Pois bem. Quem acompanha este blog sabe que eu venho tentando vencer meus principais preconceitos gastronômicos, pelo menos aqueles mais superficiais (continuo sem comer crustáceos e banana, meus dois piores pavores culinários). Com ajuda do bom senso e inspiração de alguns livros, venho tendo sucesso. Michael Pollan e seu "Dilema do Onívoro", por exemplo, me fizeram gostar de cogumelos.
Agora foi a vez de Julia Child, que virou minha musa depois que eu li "My Life in France", que narra os anos que ela passou na França e durante os quais ela se apaixonou pela arte culinária. O mesmo aconteceu com a Julie Powell, cujo blog-que-virou-livro-que-virou-filme está para se transformar em fenômeno de audiência em algumas semanas. Apesar de não ter lido o livro da Julie (preferi ir direto na fonte), não me admira o fato dela ter encontrado em Julia uma grande fonte de inspiração.
Lendo a descrição da primeira refeição de Julia na França, é impossível não se deixar levar pelas sensações e sentimentos tão bem narrados no livro. Ao aportar em Rouen, capital da Normandia, Paul e Julia sentaram num restaurante simples e comeram uma refeição de ostras frescas, sole meunière, salada verde e queijos franceses. Anos depois, Julia ainda se referia a esta refeição como uma espécie de revelação culinária.
Foi essa descrição, junto com o poder de persuasão do meu marido, que me fizeram tentar reproduzir o sole meunière. Até então, o único peixe que eu encarava sem medo era o salmão, porque não tem aquele gosto de mar que me aterroriza tanto. No entanto, eu fiz algumas alterações na receita original, começando pelo peixe. Troquei o sole (não sei o nome em português, me desculpem) pela tilápia, que estava fresca no mercado, e troquei a salsinha pelo manjericão porque sim.
Para fazer o peixe meunière, você precisa de leite e farinha de trigo para empanar, quatro colheres de sopa de manteiga (esta é uma receita de Julia Child, afinal), sal e pimenta, suco de meio limão amarelo, duas colheres de sopa de alcaparras picadas grosseiramente e um punhado de salsinha ou manjericão picados.
Passe os filés de peixe no leite e depois na farinha, que deve ter sido previamente bem temperada com sal e pimenta do reino. Sacuda para tirar o excesso de farinha e coloque os filés para dourar numa frigideira com uma colher de manteiga e um fio de azeite, por não mais que três minutos de cada lado. Reserva o peixe quando estiver dourado dos dois lados e coloque o restante da manteiga, as alcaparras picadas, o suco de limão e as ervas. Quando a manteiga estiver derretida e dourada, verta sobre os filés de peixe e sirva em seguida.
Devo admitir que qualquer coisa envolta nesse molho de manteiga e alcaparras estaria deliciosa, mas o peixe tinha uma textura especialmente agradável, macio e suculento por dentro e crocante e dourado por fora. Comemos com salada verde, arroz e batatas assadas no forno. "Our first lunch together in France had been absolute perfection. It was the most exciting meal of my life", diz o livro. Agora eu sei porque, Julia.
quarta-feira, 29 de julho de 2009
Meu primeiro peixe (Tilápia meunière)
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9 comentários:
Oiii! Acompanho suas receitas ha um tempo, mas nunca me manifestei. Essa receita me deixou com agua na boca!!
O sole é o nosso linguado.
bjs,
Mari
Veja quanto tempo vc perdeu, sem comer esta delicia....mas, como nunca é tarde p/ se aprender, vc ainda tem muito tempo pela frente para degustar não so este linguado, como outros tipos de peixes.
A foto ficou linda e certamente, o peixe, uma delicia.
Beijos, da sua mami
Que legal ! Você irá amar se aventurar com outros peixes. Experimente o robalo.
Ai, que cara boa!!!! :oPPPP
Ficou com uma carinha ótima!!! Amo alcaparras, vou experimentar!
Beijos, Angie
Sabe que eu não gostava de bananas e quando casei por causa do meu marido e minha sogra, começei a comer e hoje tem todo dia...que bom vc começou a comer peixe...depois um camarão...
bjs,
Paula
oláá!
gostaria de saber para quantas pessoas este prato rende!
obrigada!
Olá de Portugal! Sole = solha, um peixe achatado relativamente comum na Europa. Tirando as espinhas laterais, só tem mesmo a espinha central e vértebras bem visíveis que não se desprendem da espinha central. O sabor é muito agradável sem ser tão gorduroso nem de sabor exageramente intenso como o salmão; obviamente sendo chato não dá para cortar em postas.
Ai, adorei, vou fazer!
Mas me diz uma coisa, amiga, esse limão amarelo é o que heim? Limão siciliano? Beeeeijos
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