quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Iogurte "estilo grego" em casa


Não pude deixar de notar que, ultimamente, as gôndolas dos supermercados (e seus respectivos comerciais na televisão) foram invadidas pela "novidade" do iogurte estilo grego, que já é velho conhecido em outras partes do mundo. Trata-se de um iogurte mais concentrado, com maior teor de gordura e menos líquido que o tradicional. Delicioso e ótimo para fazer molhos mais encorpados.

O problema, como sempre, é que os industrializados vêm todos já adoçados e cheios de conservantes e outros aditivos impronunciáveis. Uma besteira, já que é tão fácil fazer o iogurte natural de todo dia virar um rico e cremoso iogurte "estilo grego" em casa.

Basta colocar o iogurte natural num paninho bem fino (eu uso um filtro de café que comprei exclusivamente para isso, mas pode ser uma fralda de pano limpa) e deixar dentro de um outro recipiente para conter o líquido. Deixe na geladeira de um dia para outro.

No dia seguinte, voilà, o líquido terá escorrido para o recipiente e o iogurte estará bem mais cremoso e concentrado. Quanto mais tempo ficar na geladeira, mais concentrado e gostoso ele fica. Você pode usar para fazer molhinhos de salada interessantes, misturar com limão e fazer creme azedo, substituir o cream cheese, ou comer como iogurte mesmo, misturado com frutas e um fiozinho de mel.


O da foto acima eu misturei com uma polpinha de morangos amassados para Marcel (da*****inho uma ova!)

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Peixe thai prático


Finalmente realizei um sonho antigo de cozinheira: fazer amizade com um bom peixeiro. Ainda não estamos íntimos, mas grudei com todas as minhas forças no funcionário mais simpático de um dos boxes da Ceasinha do Rio Vermelho, que tem me ajudado muito nesta tarefa complicada de comprar pescados de boa procedência em Salvador. Embora moremos numa cidade litorânea, a maioria dos peixes à venda por aqui é congelada e/ou vem de outras águas e sofrem muito com o transporte.

E eu, que não entendo lhufas dos nomes e espécies de peixes (há pouco tempo eu nem sequer comia peixe), sempre ficava perplexa diante da enorme variedade exposta nas peixarias da Ceasinha e terminava desistindo. Precisava de ajuda profissinal. Pois o senhorzinho simpático me indicou e eu prontamente levei para casa duas belas postas de pescada amarela, embrulhadas no jornal de ontem e fresquinhas como deveriam ser. No caminho vim pensando em mil maneiras de prepara-las.

No entanto, quando cheguei em casa vi que o tempo para preparar o almoço já estava curto e precisaria agir rápido. Nada de pesquisar receita nova. Decidi pegar uma receita de frango thai que costumo fazer e simplificar ao extremo. Fiz o seguinte: coloquei as postas num refratário de louça, temperei com suco de limão, sal, pimenta do reino e salsinha e cebolinha picadas. Numa vasilha, misturei um vidrinho de meio litro leite de coco com duas colheres de sopa de curry amarelo tailandês (uso um da marca Roland, que não tem conservantes nem msg), joguei por cima do peixe e enfeitei com fatias de tomates e castanhas. Trinta minutos de forno e a casa estava cheirando maravilhosamente bem.


Poucas vezes eu vi ou fiz um prato tão simples e de resultado tão impressionante, tanto no visual quanto no sabor - o peixe simplesmente desmanchou no molho que ficou picante, mas não muito, e extremamente saboroso. Comemos com arroz branco e a saladinha de pepino da qual falei aqui. Mal posso esperar por minha próxima visita à peixaria.

sábado, 20 de outubro de 2012

Salada oriental de pepino

Quando morávamos em Montreal, costumávamos frequentar um restaurante japonês que servia de entrada uma saladinha de pepino maravilhosa, à base de gengibre e óleo de gergelim. Tinha um gostinho de conserva bem suave, mas ao mesmo tempo era fresca e refrescante. Era a única ocasião em que via meu marido comer pepino com gosto, já que ele, ao contrário de mim, não é lá muito fã do (pausa para pesquisar se pepino é legume, verdura ou fruta) legume.

