sexta-feira, 31 de agosto de 2007

Imagens do mercado

O mercado Jean-Talon é, segundo fontes oficiais, o mais importante da América do Norte. É grande mesmo, bem organizado e cheio de variedades. Além das frutas e verduras locais, encontra-se queijos e carnes da melhor qualidade, frutos do mar, pasta fresca e outras guloseimas, como doces árabes, sucos feitos na hora (raridade por aqui), salsichões, kebabs e por aí vai. Eu gosto de ir só para olhar a fauna e tirar fotos das comidas mais exóticas, pois no dia-a-dia sou fiel à feira que tem aqui perto de casa e tem tudo o que eu preciso.





quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Você conhece a Physalis?


Essa frutinha aí tem este nome meio esquisitão, mas por aqui ela é conhecida como cerise de terre. Ela vem embrulhada nessas folhas secas, olhando de fora nem parece que tem algo tão docinho, lisinho e suculento dentro. Andei lendo que era tradicional do Norte e Nordeste do Brasil, mas eu nunca tinha visto antes. Estou fascinada por ela, que parece uma berry, mas na verdade vem da família dos tomates, que também são frutas sim senhor.

El Sombrero

Semana passada tivemos duas péssimas experiências com restaurantes mexicanos na mesma noite, as quais relatei aqui. Determinados a não desistir, insistimos na procura pelo mole perfecto mas, dessa vez, fizemos uma extensa pesquisa antes de sair de casa. Armados de críticas em jornais, colunas em blogs especializados e indicação de amigos mexicanos, fomos ao El Sombrero, um pequeno restaurante mexicano perdido em plena Little Italy.

Não sei se por já estar meio calejada depois da última experiência, mas não botei fé no dècor extremamente simples do local. Felizmente, nos levaram para os fundos onde havia uma varanda bem agradável. O dia estava lindo. Pedimos uma cerveja, e as coisas começaram a melhorar já pelos nachos servidos com um molho picante delicioso.

A quesadilha que pedimos de entrada era diferente de tudo o que já vi. Aspecto de calzone, só que frita como um pastel, e cheia de queijo ranchero derretendo na boca. Sentimos que estávamos finalmente no rastro de uma comida legítimamente mexicana.

Luiz pediu tacos Cochinita Pibil, que consiste numa carne de porco marinada, assada e desfiada, simplesmente deliciosa. Me amarrei no detalhe tão delicado das cebolinhas cor-de-rosa no pratinho de barro.

Eu, é claro, pedi as enchilhadas de pollo con mole. É o que dizem, third time's a charm. Estava perfeito: o molho na consistência certa, as tortilhas fofinhas e macias, e a carne do frango branquinha do jeito que eu gosto. Pena que, a esta altura, eu já estava meio tonta e errei o foco da foto. Mas dá para ver como eles capricham na apresentação dos pratos, não dá? O que, para mim, é fundamental, já que também comemos com os olhos.

Resultado: El Sombrero é o tipo de restaurante que me agrada. Serviço simples, mas apresentação dos pratos impecável. Menu enxuto e moderno. Preço justo, decoração sem frescuras, serviço atencioso. Ah, e comida maravilhosa (e autêntica). Agora que eu já sei aonde ir para matar meu desejo de pollo con mole, sou uma pessoa completa novamente.

terça-feira, 28 de agosto de 2007

Vida de foodie

A discussão filosófica sobre o que significa ser louco por comida é assunto recorrente em muitos dos blogs que freqüento. A Fer Guimarães Rosa se pergunta porque ela não cansa de falar de comida, e porque nem sempre sua obsessão é partilhada pelos interlocutores. Já o David Lebovitz tenta explicar a um amigo parisiense o significado do termo foodie, algo como "viciado em comida". O termo inglês me agrada bastante, embora não tenha conseguido encontrar um equivalente adequado para ele em português. É um sinônimo mais humilde e simpático dos “gourmet” e “gourmand” da vida, palavras francesas que, por isso mesmo, carregam um certo ar esnobe – eu, por exemplo, jamais me referiria a mim mesma como “gourmande”, mas até que gosto da idéia de ser “foodie”, mesmo sabendo que se trata basicamente da mesma coisa.

Mas o que vem a ser isso mesmo? Todo mundo gosta de comida boa, ou pelo menos todo mundo tem que comer, não é mesmo? Não é bem assim. Tem muita gente que come por obrigação, porque precisa mesmo, sem sequer prestar atenção na origem dos ingredientes. Tem gente que gosta de comer bem em ocasiões especiais, mas não liga muito para o dia-a-dia. Tem gente que vive em dietas super-restritas e só come as mesmas coisas sempre. E tem gente – a maioria, acredito – que até gosta de comer bem, mas não tem tempo, paciência ou interesse em saber mais sobre o assunto.

