante, até o caldo acabar e o arroz estar cozido. Esse processo deve durar uns 20 a 30 minutos. O arroz deve estar macio, cozido, e envolto em seu próprio creme - que não deve ser nem muito molenga, nem muito seco, mas depende do gosto do freguês. Na reta final, adicione as ervilhas congeladas, a manteiga e o parmesão. Uma pitada de pimenta vai bem, já o sal ficará por conta do prosciutto que vem em lascas por cima do risotto já pronto.

Estréia

Bem, depois de quase transformar nosso Fotoblog num caderno de receitas, eu finalmente tomei vergonha na cara e resolvi criar um blog de comida propriamente dito. Aqui só entram receitas, acessórios de cozinha, sonhos de consumo, restaurantes e coisas de comer.

Antes de mais nada, devo dizer que toda e qualquer incursão minha no mundo da cozinha é feita com a maior das humildades e reverências àqueles que cozinham por profissão. Não tenho nenhuma pretensão profissional, e devo confessar que há três anos eu não sabia sequer fazer um arroz branco. Então, tudo o que passar por aqui é fruto de muita curiosidade, vontade de aprender, ou fome mesmo. Mais nada além disso.