Histórias de fracasso na cozinha não costumam render bons posts com fotos lindas, mas nem por isso devem ser privadas de existência. Afinal, os fracassos costumam nos ensinar muitas coisas, na cozinha e fora dela. Aconteceu comigo numa receita que vinha maquinando há dias, de um prato indiano de frango cozido com especiarias e um molho cremoso à base de tomate e manteiga clarificada (butter chicken), muito popular nos restaurantes indianos do ocidente.
Não temos restaurantes de comida indiana em Salvador, portanto me surpreendi com o fato de ter achado todos os ingredientes no mercado, até especiarias como o garam masala e sementes de cardamomo (caríssimas, por sinal). Interpretei isso como um sinal a meu favor. A única coisa relativamente complicada foi o iogurte grosso pedido pela receita, mas dei um jeito. Comprei um coador de café e coloquei um pote de iogurte natural dentro. Coloquei então o coador suspenso sobre um copo dentro da geladeira. No dia seguinte, o líquido estava todo no copo e o iogurte dentro do coador estava na textura certa. Mais um bom sinal.
No dia programado, segui o passo a passo da receita ao pé da letra, com uma obediência exemplar. Comecei então a perceber que a receita não era muito precisa, especialmente no momento do cozimento. A minha grande dificuldade com culinárias exóticas (para mim) está no fato de eu não poder confiar nos meus instintos, não poder corrigir a receita ali, na hora. Logo vi que não ia dar certo, mas não sabia o que fazer. O molho não estava numa consistência boa e em nada lembrava a linda foto do livro, muito menos o sabor da minha memória.
Continuei, resignada, a esta altura já certa do fracasso. Comemos - ou melhor, o marido o fez com muita educação, porque eu não consegui. Mas também não fiquei triste. Uma das muitas coisas que aprendi com os livros e vídeos de Julia Child é que, na cozinha, não se deve pedir desculpas jamais. Errar é muito normal, até os melhores chefs erram eventualmente. Mas pedir desculpas só chama atenção para o erro, e isso não ajuda em nada. O importante é seguir adiante, jogar tudo fora e começar de novo.
Em tempo: a receita veio de um livro sobre comida indiana com fotografias belíssimas, mas agora desconfio seriamente se não se trata de um daqueles livros mais válidos pelo aspecto decorativo do que pelas receitas. Não tenho mais interesse em testar outra receita dele, mas certamente procurarei em outras fontes.
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2 comentários:
Vou tentar pensar assim daqui pra frente. Fico arrasada quando erro uma receita!!!
Bom post. Boa sorte na próxima tentativa.
Olá Ludmila, cheguei agora ao seu blog e não poderia concordar mais com seu texto! Já estou te seguindo!
Beijos e parabéns!
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