Já havia tentado replicar em casa o sabor daquela saladinha algumas vezes, sem sucesso. O gosto do gengibre ralado fresco era sempre forte demais. Até que um dia comprei um vidrinho de gengibre em conserva para comer com sushi, e tive um estalo - vou usar no molho da salada! Deu muito certo, já que o sabor da conserva do gengibre é bastante sutil, e contrastou com o frescor natural do pepino cortado em fatias bem fininhas. Adoro quando consigo reproduzir um prato de memória, ainda que com algumas pequenas diferenças...


Salada oriental de pepino


- Um pepino grande cortado em fatias bem finas (se ele tiver a casca grossa, convém descascar)
- Alguns pedaços de gengibre em conserva (neste caso, não recomendo usar o gengibre fresco)
- Uma colher de chá de óleo vegetal (qualquer um que não tenha gosto)
- Uma colher de chá de açúcar demerara
- Uma colher de chá de óleo de gergelim torrado
- Suco de um limão taiti
- Sal e pimenta à gosto
- Gergelim torrado para enfeitar

Pique as fatias do gengibre até virar uma pasta e joque num pilão com os óleos, o açúcar e o suco de limão. Macere com o socador até que tudo esteja bem incorporado. Misture ao pepino fatiado, tempere com sal e pimenta e deixe por alguns minutos (o pepino soltará líquido e transformará a pasta num molho). Fica bem como entradinha ou acompanhamento para pratos asiáticos/thai, etc.




terça-feira, 16 de outubro de 2012

Viajando com pimpolhos

Viajar com bebê que mama no peito é, além de gostoso, a coisa mais prática que existe – não precisa pensar em levar, esquentar, conservar, prato, talher, adaptação ao tempero local, nada disso. Quando os pequenos começam a comer comidinhas, a viagem demanda uma logística um pouco maior, mas nada desesperador. Recentemente passei uma semana em São Paulo com marido e filho de onze meses, e aproveitei para testar se era possível manter o guri numa comidinha caseira e saudável, sem recorrer a industrializados nem mudar muito sua rotina de refeições. É perfeitamente possível! Basta um pouco de organização antes da viagem e um tantinho de jogo de cintura durante.

Aqui pra você, N**** Meu potinho é outro!

Antes da viagem, fiz uma produção em massa de pratinhos para o almoço e jantar. Para o almoço (foto): arroz branco, feijão carioca, mandioquinha, abóbora e brócolis cozidos no vapor. Metade com frango desfiado e metade com carne de panela. Depois foi só congelar em porções individuais e colocar numa térmica no dia da viagem, que foi comigo como bagagem de mão.

Como o percurso era relativamente curto (2h de avião de Salvador a São Paulo, mais o trajeto do aeroporto para casa), não esquentei (rá!) com risco de descongelamento, mas acho que isso só seria motivo de preocupação se o trajeto fosse durar mais de 6h. Já passei o dia inteiro fora de casa carregando a comida dele congelada e não houve problema nenhum.

Ficamos em casa de parentes que nos cederam congelador e microondas, mas - a não ser que você vá para o meio do mato - qualquer hotel teria condições de fazer o mesmo (se não no frigobar do quarto, na própria cozinha do hotel). Chegando lá, só precisei comprar o que era mais perecível, como frutas, queijo e pão para o café da manhã. Inclusive, essa é uma ótima oportunidade para conhecer frutas novas, dependendo do destino da viagem e da estação do ano.