Já o foodie tem na comida um hobby, uma paixão, uma filosofia de vida (afinal, comida tem a ver com tudo nessa vida). É como colecionar selos, só que comestíveis. Para muita gente, ficar entusiasmado com uma visita à feira pode parecer pura maluquice. Assim como tirar fotos e descrever minuciosamente cada refeição para publicar num blog. Ou colecionar receitas, comprar acessórios de cozinha pela internet e esperar ansiosamente por meses até que eles cheguem. Ou atravessar cidades, países, continentes em busca de uma comida desejada. Mas o foodie vive para essas coisas e, acredite, há quem diga que eles são mais felizes.

O que tenho percebido de melhor neste vasto universo dos amantes de comida é que tem espaço para inúmeras vertentes de foodie, dos mais descompromissados aos mais hard-core. Na minha opinião, o foodie mediano é aquele que mostra um pouco de interesse por cada etapa do processo: da origem dos ingredientes até o preparo, passando por técnicas básicas de culinária, armazenamento e apresentação dos pratos. É claro que tem gente que leva uma coisa ou outra mais a sério, mas eu acredito em manter um certo equilíbrio saudável em tudo. Pelo menos eu tento.

Salada de abobrinhas grelhadas

A câmera está cheia de fotos e a cabeça cheia de idéias, mas tive que dar uma parada na atualização do blog para cumprir prazos enlouquecedores na universidade. Porém, como até acadêmicos estressados têm que almoçar, não resisti e tirei uma fotinha deste prato, salada, não sei bem, feito com as abobrinhas que trouxe da feira Jean-Talon.

1 - Corte duas abobrinhas pequenas em fatias grossas
2 - Bote para grelhar em grelha bem quente (pode ser na churrasqueira) até ficarem marquinhas e a abobrinha amolecer (atenção para não amolecer demais).
3 - Tempere as abobrinhas grelhadas com sal, pimenta, azeite do bom, manjericão. Eu botei uns pedacinhos de queijo de cabra, mas não combinou muito não. Da próxima vez vai sem, ou então com queijo feta que deve combinar melhor.
4 - Enjoy the last days of summer.

sexta-feira, 24 de agosto de 2007

Esta loja não é para os desastrados

Quincaillerie Dante, loja de apetrechos domésticos em Little Italy.

quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Fritatta de salmão defumado e orzo

Antes

Eu tinha umas fatias de salmão defumado na geladeira implorando para serem usadas. Queria fazer um quiche, mas a preguiça + vontade de comer algo mais leve me levaram a esta receita de fritatta, que é uma espécie de omelete de forno. De quebra, ainda usava o resto do orzo que eu tinha sobrando. O único problema é que a receita original era com frango cozido, mas como todos os ingredientes combinavam igualmente com salmão, achei que podia substituir sem problemas. Quando vi, tinha mudado quase tudo na receita original, o que me deu um certo orgulho pois acredito que a capacidade de adaptar receitas de outrem é digna dos mais habilidosos. No final, acredito que tenha ficado ainda melhor do que com o frango, mas quem sabe? Só tirando a dúvida numa próxima oportunidade.

Depois

Vou publicar a receita original com as adaptações feitas entre parêntesis, assim quem quiser pode seguir uma ou outra, ou ainda criar sua própria.

Ingredientes (serve 4):

3/4 xícara de massa orzo
6 ovos
1/3 xícara de ricotta fresca
1/4 xícara de creme fraiche (usei sour cream)
2 peitos de frango cozidos e cortados em cubinhos (usei salmão defumado, umas 5 fatias)
4 cebolinhas cortadas em pedacinhos
1/4 xícara de salsinha (usei manjericão)
1/3 xícara de pimentão vermelho assado (usei 1 tomate)
1 colher de chá de sal
pimenta do reino a gosto

Pré-aqueca o forno médio. Cozinhe o orzo em água fervente até ficar al dente, uns 8-10 minutos, depois escorra e passe água fria para interromper o cozimento. Numa vasilha, quebre os ovos e bata-os com a ricota e o sour cream até a mistura ficar homogênea, depois acrescente o orzo, o salmão defumado, o manjericão, a cebolinha, o tomate e o sal e a pimenta. Despeje a mistura num pirex raso e leve ao forno por 25 minutos. A fritatta vai crescer um pouquinho e ficar dourada em cima. Deixe esfriar um pouco e corte em fatias. Ela fica incrivelmente macia por dentro, mas um tanto enjoativa se servida pura (o ideal é servir com uma salada verde). Ou então sou apenas eu que não consigo comer muito ovo.

quarta-feira, 22 de agosto de 2007

Rôtisserie Mavi

Frango assado na brasa é uma especialidade portuguesa, e o que não faltam aqui são rôtisseries lusitanas. Só que o melhor "poulet portugais" da cidade fica a poucos metros da nossa casa, how lucky are we. Temos que nos controlar para não irmos diariamente à Mavi, onde a simpática dona Maria sempre nos recebe com um sorriso, assim como a brasileira Gabi, que trabalha lá há quase dois anos. De vez em quando não resistimos ao cheirinho que nos pega bem no meio do trajeto mercado-casa e damos uma paradinha.


