Antes de começar a me interessar mais seriamente por comida, eu não sabia quem era Julia Child. Bem, isso agora mudou e não demorou nada para perceber que ela é uma espécie de figura mitológica entre os foodies. Numa pesquisa bem rápida, descobri que ela ficou conhecida por ter introduzido técnicas e receitas francesas à culinária norte-americana numa época em que ninguém mais fazia isso. Sua filosofia sobre a comida era que as coisas não precisavam ser tão complicadas quanto pareciam, e que todo mundo é capaz de fazer boa comida – slogan de dez entre dez celebrity chefs da atualidade, mas algo muito radical na sua época.
Ainda não coloquei as mãos nos dois volumes de “Mastering the Art of French Cooking” ou nos outros livros dela, mas já consegui os DVDs da série televisiva “The French Chef”, estrelada por Julia entre 1963 e 1973. Vendo estes episódios (os primeiros ainda são em preto e branco) eu me dei conta do quanto Julia estava à frente do seu tempo. Aquela senhora alta, com um sotaque engraçado, manejando carnes, panelas e facas com habilidade (e um certo ar desajeitado) poderia estar na televisão hoje em dia.
Aliás, para quem está acostumado a ver programas de receitas, assistir ao “The French Chef” é uma experiência única. O programa quase não tem mudanças de câmera nem cortes, o que o faz ser mais “duro” do que os programas atuais, mas ao mesmo mostra as coisas com muito mais realismo e naturalidade. E Julia é uma rainha da naturalidade. Ela faz bagunça como todo mundo, suja mil panelas ao mesmo tempo, joga os pedaços de batata que não lhe agradam fora, e não tem papas na língua (eu até me pergunto se em alguns episódios ela não andou tomando um vinhozinho antes...). Nada é ensaiado, e há momentos em que ela se atrapalha, divaga, dá risada. E os olhares que ela dá para a câmera ou para o backstage são impagáveis.
Mas além dessa figura simpática que faz você sentir-se à vontade como se estivesse com uma amiga na cozinha, ela sabe das coisas. Sua didática é excepcional, as receitas são clássicas e ela dá uma aula de história em cada episódio, sem chatices nem frescuras. Com ela aprendi a técnica de fazer omeletes e eu e Luiz fizemos as melhores omeletes que já comemos em nossas vidas. Com ela também aprendi a fazer uma batata gratinada cuja receita publicarei em breve. E já vi que com ela vou aprender ainda muita coisa sobre a vida.
domingo, 9 de setembro de 2007
Conhecendo Julia Child
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3 comentários:
o diz-que-disse que rolava pelas bocas de matildes era que a Julia bebia durante o programa, mas isso nao era verdade. o budget do The French Chef, produzido pela rede publica PBS, era tao infimo que nao dava pra nada. Paul, o marido da Julia, comprava os ingredientes com dinheiro do proprio bolso e o vinho que ela bebia era na verdade suco de uva, ou algo de cor semelhante. ;-)
Essa Júlia era uma figura...
Coleguinha! Através de vc, conheci a Julia Child's! Gostei mto do jeito dela de preparar os alimentos. As receitas são práticas e me parecem saborosos! Farei hoje a batata gratinada como vc ensina. Obrigada pelas dicas. Ah! Sua cozinha ficou linda! Amei seu blog! bjos! :0)
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