Comendo no Mercadão

Durante a viagem, fiz o que faço aqui quando vou para a rua: levei o pratinho dele congelado numa térmica pequena, junto com talheres, babador, copo, fruta para o lanche e/ou suco. Na hora da fome, é só pedir para esquentar no microondas do restaurante onde estiver (de novo, só se você for para um lugar muito remoto para isso não ser possível). Não se preocupe que ninguém dirá não a um bebezinho lindo com carinha de fome.

Marcel comeu no chiquérrimo bistrô do Olivier Anquier (onde esquentaram sua comida em banho-maria), no Mercadão Municipal, onde disputou o microondas com os famosos petiscos gratinados, e até na fila de espera do Mestiço, que estava lotado (fome de criança não espera, né). Em todos os lugares fomos tratados com muita atenção e carinho - ainda bem que a maioria dos garçons, gerentes, donos, maitres são também pais e mães.


Aproveitando a comida sensacional do Taormina

É claro que nem sempre deu tudo certo - em alguns dias Marcel estava com sono na hora do almoço e fez birra, em outros preferiu ficar só beliscando o pãozinho do couvert. Em outros, nem precisamos lançar mão da comida, já que ele curtiu experimentar dos nosso pratos. No restaurante italiano Taormina, por exemplo, fizeram um pratinho lindo especialmente para ele com nhoque artesanal e um mollho ao sugo delicioso, que ele devorou com suas próprias mãozinhas.

Aliás, a única coisa que não conseguimos replicar do que fazemos em casa é o baby-led weaning, pois - pelo bem das ruas roupas e do chão dos restaurantes - não poderíamos deixa-lo fazer aquela bagunça que ele normalmente faz ao tentar se alimentar sozinho.

No fim das contas, pode ter sido mais complicado do que viajar com um bebê de peito, mas foi também muito mais divertido! Eu fiquei muito satisfeita de saber que ele se adaptou bem às mudanças de ambiente, horário, cadeirões e tirou tudo de letra. Um dia ele saberá como isso é importante para nós...



Hum, deixa eu ver o cardápio...

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Muffin integral de banana para um aniversariante decidido


Não sei se foi coincidência ou um sinal da maioridade, mas desde que soprou a primeira velinha Marcel passou a rejeitar alguns alimentos que sempre(*) fizeram parte do seu cardápio, especialmente as frutas in natura do café da manhã. Come dois pedaços da pêra (ou maçã, banana, melão, mamão) e depois trava a boca. Foca o olhar bem no meu prato e solta o verbo naquele linguajar típico dos bebês, que eu traduzi livremente como: "mamãe, agora que estou cada vez mais capaz de mastigar e digerir os alimentos, já posso comer coisas mais incrementadas, né não?". Tá certo meu filho

O único problema é que, na minha opção por oferecer alimentos não-industrializados e não-adoçados, as opções de café da manhã ainda são um pouco limitadas. Já ofereci pão integral, que provocaram palminhas de alegria quando suas mãozinhas conseguiram levar os pequenos pedaços do prato à boca. Já ofereci iogurte natural batido com frutas e aveia, que também fez sucesso. O queijo frescal ainda provoca caretas, acredito que seja salgado para seu paladar (se já é para o meu... alguém aí sabe se existe versão sem sal, ou terei que partir para a produção caseira?).

A receita mais nova que testei com sucesso foi a destes muffins integrais de banana, que combinam perfeitamente a textura do pão que ele adora com o sabor e os nutrientes da fruta que não podem faltar, especialmente de manhã. Além de saborosos (o marido aprovou, já que eu continuo sem comer bananas), podem ser congelados e levados para o lanche fora de casa.

Não sei se ele gostou mais pelo sabor ou pela felicidade de conseguir se alimentar sozinho...