O restaurante é pequeno e tem aquela atmosfera de família, mas sem ser esculhambado. Também, para nós há algo de reconfortante em falar português em locais públicos de vez em quando. O engraçado é que logo ali, na rua paralela, tem uma outra rotisserie que faz parte de uma mega rede estilo fast food. Tenho pena de quem vai lá esperando comer um franguinho assado gostoso sem saber que logo ali do lado tem uma opção muito melhor, mais barata e saudável. É que a Mavi é um lugar simples, meio escondido e, confesso, prefiro que continue assim.

A sorridente dona Maria, proprietária, é quem comanda a brasa. O restaurante ainda serve outros pratos típicos portugueses, como chouriço, sardinha e pastel de nata, mas o frango é o carro-chefe.

O segredo deste frango, além da brasa e da dona Maria, é um molhinho de pimenta escandalosamente gostoso e top-secreto. Em segundo plano, mas não menos gostosas, batatinhas fritas na hora...

Detalhe do guaraná com rótulo escrito em português de Portugal.

terça-feira, 21 de agosto de 2007

A melhor salada caesar

Eu adoro salada caesar, mas detesto quando peço em restaurante e ela vem nadando no molho, com a alface já murcha, coitada. Molho pronto então, passo longe. E aqueles bacons secos, que mais parecem de plástico? Eca. É um prato tão simples e fácil de fazer, não entendo como muitos lugares pisam na bola.


Como qualquer salada ou prato cru, o principal segredo é a qualidade dos ingredientes. Não pense que vai fazer o mesmo efeito comprando aquele parmesão pré-ralado porque não vai. Só fica bom se você usar o verdadeiro parmesão italiano, um azeite honesto, alface fresquinha, croutons saborosos e crocantes. Pode parecer frescura, mas se você não vai alterar a constituição dos ingredientes através do cozimento, faz sentido que eles tenham o melhor sabor possível, não faz? E o preço muitas vezes elevado termina valendo a pena, pois é melhor investir um pouco mais num produto confiável do que arriscar e pôr todo o prato a perder (uma lição que eu só aprendi com o tempo).

O tradicional molho da salada caesar eu já ensinei aqui. O resto é simples: folhas de alface romana cortadas em pedaços, croutons crocantes e mais um punhado de parmesão ralado na hora. O bacon eu dispenso, mas se quiser usar, fique à vontade. Bon apetit!

Milho verde cozido

Com um pouquinho de sal e manteiga, não preciso de mais nada.

domingo, 19 de agosto de 2007

Cooking with flowers

sábado, 18 de agosto de 2007

Frango à romana

Eu como frango quase todos os dias da semana. Não reclamo, eu gosto de verdade, mas às vezes até eu enjôo do frango grelhado ou desfiado na salada do dia-a-dia. Quando isso acontece, frango à romana geralmente é a minha solução, pois continua sendo leve, mas também é muito saboroso e fácil de fazer.

Você vai precisar de:

- Quatro pedaços de frango - podem ser dois peitos e duas sobre-coxas, ou quatro peitos, como quiser (eu prefiro a carne branca do peito). O importante é que sejam sem pele mas com o osso
- Um primentão amarelo e um laranja
- Uma lata pequena de tomate pelado
- Duas ou três fatias de prosciutto cortado em pedacinhos
- Dois dentes de alho cortadinhos
- Meio copo de vinho branco
- Meio copo de caldo de galinha
- Sal e pimenta a gosto
- Uma colher de sopa de tomilho (fresco ou seco - se seco, use menos)
- Uma colher de chá de orégano (idem)

Tempere os pedaços de frango com sal e pimenta. Corte o alho, o prosciutto e os pimentões em tirinhas e reserve. Leve um fio de azeite de oliva à uma panela grande e esquente em fogo médio; doure o frango dos dois lados e depois tire da panela e reserve. Na mesma panela em fogo médio, coloque os pimentões e o prosciutto, depois o alho e deixe cozinhar por uns três minutos.

