Estreou no FoodTV daqui uma nova série chamada "O desafio das 100 milhas", na qual seis famílias de uma cidade canadense vão consumir apenas produtos produzidos localmente - num raio de 160 kilômetros - durante cem dias. A princípio eu achei a idéia genial, uma forma de conscientizar as pessoas a comer mais produtos locais, aprender de onde vem a comida e construir uma relação mais próxima com ela, mas depois de ver o primeiro episódio eu já fiquei preocupada com algumas coisas. A principal delas é o radicalismo.
As famílias que entraram no desafio eram bastante diversas: algumas sabiam cozinhar e apreciavam um bom vinho francês, e outras achavam que carne vinha do supermercado e nunca haviam ido à feira. Mas todas sofreram com o choque de ter que cortar seus alimentos favoritos, e eu não sei se choque é uma ferramenta válida para educação. Mas como é reality TV, tinha que ter o sensacionalismo dos caras jogando caixas e caixas de comida fora, com close nos rostos das crianças chorando desesperadas com a falta dos doces. Tenho medo que, ao invés de conscientizar, desafios como este afugentem mais as pessoas e terminem tendo um efeito contrário.
Eu sou partidária do movimento "locavore" e de seus benefícios, que incluem: consumir melhores produtos (principalmente frutas e verduras), mais maduros e que não sofreram com transporte nem poluíram o meio ambiente, alimentar e valorizar a economia local e obedecer ao ritmo natural das estações, mesmo que isso signifique não comer tomates da Costa Rica em pleno inverno. Sou a favor de iniciativas como o CSA (community supported agriculture) e ferramentas como esta que ajudem as pessoas a trocar o supermercado pela feira livre sempre que possível.
Mas não vejo como isso pode ajudar no que diz respeito a produtos que foram desenvolvidos, ao longo de muitos anos de industrialização, justamente para serem transportados e vendidos para todos os cantos do planeta. Não estou falando apenas de alimentos processados, mas de grãos, sementes, azeites, produtos secos, conservas, temperos, fungos etc. Afinal, no mundo globalizado de hoje em dia, a idéia de cortar relações com o resto do planeta e só consumir produtos locais - o que implica em abrir mão de coisas essenciais como pimenta, sal e café - me parece retrógrada, além de pouco prática em grandes escalas.
Eu acredito em moderação. Não desejo nem para o meu pior inimigo uma vida sem chocolate e azeite de oliva de boa qualidade.
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2 comentários:
Concordo completamente com você. Por enquanto ando tentando comer produtos sazonais e estou resistindo à tentação de comprar frutas importadas, por exemplo. Agora, num país em que o tomate só tem gosto em dezembro e se for orgânico (ainda assim, só de algumas fazendas), eu não estou pronta para abdicar do meu tomate italiano em lata, principalmente se a alternativa for molho nacional, mas cheio de porcarias... Não tem jeito: desde o começo da civilização povos dependem uns dos outros para estarem abastecidos de itens básicos como os que você citou. Agora todo mundo pode esperar a época dos morangos, certo? Para quê a pressa? :)
Beijos!
'Reality show' são sempre bem esquisitos. Esse então, parece mais um tropeço a um acerto. Mas na verdade escrevo pra dizer que fiquei morrendo de vontade de comer esse brunch maravilhoso que você mostrou no post abaixo. Infelizmente, desconheço esse serviço aqui na província soteropolis, rs. Se bem que eu gosto de um bom café nordestino, mas um brunch é um brunch e ponto.
Brócolis assado minha mãe faz com ricota, fica bem saboroso. às vezes, ela mistura brócolis com couve-flor, fica ótimo tb.
E outra coisa: seus biscoitos de café com chocolate são o máximo!!! Fiz pra dar de Páscoa a uns queridos juntamente com umas bombinhas de chocolate de massa choux, receita tb tirada daqui, e uns cookies de chocolate com castanha de caju 'para o mais analfabeto dos cozinheiros' que encontrei no blog de Ana Elisa. Fez mais sucesso que o tradicional ovo de páscoa! Adoro seu blog, Lud. Sempre me inspira. Principalmente a comer bem =)
Beijos! Mande beijos pra Luiz.
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