Muffins integrais de banana
(Receita adaptada do livro Super Natural Cooking, de Heidi Swanson)


Rende 12 muffins grandes

- 2 xícaras de farinha de trigo integral
- 2 colheres de chá de fermento químico
- uma pitada de sal marinho
- 1/4 de xícara de aveia em flocos (mais um punhado para polvilhar por cima)
- 6 colheres de sopa de manteiga sem sal em temperatura ambiente
- 3/4 de xícara de açúcar mascavo (usei metade açúcar e metade melaço de cana)
- 2 ovos orgânicos grandes
- 2 colheres de chá de extrato de baunilha natural
- 1 xícara de iogurte natural integral
- 1 xícara e 1/2 de bananas maduras amassadas (três bananas grandes)

Pré-aqueça o forno em temperatura média e forre uma forma para muffins com forminhas de papel. Numa vasilha, combine a farinha, fermento, sal e aveia. Na batedeira, bata a manteiga até ficar pálida e cremosa, adicione o açúcar, melaço, ovos, baunilha, iogurte e bananas até incorporar tudo. Junte os ingredientes secos somente até incorporar, cuidando para não mexer demais. Coloque nas forminhas, polvilhe com aveia se desejar e asse por aprox. 30 minutos, ou até que os muffins fiquem dourados. 

(*) SEMPRE, uma palavra tão absoluta, mas que na vida de um bebê quer dizer há apenas alguns meses. Será que só eu acho isso engraçado?

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Manteiga de ervas


Sabe aquele ramo de salsinha, coentro e/ou cebolinha que já está há alguns dias na geladeira, quase partindo desta para uma melhor? Joga fora não! Tire as folhas mais amareladas e coloque o resto para bater no processador com um punhado de manteiga, temperando com sal e pimenta do reino. Depois espalhe sobre um papel plástico e faça um charutinho. Voilà! Manteiga de ervas.



Coloque no congelador e esqueça, lembrando-se apenas na próxima vez que estiver apressada para fazer o almoço, e solte a imaginação. Serve para temperar frango assado, colocar em cima de um bom filé grelhado, dar uma vida à batatas ou qualquer outro legume cozido no vapor, e até fazer aquele pãozinho de alho do churrasco (contando que para este deve-se acrescentar alho, é lógico!). Taí uma dica muito prática (e com zero de desperdício) da qual tenho abusado ultimamente, especialmente quando tenho menos de uma hora para fazer o almoço com o pequeno agarrado às minhas pernas.


terça-feira, 24 de julho de 2012

A vida íntima das papinhas (parte 4)

Ou "o que aprendi com Dr. Carlos González"

As mamães mais antenadas devem conhecer o Dr. Carlos González, pediatra espanhol, autor de alguns livros sobre cuidados na primeira infância e fundador do centro de aleitamento materno lá na Cataluña. Ele é bastante conhecido por ir contra a corrente da modernidade (tanto que o subtítulo de um de seus livros mais conhecidos, "Besame Mucho", diz assim: "um livro que ensina a cuidar dos filhos como antes") quando o assunto é criar filhos - ou seja, em linhas gerais, ele defende a amamentação em livre demanda e prolongada, dar muito colo e carinho, dormir na mesma cama com os bebês, ter disponibilidade emocional e de tempo para a educação - e, por isso mesmo, é um tanto polêmico. Há quem defenda e goste muito e há quem discorde.

Eu particularmente gostei muito de tudo o que li, especialmente o livro "Mi niño no me come" (ainda não foi traduzido para o português, mas há uma comunidade no Facebook que traduz trechos), em que ele trata justamente da introdução de alimentos complementares e de eventuais problemas que ocorrem nessa fase pré-desmame. Sem querer fazer um resumo do livro, vou comentar apenas algumas coisas que me chamaram a atenção.

A primeira delas é que o Dr. González atribui todos os chamados "problemas" de alimentação a um desequilibrio entre a realidade do bebê (seu apetite, vontade, paciência, paladar) e a expectativa da mãe. Sim, porque toda mãe que diz que a criança "não come nada" está exagerando, caso contrário o rebento morreria de fome, não é? O fato é que as crianças comem mesmo (e devem comer) menos do que esperamos, especialmente na fase entre um e dois anos, quando começam a crescer menos rapidamente do que no primeiro ano de vida.