Depois coloque o vinho, o tomate e as ervas. Raspe o que tiver grudado no fundo da panela. Nessa receita realmente não faz diferença entre usar as ervas frescas ou secas, já que elas cozinham por bastante tempo - basta lembrar que, se for usar as ervas secas, deve-se usar menos pois elas são mais fortes. Coloque o caldo de galinha, volte o frango para a panela e deixe em fogo baixo, tampado, por mais ou menos vinte minutos. Depois acerte o sal e a pimenta e, se quiser, acrescente alcaparras e salsinha fresca.

Sirva com arroz branco e farofa - o que, claro, não tem nada de romano mas descobrimos aqui que complementa muito bem. O frango fica super macio pois cozinha dentro desse caldinho delicioso que se forma na panela. É o tipo da receita que fica ainda melhor se feita de véspera, e pode-se facilmente aumentar a quantidade de frango para servir mais gente, bastando para isso aumentar também a quantidade de líquidos (vinho, caldo de galinha e o caldinho do tomate em lata).

Minha novela mexicana

Ontem eu acordei com um desejo incontrolável de comer frango com mole, aquele molho mexicano que leva mil e um ingredientes, de pimenta até chocolate. Quando a noite chegou resolvemos ir ao La Iguana, um restaurante que, apesar de caro, tem o melhor frango com mole que eu já comi na minha vida. Só que o restaurante só vive cheio, e ontem não deu outra: sem reservas, só tinha mesa do lado de fora, na beira da rua mesmo. Ficamos, pois o desejo só estava aumentando uma vez que eu já estava lá.

Assim que sentamos, porém, percebemos algumas mudanças. Primeiro, os preços que já eram salgados estavam ainda mais exorbitantes. Tudo bem, desde que eu tenha o meu mole. Mas o menu também havia mudado. Agora o frango com mole vinha sem os tradicionais acompanhamentos, que deviam ser pedidos separadamente e cada um tinha um precinho mais descarado do que o outro. A essa altura eu já não estava mais com paciência nem vontade de gastar num prato que eu sabia que não ia ser igual ao que estava impresso em minha memória. Os donos devem ter mudado, e no lugar daquela atmosfera familiar mexicana de antes, havia gerentes com walkie-talkies e garçonetes querendo empurrar drinques carésimos goela abaixo. Fomos embora, mas não sem antes sermos gentilmente obrigados a pedir algo por ter ocupado a mesa e lembrados da gorjeta da garçonete (por sinal, essa cultura da gorjeta por aqui dá assunto para outro post). Nunca havíamos presenciado um serviço tão impessoal e ruim aqui em Montréal. Saímos de lá ultrajados, com fome e - o pior - eu sem o meu mole.

Foi aí que eu lembrei de ter lido na coluna de comida do jornal sobre um restaurante recém-inaugurado não muito distante dali que cumpria a promessa de servir a autêntica comida mexicana, sem essas frescuras dos restaurantes high-end. Eles hão de ter frango com mole, pensei, e para lá nós fomos. Era o outro lado da moeda, mas o outro lado MESMO. O exato oposto do restaurante onde estávamos há poucos minutos, me senti no mundo bizarro do Superman. O restaurante estava entregue às moscas. Tevê ligada e as garçonetes (leia-se família do proprietário) assistindo novela. Decoração feita de recortes de papel colados a esmo nas paredes.

Tudo bem que a crítica dizia que o lugar era extremamente casual, mas aquilo ali já era demais para o meu gosto. Mas pelo menos parecia ser limpo e honesto. E tinha o frango com mole, por 10 dólares a menos do que o outro restaurante. Vamos lá, coragem, pensei, e pedi. Infelizmente, a comida não compensou pelo aspecto low-profile do lugar. O frango era pequeno (daí o preço tão baixo), o mole estava doce demais e como acompanhamento um arroz muito do sem graça. Voltamos para casa sob uma chuva iminente (detalhe: andamos de moto) e com o ânimo lá em baixo. Na mesma noite, presenciamos dois restaurantes mal-sucedidos, cada um com problemas opostos aos do outro. O que um tinha de menos, o outro tinha de mais, e nenhum proporcionou o que queriámos. Uma pena, pois provavelmente não vamos voltar nunca mais em nenhum dos dois.

Fui dormir pensando no mole do La Iguana de outrora, uma porção bem servida de frango com aquele molho delicioso, acompanhado por um arroz vermelhinho e uma salada de dar água na boca, com endívias, queijo feta e chips de plantaine. Agora ele só existe em minha memória, pelo menos enquanto não achamos o perfeito restaurante mexicano.

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

Salada de orzo

Já eram sete horas, e eu procurava uma saladinha para acompanhar as brochettes de frango que havíamos comprado no português. Resolvi usar o orzo para fazer uma salada de macarrão diferente. O orzo é um macarrão pequenino em formato de arroz, ideal para colocar em saladas, sopas ou qualquer lugar que peça uma massa bem miúda.

