quinta-feira, 15 de novembro de 2007

The good, the bad and the ugly

Enquanto os turistas comem nos restaurantes arrumadinhos da cidade - alguns dos quais oferecem menus diferentes para os ocidentais (e muito mais caros - quem manda não falar Mandarim?) - os chineses comem mesmo pelas ruas. Em todas as cidades por onde estivemos havia pelo menos uma grande feira livre onde vende-se - e come-se - de tudo.

(Barraca de noodles)

Um dos pratos que mais vi espalhados por cidades de norte a sul do país foram as batatas doces assadas que, juntos com o milho cozido, são os lanches preferidos dos chineses para a hora em que a fome aperta. Um tanto sem graça, a batata é vendida conforme o peso e temperada levemente apenas com sal.

(Carrinho de batata doce)

No quesito "comida de rua" há de tudo um pouco: barracas onde tudo é tão fresco que chega a estar vivo, e outras de higiene e aspecto bem duvidável. Entretanto, em geral é muito fácil separar os lugares bons dos ruins: basta seguir o aroma mais agradável e ir apenas nas barracas onde os locais estão (nota: chinês odeia pegar fila, então, se tiver gente fazendo fila pra comer, é porque o negócio deve ser do balacobaco mesmo).

(Restaurante de rua)

Em Xi'an foi onde vimos mais variedades de comida de rua, em parte pela influência muçulmana que, até hoje, é muito forte. Nos bairros muçulmanos as barracas e carrinhos de comidas, carnes, verduras e temperos concorrem em pé de igualdade com lojas e restaurantes "de concreto". Nessa ocasião tive que colocar meu Mandarim para trabalhar e até que consegui identificar algumas comidas.


Descobri, por exemplo, que esse enroladinho é feito de carne e chama-se "xiaoma niurou bing", e leva quantidades absurdas de menta e gengibre. A massa folhada é super leve mas, apesar de frita, provoca uma sensação refrescante na boca.


Já este bolinho é doce e recheado com uma pasta escura que, a princípio, não identifiquei. Daí o rapaz me falou que era "shizi" e apontou para um cacho de caquis. Mais uma palavra nova para o meu caderninho.

E, sim, na China come-se escorpião, grilo, cavalo marinho, rato, cachorro e outros bichos que nós consideramos exóticos. E não, não é por necessidade nem mania de esquisitice: muitas dessas criaturas são consideradas iguarias ou especialidades raras (salada de orelha de porco, por sinal, é um ítem caríssimo).

Mas enquanto minha cabeça processava, racionalizava e internalizava o fato de que tudo isso é cultural (se você pensar bem, camarões não são assim tão diferentes das aranhas e outros insetos...), não teve jeito de forçar meu estômago a experimentar nenhuma dessas comidas esquisitas. Também, não vai ser um grilinho esturricado no óleo que vai me fazer quebrar a distância que mantenho das friturinhas (há, essa desculpa foi boa).

(Espetinhos exóticos)

Mas o que deu pena mesmo, e até raiva, foi ver os animais domésticos e outros ameaçados de extinção assados ou enjaulados na porta dos restaurantes esperando a execução. Desses eu não tirei foto e fiz questão de manter distância. Acho um absurdo comercializar carne de animais em vias de serem extintos, mas tenho que entender que os chineses não são os melhores quando o assunto é o tratamento dos animais e do meio ambiente.

Um comentário:

Fer Guimaraes Rosa disse...

Lud, que experiencia fantastica! eu encarava todos os bolinhos, legumes, ervas, mas a parte dos animais... iria ser um grande problema. especialmente se eu visse um esperando pra ser esquartejado e virar ensopado. acho que teria uma crise histerica de choro. ja tenho problema ate quando vejo os peixes, as lagostas e carangueijos em alguns restaurantes... ;-/

beijao! :-)