O que me leva ao segundo ponto, que para mim é fundamental, que é o respeito ao bebê (e posteriomente à criança). "Confie no seu filho, ele sabe do que precisa", diz o pediatra. Ele sabe muito bem mostrar se está ou não com fome, se gostou ou não do almoço. Afinal, todo bebê aprende muito rápido a fechar a boca e virar o rosto, mesmo quando coloca qualquer porcaria na boca. Cabe a nós ter paciência para ouvir e respeitar. Nós não ficaríamos muito chateados se alguém (a quem amamos muito) de repente teimasse em nos forçar a comer o que não queremos quando não estamos com fome?

Ele então propõe um exercício para as mães que acreditam que seus filhos não comem (mas que serve para todas): nada de forçar a comida, enganar, dar de comer na frente da televisão, usar comida como moeda de troca (castigo ou recompensa), comparar, subornar, usar estimulantes de apetite (que, pasmem, alguns pediatras até recomendam). Dr. González defende o que os americanos chamam de "baby-led weaning", algo como "desmame à cargo do bebê", ou seja, que o próprio bebê escolha o que, quando e quanto comer.

É preciso saber que essa filosofia, para um bebê que ainda não sabe sequer levar comida à boca, vai significar muita bagunça, comida espalhada por todo lado, alguns (vários) momentos de frustração quando ele não quiser comer nada e dúvida, muita dúvida. Mas também há momentos enriquecedores quando você vê que seu filho começa a participar da mesa e curtir de verdade as refeições em família. Nós vivemos para comer, e não o contrário.


Aos dez meses, Marcel adora segurar a comida com as próprias mãos - seja pedaços de pão, banana, macarrão, grãos de feijão ou floretes de brócolis - e levar sozinho à boca (às vezes com ajuda da mamãe, sempre de colher em punho)

quarta-feira, 4 de julho de 2012

A vida íntima das papinhas (parte 3)

Finalmente uma receita! Afinal, este blog é sobre comida e não sobre questões da maternidade, embora elas venham automaticamente na bagagem de quem se propõe a cozinhar para os bebês. A verdade é que, embora tenha me preparado, lido e separado muitas receitas e tabelas nutricionais, não tenho seguido nenhuma na hora de fazer as papinhas de Marcel. Mais um mito desconstruído, o de que conseguiria seguir e até elaborar receitinhas.

Em parte por falta de tempo e organização, em parte por ele ter um paladar um tanto seletivo, o fato é que tenho feito as comidas de maneira bem instintiva, usando a imaginação e o que tem na geladeira. Depois é só ver o que agrada e seguir daí, sem neura. Confesso que nunca segui à risca o manual da nutricionista, procuro apenas me certificar de que o prato dele esteja bem colorido e saboroso. Isso tem mudado minha relação com a cozinha de modo geral, tenho encarado as coisas com mais leveza e menos disciplina. Mais um aprendizado da maternidade...

Mas vamos voltar ao assunto? Das frutas, como já disse, nada supera a inimiga número 1 da mamãe aqui, a banana (já estou quase superando meu trauma de tanto que amassei banana nos últimos meses). Dos legumes, nenhum faz mais sucesso que o brócolis! Coisa que descobri por acaso, ao servir um creme de brócolis que havia feito para os adultos da casa, e da qual desde então tenho tirado muito proveito. Uso os talos e folhas para fazer um panelão de sopa verde para a janta, e as floretes são cozidas no vapor diariamente para o almoço. Nada de desperdício, ainda mais com o brócolis custando o olho da cara!