Cortei tomatinhos cerejas, azeitonas pretas, cebola roxa e improvisei um molho misturando ricotta fresca com molho pesto pronto e azeite de oliva. Misturei ao macarrão cozido al dente e passado na água fria para baixar a temperatura. O molho ficou sensacional, cremoso da ricotta, com o sabor do pesto suavizado e melhor do que qualquer maionese por aí.

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Cervejas e companhia

Semana passada fomos a um bar/restaurante famoso pela variedade de cervejas: mais de cem, importadas do mundo inteiro. Cerveja nunca foi minha bebida preferida, mas ultimamente tenho descoberto umas variedades que podem até me fazer mudar de idéia. Prefiro as escuras e mais doces, tipo a Guinness, Malzbier e etc., mas o clima de Salvador não me permitia tomar sempre.

Curiosamente, no restaurante terminamos tomando quase só cervejas inglesas. Na foto, a Fullers que é de trigo e tem um gosto super amargo, e a Newcastle, minha preferida da noite: não tão escura e pesada quanto a Guinness, mas também muito saborosa. Eu tomei também uma McKenny's, cujo gosto era parecidíssimo com a Malzbier brasileira, só que melhor.

Foi interessante essa degustação de cervejas variadas, especialmente na companhia de amigos que são verdadeiros apreciadores da bebida. Dessa maneira dá para perceber bem mais as diferenças de sabor, cor, textura e intensidade. Se o preço não fosse tão salgado, acho que iríamos esgotar as cem variedades em algumas semanas...

terça-feira, 14 de agosto de 2007

News from the porch

Meu pé de tomatinho-cereja foi sepultado hoje. No fim de semana colhemos os últimos tomatinhos que, mesmo com as folhas já mortas, cresceram e amadureceram. Mas não mais. Nossa varanda não pega sol suficiente para um pé de tomates. Em compensação, os pezinhos de manjericão estão crescendo a olhos vistos, e já estamos podendo pegar umas folhinhas para cozinhar. Dá uma satisfação enorme ver essas plantinhas se desenvolvendo, eu que não conseguia cuidar sequer de um cactus.

Couscous no pimentão


O mesmo couscous de sempre, só que desta vez servi no pimentão ao invés de colocar o pimentão no couscous. Depois levei ao forno só para amolecer o pimentão um pouquinho e finalizei com amêndoas levemente tostadas. Ficou lindo, mas confesso que o efeito foi mais estético do que prático, e na hora de comer os grãozinhos espalharam-se todos pelo prato. Ficaria melhor numa festa, onde comer-se-ia só o couscous e o pimentão seria mesmo só um recipiente.

sábado, 11 de agosto de 2007

Torta de palmito


Desde que eu vi essa receita de torta de palmito no blog da Fer, fiquei com vontade de fazê-la. Depois descobri que a receita já foi testada aqui e aqui, ou seja, ela está rodando o mundo dos blogs de comida! E com toda a razão, pois o sucesso é garantido. A massa é incrivelmente leve e saborosa (e pode servir com milhares de outros recheios) e o recheio é delicioso, especialmente para quem ama palmito como eu.

Acho que foi a receita mais elaborada que já fiz até hoje, pois nunca havia feito massa de torta antes. Mas tudo correu surpreendentemente bem - consegui até fazer a parte de cima com as tirinhas de massa fazendo aquele xadrezinho charmoso. A receita está super bem explicada em qualquer um dos links mencionados acima, de maneira que nem vou repetir aqui. Escolha uma e se jogue!

sexta-feira, 10 de agosto de 2007

Olho maior que a barriga

A segunda parte do aniversário foi um jantar num bistrô que tem a seguinte promoção: após as 22h, o menu (entrada + prato principal + café) sai por 22 dólares canadenses. Uma barganha, em se tratando de restaurante francês. Tudo muito ótimo, mas só tem um detalhe: depois das 22h não se deve entupir a cara de comida, não é mesmo? Mas a morta a fome aqui esqueceu que já era trop tard e pediu logo um filézão com batatas. Isso depois de ter comido um pedaço enooorme de queijo de cabra com salada de entrada. A azia começou a atacar no meio do jantar mesmo. Faz tempo que eu não como carne vermelha à noite, especialmente depois das dez e depois de uma mega taça de Pinot Noir. A combinação quase foi fatal, mas eu não ia estragar uma noite perfeita de um dia perfeito por nada nesse mundo, e aguentei firme, me xingando por não ter pedido algo mais leve. Mas agora aprendi a lição. E começo a achar esse diabo dessa promoção meio traiçoeira.

