O segundo mito a ser desconstruído foi, portanto, o da progressão em relação à receptividade (e quantidade) dos alimentos. Ou seja, não é porque num belo dia ele devorou o purê de mandioquinha com cenoura e couve manteiga que no dia seguinte vai acontecer de novo. Não é porque comeu um bocado esta semana que vai comer ainda mais na próxima. Quer previsibilidade? Quer planejar a introdução gradual dos alimentos e montar o cardápio da semana inteira baseado nos nutrientes e cores de cada grupo? Esqueça!
É preciso estar preparada para as ocasiões mais imprevisíveis e estapafúrdias. Outro dia mesmo meu filho virou a cara para a papinha, mas demonstrou um interesse fora do comum pelo creme de brócolis que eu havia feito para mim mesma (com azeite, sal, pimenta, temperos, tudo). Não hesitei e deixei o pequeno se empanturrar (e deste dia em diante passei a fazer a comida dele mais parecida com a minha, inclusive com uma pitadinha de sal, que a pediatra dele não me leia...).
Sei que essa imprevisibilidade pode ser bastante frustrante, especialmente quando o bebê recusa veementemente aquela comidinha linda que você fez com tanto carinho e atenção (e tempo!), ou passa dias inteiros sem querer comer nada sólido, só no peito (isso acontece com frequência com meu pequeno). Nessas horas é importante lembrar que ele não faz de propósito (dã!) e que não vai morrer de fome, desde que continue mamando bem*.
Mas também é bom que seja assim! Isso mostra que os bebês são pequenos indivíduos, e não pequenos robôs ou pequenas matérias levemente animadas. Eles têm dias de mais e menos fome, têm seus momentos de indisposição (sobretudo por causa dos dentinhos que costumam nascer neste período), e - o que para mim é mais fascinante - já têm também suas preferências. Marcel tem uma quedinha clara pelas frutas, e dentre elas escolheu AMAR logo a que eu mais detesto (acertou quem disse banana).
Tem prova de amor maior do que limpar essa carinha linda toda besuntada de banana?
* No próximo post falarei sobre o livro do Dr. Carlos Gonzalez (Mi niño no me come), que tem me instruído bastante sobre quanto os bebês realmente devem comer.
Olá Ludmila,
ResponderExcluirParabéns pelo blog.
Seus artigos são muito bons e você escreve de uma forma gostosa, que dá vontade de continuar lendo.
Você tem perfil no Pinterest? Procurei você ou o seu site e não encontrei.
Parabéns pela bela família também.
Abraços
Oi Ludmila,
ResponderExcluirEstou impressionada com seus relatos! Não sabia que a reação DELES à introdução dos sólidos poderia ser tão complicada....a minha filha de 7 meses sempre aceitou tudo muito bem, thanks God, mas ainda assim continuo pesquisando sobre a alimentação dos pequenos. Quanta informação diferente/divergente já li por aí...no final das contas, procurei uma nutricionista. Mesmo assim, gostaria de saber se além desse livro mencionado no post, vc recomenda outros, além de blogs e sites?
Eu não dou conta de receber tanta dica de gororobas, tá difícil...
Um abraço solidário!