Papinha verde para um pequeno devorador de brócolis

- Uma cebola pequena e dois dentes de alho
- Talos e folhas de um brócolis médio
- Uma cenoura média (ou um pedaço de abóbora)
- Uma batata grande ou mandioquinha
- Uma folha de couve manteiga (opcional)
- Uma abobrinha pequena
- Salsinha e cebolinha a gosto
- Água ou caldo de frango ou legumes

Na verdade, não se trata de uma receita propriamente dita, já que os ingredientes podem ser trocados e/ou aumentados conforme o gosto (menos o brócolis, que deve ser o sabor predominante). O que muda aqui é apenas a técnica. No início eu refogava toda a comida do meu bebê em água, mas desde que ele fez nove meses recebeu um upgrade para o azeite, porque eu acreditei que o paladar dele estava pronto. Vai depender muito da criança.

Corte os temperos e refogue a cebola, alho, salsinha e cebolinha num fio de azeite. Corte os legumes em pedaços pequenos e junte aos temperos. Cubra com água ou caldo de galinha caseiro e deixe cozinhar bastante, uns quarenta minutos, ou até os legumes mais duros cozinharem por completo. Bata no liquidificador ou com mixer e acrescente uma pitada de sal e pimenta do reino, se quiser.

Rende um panelão, que eu como também (conserto o sal no meu prato) e congelo o que sobrou. Eu sirvo esta sopa desta maneira no jantar, mas se tiver que servir no almoço ou quiser dar uma encorpada acrescento uma colher de arroz integral ou macarrão cozido (depois de batida), e se quiser ainda mais proteína, junto um pouco de frango desfiado ou uma gema de ovo de quintal cozida.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

A vida íntima das papinhas (parte 2)

Pois bem, passado aquele período inicial em que o pequeno se recusou a aceitar o conceito de "comer" (fase bastante compreensível, diga-se de passagem), posso confiar que agora a coisa vai engrenar, certo? Claro que não! Como tudo o mais na maternidade, é preciso estar pronto para dar dois passos à frente, um para trás, ou três, ou quatro, o que for. Como me disse (rindo) uma enfermeira especializada em lactação para quem telefonei insistentemente nas primeiras semanas de vida do meu filho, "a maternidade é  uma coisa dinâmica"... Este deveria ser o lema de todas as mães de primeira viagem!

O segundo mito a ser desconstruído foi, portanto, o da progressão em relação à receptividade (e quantidade) dos alimentos. Ou seja, não é porque num belo dia ele devorou o purê de mandioquinha com cenoura e couve manteiga que no dia seguinte vai acontecer de novo. Não é porque comeu um bocado esta semana que vai comer ainda mais na próxima. Quer previsibilidade? Quer planejar a introdução gradual dos alimentos e montar o cardápio da semana inteira baseado nos nutrientes e cores de cada grupo? Esqueça!
 
É preciso estar preparada para as ocasiões mais imprevisíveis e estapafúrdias. Outro dia mesmo meu filho virou a cara para a papinha, mas demonstrou um interesse fora do comum pelo creme de brócolis que eu havia feito para mim mesma (com azeite, sal, pimenta, temperos, tudo). Não hesitei e deixei o pequeno se empanturrar (e deste dia em diante passei a fazer a comida dele mais parecida com a minha, inclusive com uma pitadinha de sal, que a pediatra dele não me leia...).

Sei que essa imprevisibilidade pode ser bastante frustrante, especialmente quando o bebê recusa veementemente aquela comidinha linda que você fez com tanto carinho e atenção (e tempo!), ou passa dias inteiros sem querer comer nada sólido, só no peito (isso acontece com frequência com meu pequeno). Nessas horas é importante lembrar que ele não faz de propósito (dã!) e que não vai morrer de fome, desde que continue mamando bem*.

Mas também é bom que seja assim! Isso mostra que os bebês são pequenos indivíduos, e não pequenos robôs ou pequenas matérias levemente animadas. Eles têm dias de mais e menos fome, têm seus momentos de indisposição (sobretudo por causa dos dentinhos que costumam nascer neste período), e - o que para mim é mais fascinante - já têm também suas preferências. Marcel tem uma quedinha clara pelas frutas, e dentre elas escolheu AMAR logo a que eu mais detesto (acertou quem disse banana).