Almoço de aniversário

Nada como ter um marido atencioso e sensível. Sabendo que eu andava estressada com prazos a cumprir e toneladas de textos a entregar na universidade, meu amor me surpreendeu com um almoço de aniversário (que foi apenas um dos presentes que ganhei). Quando eu cheguei em casa já estava tudo pronto, mesa posta e uma taça de vinho rosé me esperando. O cardápio era algo que eu nunca tinha comido antes: salada de lentilhas com filé de salmão. Muito gostoso. Quando ele me explicou a receita fiquei meio surpresa, pois me pareceu bem complicada, mas ele jura que foi tudo muito simples.

Salada de lentilhas com salmão

Ingredientes:

- 1 xíc. (chá) de lentilhas
- 4 xíc. (chá) de água fria
- 1/2 cubo de caldo de galinha
- 1 bouquet garni com 1 folha de louro, ramos de salsinha e tomilho
- 1 cenoura descascada e cortada em pedaços grandes
- 1 cebola grande, metade cortada em pedaços grandes e a outra metade, em cubos bem pequenos
- 2 dentes de alho
- 1 limão
- 1/2 colher (sopa) de mostarda
- 1/2 xíc. (chá) de salsinha picada
- 1/8 xíc. (chá) de vinagre balsâmico
- azeite de oliva, sal e pimenta-do-reino a gosto

Preparo:

Primeiro lave e deixe as lentilhas de molho por 1 hora. Terminado, escorra e em uma panela coloque as lentilhas, a água, o cubo do caldo, o bouquet, os pedaços de cenoura, a parte da cebola cortada em cubos grandes e leve ao fogo alto. Assim que ferver, (se precisar, retire a espuma que subir à superfície), abaixe o fogo e cozinhe por aproximadamente 15 minutos, até que as lentilhas estejam macias, mas inteiras. Retire a panela do fogo e escorra novamente as lentilhas, tirando todos os legumes e o bouquet. Reserve.

Em uma vasilha grande, misture bem o alho, o suco de limão, o sal, a pimenta-do-reino, a mostarda, o vinagre, a cebola cortadíssima e um pouco de azeite. Junte as lentilhas e misture bem. Prove e acrescente azeite até ficar ao seu gosto, depois deixe esfriar fora da geladeira por uns 15 minutos. Então, junte a salsinha picada e misture novamente. Deixe descansar na geladeira por pelo menos 1 hora antes de servir, adicionado mais azeite, sal e limão se necessário.

Apresentação:

O ideal deste prato é servi-lo sob uma salada verde e um filé de peixe. Na minha receita, usei um salmão grelhado, temperado com sal, pimenta e tomilho, e para a salada-verde fui de alfaces-romaines, com um vinagrete balsâmico (azeite, balsâmico, mostarda Dijon, sal, pimenta e mel). O prato é uma adaptação de uma deliciosa salada do restaurante Meridiano, em Salvador.

quinta-feira, 9 de agosto de 2007

Brigadeiro de festa


Quando eu disse antes que minha mãe não gostava muito de cozinhar, eu esqueci de mencionar que as poucas coisas que ela faz são simplesmente as melhores do mundo. Por exemplo, nunca houve um brigadeiro como o da minha mãe, que fazia inveja nas outras mães e raramente chegava às festinhas de aniversário sem antes ser devorado pelas três filhas chocólatras.

Fazer brigadeiro não tem nenhum mistério: uma lata de leite condensado, duas colheres de sopa de chocolate em pó (usei cacau em pó na falta do Nescau) e uma colher de manteiga. O segredo está em mexer bem na panela, em fogo baixo, até atingir o ponto que é quando ele solta do fundo da panela.

Mas a graça mesmo do brigadeiro está em lamber a panela, lambuzar as mãos de manteiga para enrolar as bolinhas, fazer aquela bagunça com o granulado e comer várias colheradas pelo caminho. É uma coisa que se faz em família. Então eu usei minha segunda lata de leite condensado para fazer este brigadeiro aí, pensando na minha mãe, como se ela o estivesse fazendo para o meu aniversário. Deve ter sido essa dose extra de amor e de saudade que fez com que ele tenha ficado tão bom...

segunda-feira, 6 de agosto de 2007

Torta de limão

O primeiro destino do leite condensado que eu comprei semana passada foi virar uma torta de limão refrescante para os dias de calor intenso que tem feito por aqui. A receita vem em três etapas bem simples e o resultado, mais uma vez, bota as sobremesas pré-fabricadas de alguns restaurantes no chinelo.

Ingredientes:

Para a massa de biscoito:

- 1 xícara e ¼ de farelo de biscoito – eu usei um biscoito chamado Graham crackers, que é o indicado para a receita e tem uma até versão que já vem em farelos, mas não sei qual seria o biscoito no Brasil. Alguém sabe?
- 5 colheres de sopa de manteiga sem sal derretida
- ¼ de xícara de açúcar

Para a torta:

- 3 gemas
- 2 colheres de chá de raspas de limão (reserve um pouco para decorar)
- 1 lata de leite condensado
- 2/3 de xícara de suco de limão

Para a decoração:

- chantili ou creme de leite fresco batido com açúcar
- mais raspas de limão

Primeiro faz-se a massa que deve esfriar antes de receber o recheio. Misture os farelos de biscoito, a manteiga e o açúcar e forre um prato de torta de 22 centímetros, pressionando bem para ficar numa grossura uniforme. Leve ao forno médio por 8 a 10 minutos, e deixe esfriar. Deixe o forno ligado.

Para o recheio, misture com uma espátula ou bata na batedeira as gemas com as raspas de limão até ficarem pálidas, em seguida misture aos poucos o leite condensado e o suco de limão, batendo até ficar tudo bem incorporado. Despeje a mistura na massa que já deve estar fria, e leve ao forno por 10 minutos ou somente até o centro ficar firme. Deixe esfriar novamente e depois leve à geladeira por no mínimo duas horas antes de servir. Na hora de servir decore com o chantili e as raspas de limão.

domingo, 5 de agosto de 2007

Almoço de domingo

O almoço de hoje foi inspirado pela aquisição de dois ingredientes novos: uma latinha de pimentas verdes de Madagascar e uma caixinha – tão miúda, uma preciosidade – de fios de açafrão.

As pimentas verdes de Madagascar eu já as tinha comido num restaurante francês super fancy, e quando vi uma latinha no mercado percebi que não eram tão exóticas assim. Trata-se do grão de pimenta antes do seu amadurecimento, quando ele vira pimenta preta ou branca. Por ser verde, o grão tem um gosto fresco que sobressai, e não é tão picante quanto parece. Usei para fazer um filé de porco com molho de pimentas verdes.

Já o açafrão, foi um presente do marido depois de inúmeras tentativas fracassadas de cozinhar com o açafrão em pó. É um daqueles casos em que o barato sai caro, pois comprei o troço em pó e não teve gosto de nada, de modo que tive que jogar fora. Mas o verdadeiro vale o investimento, até porque bastam alguns fiozinhos para se ter todo o sabor desejado. Usei para fazer um risoto à milanesa.

Para o porco:

Primeiro eu marinei o filé de porco num saco Ziploc com azeite, vinho branco, mostarda Dijon, sal, pimenta do reino, um dente de alho e um ramo de alecrim que já deu para tirar da minha hortinha. O ideal é marinar de um dia para o outro na geladeira, mas por algumas horas já basta. Lembrete importante: reserve o líquido do marinado quando for levar o porco ao forno.

Passei o filé numa frigideira bem quente com um fiozinho de azeite só para dourar. Depois a mesma frigideira foi ao forno médio por 30 minutos. O porco pronto foi para a tábua descansar, e a frigideira voltou ao fogo para fazer o molho. Juntei o liquido do marinado e mais um pouco do vinho branco, raspando o fundo da frigideira com uma colher de pau para deglaçar. Juntei uma colher de sopa de pimentas verdes e deixei reduzir até ficar grossinho. Não é um gravy, aquele molho grosso, mas um caldinho só para deixar o filé de porco molhadinho.

Para o risoto à milanesa:

O procedimento para fazer o risoto é o mesmo que já falei antes, o que o torna “à moda de Milão” é tão somente a adição do açafrão. Uma boa dica para tirar o máximo dos fiozinhos é adicioná-los ao caldo de galinha ou água usados para o cozimento do arroz. Assim o açafrão vai infundir o liquido quente e emprestar sua cor amarelo-profunda e sabor tão marcantes ao risoto.

sexta-feira, 3 de agosto de 2007

Olha só o que eu achei hoje


Aqui em Montreal tem ingredientes e produtos de todos os cantos do mundo, mas só recentemente foi que eu fui achar o leite condensado. Eu sempre via o leite evaporado, mas sabia que não era a mesma coisa (sem falar no oximoro que é comprar qualquer coisa evaporada, mas enfim...), até que encontrei umas latinhas do legítimo dando sopa no mercado. Deixa só eu parar de suar em bicas aqui que eu já tenho pelo menos duas idéias malignas para usar o "leite moça" canadense. Me aguardem!

Vinagretes e vinagreteiras


Eu amo minha vinagreteira. Amo. Ela tem uma pazinha interna que mexe todos os ingredientes, "emulsificando" tudo com um simples rodar da manivela. Ela tem uma boquinha que permite levar à mesa para servir a vinagrete. Ela é bonitinha, tem receitinhas impressas nas laterais e é baratinha, baratinha. A minha já está velha de guerra, mas quando estive no Brasil levei de presente para minha mãe, irmã, uma amiga que estava indo morar sozinha e uma pra Katita, já que considero uma mão na roda essencial para qualquer rainha do lar.