Tem prova de amor maior do que limpar essa carinha linda toda besuntada de banana?

* No próximo post falarei sobre o livro do Dr. Carlos Gonzalez (Mi niño no me come), que tem me instruído bastante sobre quanto os bebês realmente devem comer. 


quinta-feira, 31 de maio de 2012

A vida íntima das papinhas (parte 1)

Eis que o tão esperado momento da introdução dos alimentos complementares ao meu pequeno saltador chegou... quer dizer, já chegou há alguns meses, mas só agora me vejo com tempo e disposição para escrever sobre este assunto. Sim, porque ele é bem mais complexo do que parece!

A introdução dos alimentos tem sido, para mim, um exercício de paciência e desconstrução de mitos. O primeiro mito foi o das minhas projeções/imaginações relacionadas à idade da criança. É lógico que eu havia me preparado toda, imaginando como seria oferecer-lhe a primeira frutinha, sonhando com o momento mágico em que pudesse apresentar todos os sabores, texturas e aromas dos alimentos que eu mais gosto, pesquisando sobre os melhores alimentos para bebês e métodos de introdução dos mesmos. Fiz até um workshop sobre o preparo das comidinhas (assunto para outro post).

Só que o meu filho não curtiu muito não. Chegados os seis meses, ele ainda não sentava muito bem, apesar de já quase engatinhar. E bebê que não senta direitinho não come direitinho, porque convenhamos que é preciso uma coisa para fazer a outra, né não?! Começei então pelos líquidos - suquinhos e água -, que desciam todos por seu pescocinho duplo acompanhados por uma cara de surpresa e indignação. Praticamente o mesmo aconteceu com o mamãozinho papaia orgânico que eu ofereci alguns dias depois.

Era claro que ele ainda não estava preparado. Queria mesmo era continuar no leite materno. Imaginem como deve ser louco: depois de tanto tempo mamando um alimento só (embora dinâmico nos sabores, leite é leite) num recipiente muito, digamos, anatômico, de repente vem alguém - o mesmo alguém que vinha te colocando para mamar todos estes meses - e decide enfiar alguma coisa - uma coisa doce, mas ao mesmo tempo ácida, molenga, laranja, esquisita - na boca, e com um objeto de plástico frio. Ou então, pior ainda, querer dar um líquido que parece mas não é leite num recipiente que parece mas não é peito.

É preciso paciência e tempo, um bocado dos dois, para seguir o ritmo dos bebês quando o assunto é começar a comer. No meu caso o jeito foi desencanar (sabendo, claro, que meu filho não passaria fome desde que continuasse sendo amamentado exclusivamente e em livre demanda) e esperar um pouco mais, com a consciência de que aquele momento mágico de partilha imaginado por mim provavelmente ainda demoraria bastante a acontecer.


quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Preparando a retomada

Com cinco meses, Marcel já brinca sozinho por tempo suficiente para que eu possa adiantar o jantar, preparar brownies para o lanche e pensar no almoço de amanhã. Nada de invencionices, só as receitas conhecidas e o rango simples do dia a dia, mas já consigo sentir que estou retomando as rédeas da alimentação aqui em casa. Bem agora que já começo a pesquisar e ler sobre a introdução de líquidos e sólidos na alimentação do pequeno, que não conhece nada além do leite materno. Mas já? Aquele bebezito pequeno que veio ao mundo há tão pouco tempo já está craque em brincar e interagir com as coisas e pessoas à sua volta. Já sabe virar, desvirar e pular aonde seus pezinhos encontram resistência. Já tem uma personalidade e tanta - inquieto, destemido, sorridente. O tempo passa rápido demais, minha gente...