Com essa onda de calor que anda por aqui, com sensação térmica de 43 graus (nem em Salvador, hein...), só saladinhas mesmo. E um dos segredos para uma boa salada é uma boa vinagrete. O outro são os ingredientes - só usar os melhores, já que não se vai cozinhar nada. Mas voltando à vinagrete, segue uma receita básica que pode ser transformada de mil maneiras:

- Duas partes de azeite para uma parte de vinagre (esse vinagre pode ser vinagre de vinho tinto, branco, balsâmico, suco de limão ou de laranja, etc.)
- Sal e pimenta moída na hora
- Um fiozinho de mel
- Mostarda Dijon (uma colherzinha já basta)
- Erva fresca da sua preferência (manjericão, orégano, salsinha, etc.) - opcional

Uma outra vinagrete bem famosa por aqui é da salada César (que leva alface americana, croutons, bacon frito e bastante queijo parmesão). Essa é um pouquinho mais complicada e precisa de medidas mais exatas:

- Um dente de alho cortado em pedacinhos
- Duas gemas
- Meia colher de chá de pasta de anchovas
- Uma colher de sopa de mostarda Dijon
- Suco de dois limões
- Azeite de oliva
- 1/4 de xícara de parmesão ralado
- Sal e pimenta do reino à gosto

O procedimento, entretanto, é bem simples: misturar todos os ingredientes, acrescentando o óleo por último e mexendo vigorosamente para emulsificar. Se você não tiver uma vinagreteira bonitinha como a minha, pode usar um vidro com tampa e mexer loucamente como se fosse um coquetel. Se ficar grosso demais, pode-se acrescentar um pouco de água também.

quarta-feira, 1 de agosto de 2007

Tomatinhos exóticos

Comprei um pacote de tomatinhos exóticos na feira e fiquei catando uma receita para fazê-los. Decidi tentar a torta rápida de tomates da Fer, e o resultado ficou ótimo. Segui a receita à risca, só que na hora de fazer a massa não tinha farinha integral, então fui de buckwheat. Não devia ter inventado moda, pois a massa ficou meio farelenta (mas uma delícia - aquelas amêndoas, ai!). No recheio, usei meus tomatinhos, basílico, muzzarela, e incrementei com umas azeitonas pretas. Delish, como diria Jamie Oliver.

Lasanha de berinjela (do Luiz)


Meu marido não costuma ir pra cozinha com muita frequência, mas de vez em quando ele encasqueta com uma receita e não desiste até fazê-la. Foi assim que, há dois anos, ele conseguiu a proeza de fazer uma feijoada completa, em pleno Canadá, para 12 pessoas, num apartamento minúsculo e sem panelas grandes, sem nunca, jamais ter cozinhado um feijão antes em sua vida. Até hoje me pergunto como foi que aquilo aconteceu!

Voltando ao assunto, essa semana ele encasquetou que iria fazer uma lasanha de berinjela, um dos pratos preferidos dele e que comia sempre no Brasil. Como eu não me mostrei muito empolgada com a idéia, principalmente por conta do calor que está fazendo aqui nos últimos dias, ele foi lá e fez tudo sozinho novamente. E, novamente, o resultado ficou excelente - quer dizer, tirando a área de desastre que virou a cozinha depois do experimento...

A receita foi adaptada da moussaka da Faby, com algumas etapas a menos para facilitar o processo. Ele usou (para 2 pessoas):

- 1 berinjela grande cortada em fatias finas
- Carne moída (aprox. 400g)
- azeite, alho, cebola, sal, pimenta (para o refogado)
- 1/2 lata de molho de tomate pronto
- 1/4 xícara de vinho tinto seco
- Creme de leite diluído (ou leite)
- Queijo muzzarela ralado na hora

Antes de tudo, deixe as berinjelas cortadas de molho em água e sal por uma hora. Depois escorra e seque fatia por fatia com um pano ou papel-toalha. Em seguida, pincele azeite nas fatias e passe-as numa frigideira até dourar. É importante não usar muito azeite pois a berinjela absorve muito. Depois deixe escorrer em papel absorvente.

Para o recheio de carne moída, faça um refogado no azeite, alho, cebola, sal, pimenta. Depois acrescente o molho pronto e o vinho tinto seco. Deixa esse molho reduzir por uns 8 minutos.

Para montar, unte uma forma com um pouco de manteiga e intercale camadas de berinjela, carne moída e muzzarela. Após a última camada, que deve ser de quejo, para gratinar, coloque nos cantos um pouquinho de creme de leite diluído ou de leite, para não ficar com as pontas secas. Depois leve ao forno por uns 20 minutos e "that's it".